Porto, 19 out - Os
manifestantes que aderiram ao protesto convocado hoje pela CGTP, demoraram mais
de uma hora a passar a Ponte do Infante, numa marcha que culminou numa
concentração bem preenchida na avenida dos Aliados, no centro do Porto
No final da
manifestação convocada pela central sindical, contra a exploração e o
empobrecimento, João Torres, coordenador da União dos Sindicatos do Porto,
ainda antes de falar com os jornalistas, agarrou-se ao telefone, para
encontrar, do outro lado, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP: "Aqui
correu bem, e aí? Choveu? É para se habituarem, aqui não, mas, também aqui,
reza-se mais..."
A chuva não
perturbou os manifestantes no Porto, vindos um pouco de todo o norte do país
que, ao contrário do que se passou em Lisboa, puderam efetuar a pé o percurso
programado, com concentração na base da Serra do Pilar, fazendo a travessia da
Ponte do Infante e o percurso pelo centro da cidade, até à avenida dos Aliados.
No tabuleiro da
ponte, Marisa Ribeiro, de megafone em punho, ia marcando a marcha compassada,
ao som das palavras de ordem, que ocupavam toda uma folha A4, e que iam de
"Portas, Coelho e Cavaco são farinha do mesmo saco" até ao habitual
"CGTP - Unidade sindical".
Para o microfone da
Lusa, a manifestante afirmou que estava a "ser uma excelente jornada de
luta, bem precisa para os tempos e imposições do Governo". "São cada
vez mais os princípios de Abril que nos querem roubar mas nós não vamos
deixar".
Um pouco à frente,
com uma pequenina bandeira nacional, "com muitos, muitos anos", Ana
Maria confessava que era a primeira vez que participava numa manifestação.
"Felizmente trabalhava, mas, infelizmente, estou agora em casa a tomar
conta do meu marido. Tenho um filho com 37 anos desempregado há mais de quatro
anos, e não é considerado agregado, para nos roubarem", disse à Lusa, de
um fôlego.
Na marcha, o
vermelho da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical
Nacional (CGTP-IN) predominava, mas havia uma profusão de cores trazidas pelas bandeiras
e cartazes de diversos sindicatos, que iam dos Trabalhadores da Administração
Local, aos Bancários, da Hotelaria, aos Jornalistas.
Também havia
cartazes improvisados com as caras dos membros do Governo, outros estampados
com o Che Guevara e notas de humor como a de Carlos Silvano, que desfilava
trazendo pela mão um suporte onde dois "frascos de soro" lhe
administravam bacalhau e frango. "Isto não é doença é o meu almoço hoje,
já não tenho mais".
Trazia uma boina
"de operário", as "botinhas de quem serviu o país e não tem
nada", representativas de gente que "devia levar alguma coisa",
ao contrário de "quem andou a servir o país por interesses e não devia ter
nada", adiantou.
Nos Aliados, o
discurso coube a João Torres, que não poupou as críticas à proposta de Lei do
Orçamento do Estado para 2014, na defesa da Constituição e no ataque ao
Governo.
Em declarações, no
final, o coordenador da União dos Sindicatos do Porto considerou que tinha sido
"uma manifestação excecional", demonstrativa da "capacidade de
organização" da central sindical e que reforçou a "responsabilidade
da continuação da luta".
"Vamos ter de
insistir, porque o país não tem futuro com este tipo de governo", afirmou
João Torres, acrescentando que "o Orçamento do Estado vem dar mais força à
luta, porque é juntar mais veneno ao veneno que têm distribuído pelos
trabalhadores pelos reformados e pelos jovens".
DP/JYCR // MAG -
Lusa
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