Brasília, 19 out -
A revelação de que o Brasil foi alvo da espionagem norte-americana causou uma
"sombra" na relação entre os dois países, e o país está ainda a
aguardar explicações, afirmou o assessor da Presidência para os Assuntos Internacionais.
"Estamos na
expectativa de que sejam dadas explicações e sejam feitas as correções
necessárias", afirmou o ministro Marco Aurélio Garcia, assessor para
Assuntos Internacionais da Presidência da República em entrevista concedida ao
sítio online brasileiro UOL.
O ministro admitiu
ainda que a questão pode afetar as negociações em curso sobre o programa de
compra milionário de caças militares que o governo brasileiro tem em curso, com
fabricantes dos Estados Unidos, França e Suécia.
"Há um ruído a
mais, mas essa é uma questão que, pela sua importância, cabe efetivamente à
comandante em Chefe das Forças Armadas, que é a presidente", afirmou
Garcia, a salientar que o maior interesse do Brasil é ter a garantia de que
terá o uso soberano dos equipamentos adquiridos.
O ministro recusou
ainda as críticas em relação ao fato de o Brasil não ter se protegido para
ataques cibernéticos desse tipo nos últimos anos, considerando que esse
argumento não pode ser utilizado para "relativizar" a gravidade da
espionagem.
"Vamos admitir
que não tivéssemos [o Brasil] tomado todas as providências necessárias para a
proteção, isso não pode ser utilizado com um argumento para relativizar a gravidade
de termos sido espionados, o governo, a presidente e a Petrobras", enfatizou.
Na opinião do
ministro, a espionagem, feita sob o protesto de proteção contra o terrorismo,
foi feita de maneira "global" e "abrangente", tanto com
fins políticos quanto econômicos.
"A ideia [dos
EUA] é saber tudo, sobre todos", opinou Garcia, a recordar que houve
espionagem inclusive da alegação que a delegação brasileira usaria no momento
em que tentou negociar a crise entre o Irão e os Estados Unidos, em 2010.
FYRO // PJA - Lusa
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