sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Portugal – Cavaco: O CHARLATÃO MORA EM BELÉM

 

Introdução às cavacadas
 
É prática de qualquer charlatão que se preze dizer e desdizer sobre isto e aquilo ou aqueloutro. Mentir conforme o que considera conveniente para si próprio, para o momento, para o interesse do seu umbigo. Sem que constitua novidade recordamos que sujeito assim mora em Belém. Cavaco Silva de seu baptismo. Dizem que é Presidente da República. Se virmos com a devida atenção toda esta matéria que se segue relativa à dívida de Portugal e as declarações de Cavaco, se a isso juntarmos a prosa de opinião de Fernanda Câncio no Diário de Notícias (onde Cavaco se contradiz), que publicamos em título a seguir, facilmente ficamos a saber que o charlatão Cavaco Silva mora em Belém em acrescento aos charlatães do governo Passos-Portas que Cavaco apadrinha e protege com todas as suas forças e fé na senhora de Fátima dos banqueiros, todos em conluio com os interesses do grande capital, não de Portugal. Vide. (Redação PG –AV)
 
Cavaco Silva afirma que é “masoquismo” dizer que a dívida não é sustentável
 
Público – Lusa, em 02 outubro 2013
 
O Presidente da República questionou nesta quarta-feira a razão por que analistas e políticos dizem que a dívida portuguesa não é sustentável, considerando que essa atitude é "masoquismo".
 
"Surpreende-me que em Portugal existam analistas e até políticos que digam que a dívida pública não é sustentável", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas durante uma visita de Estado que está a realizar desde terça-feira à Suécia.
 
Sublinhando que os próprios credores, a Comissão, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Europeu dizem que "é sustentável", Cavaco Silva questionou por que são os próprios portugueses, que são os "devedores", que dizem que não é sustentável. "Só há uma palavra para definir esta atitude: masoquismo", disse.
 
Depois de na terça-feira ter manifestado a sua convicção de que Portugal não precisará de um segundo resgate, Cavaco Silva disse agora ter a ideia de que os parceiros dos portugueses preferem que, se o país "se comportar bem", o problema “seja resolvido no quadro do mecanismo europeu de estabilidade, porque os resgates têm sempre de ir aos parlamentos nacionais, discussões que não são fáceis".
 
Contudo, acrescentou, é necessário chegar ao fim do programa de ajustamento com "um cumprimento que mereça uma classificação positiva".
 
Quanto à oitava e nova avaliações da troika, que estão a decorrer, o chefe de Estado recusou especular sobre o resultado, argumentando que também não conhece qual será o "desenho" do próximo Orçamento do Estado.
 
"Devemos esperar para ver como é que vai ser percorrido um caminho que não será fácil até à aprovação do Orçamento e depois até ao mês de Junho de 2014", disse.
 
Nas declarações que fez aos jornalistas na quarta-feira à noite, Cavaco Silva recuperou ainda a ideia transmitida segunda-feira numa entrevista a um diário sueco de não existir "nenhuma razão histórica" para as obrigações do Estado português atingirem taxas de juro de sete por cento.
 
Salientando que proferiu essa afirmação de alguma forma inspirado pelo que consta no relatório da Standard & Poor’s e na declaração feita pelo ministro das Finanças da Alemanha de que os mercados são às vezes irracionais, o Presidente da República disse que se limitou a repetir a afirmação do governante alemão.
 
"De facto, não vejo nenhuma razão para que as taxas de juro das obrigações do Tesouro português a dez anos se situem ao nível em que se encontram neste momento, apesar de nos últimos dias terem descido", reiterou.
 
Contudo, acrescentou, não é possível saber se a descida da taxa de juro irá continuar.
 
A este propósito, o chefe de Estado voltou a deixar o alerta de que os mercados prestam atenção ao Orçamento do Estado, o documento em que o Governo apresenta a política económica e financeira que vai executar no ano em que termina o programa de ajustamento.
 
Ainda a propósito da situação do país, Cavaco Silva revelou que um dos pontos que insistiu nos contactos durante esta sua visita à Suécia foi a diferença que existe na fixação das metas do défice para Portugal e para a Irlanda.
 
"A meta fixada para Portugal neste ano de 2013 de défice é 5,5%, para a Irlanda é 7,5 por cento. Ou seja, o último ano de execução do programa irlandês. Para o próximo ano, a meta que está a ser sugerida é 4%, a meta fixada para a Irlanda é 5,1%", referiu.
 
Por isso, defendeu, é importante que a ‘troika', assim como a imprensa e os analistas internacionais vejam que a Irlanda "tem um nível de dívida pública que não é inferior a Portugal, que conseguiu um bom resultado em matéria das promissórias bancárias e que tem metas de défice que são superiores a Portugal, apesar de estar no último ano de execução do programa".
 
"Com certeza que existem razões para essa situação, a competitividade das empresas irlandesas, mas não se pode negar é o esforço que Portugal tem vindo a fazer, principalmente em termos estruturais para a redução do défice", acrescentou.
 
Economistas discordam de Cavaco sobre a sustentabilidade da dívida
 
Nuno Ribeiro – Público – 04 outubro 2013
 
Se as palavras do Presidente foram para influenciar a troika para o prolongamento dos prazos e para a redução dos juros, são bem-vindas para os especialistas. Mas a realidade da economia portuguesa é outra.
 
"Só há uma palavra para definir esta atitude, masoquismo", disse na quarta-feira, em Estocolmo, o Presidente da República, referindo-se aos analistas e políticos que afirmam que a dívida portuguesa é insustentável. Os economistas ouvidos pelo PÚBLICO discordam desta visão.
 
Num encontro com os jornalistas que o acompanharam na viagem de três dias à Suécia, o Presidente afirmou: "Surpreende-me que em Portugal existam analistas e até políticos que digam que a dívida pública não é sustentável." Cavaco Silva referiu que os credores - o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia - proclamam que a dívida portuguesa é sustentável. Pelo que Cavaco criticou que os devedores - os portugueses - afirmem o contrário. "Só há uma palavra para definir esta atitude: masoquismo", disse.
 
"É compreensível que o Presidente faça desta declaração, mas falar de masoquismo é completamente despropositado", comentou ao PÚBLICO Paulo Trigo Pereira, catedrático do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). "Afirmar que a dívida portuguesa é sustentável, tal como está neste momento, é um erro", acentuou, por seu lado, o economista Pedro Lains, investigador e coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
 
"A sustentabilidade da dívida depende de três variáveis - taxa de crescimento nominal da economia, taxas de juro a que nos financiamos e do saldo orçamental", explica Trigo Pereira. Os cálculos do especialista são claros: "Para se alcançar um rácio da dívida no Produto Interno Bruto razoável (abaixo dos 60%) e estável a partir de 2043, seria preciso que, passados cinco anos de redução do défice, a economia crescesse nos 25 anos seguintes em média 3,6% e que houvesse excedente primário de cerca de 5,5 pontos, assumindo juros a 4,5%." Um cenário que choca com a realidade e com o passado recente: nas últimas duas décadas, o défice primário de Portugal foi de 2,38%, ao arrepio do quadro de qualquer bonança.
 
"As palavras do Presidente são uma declaração política para acalmar os mercados que, no entanto, são indiferentes às declarações, quer sejam do Presidente da República ou dos comentadores", refere o catedrático do ISEG. "Os mercados analisam dados, os estados de alma só afectam marginalmente os mercados", conclui Paulo Trigo Pereira.
 
Compartindo a análise técnica - "formalmente, olhando para os números, um economista tem de dizer que a dívida não é sustentável" -, Pedro Lains encara as palavras de Cavaco Silva como uma intencionada declaração política. "O que tem de ser feito não deve ser chamado de reestruturação da dívida nem o é no sentido de que os credores ficam a perder", disse. "Se as palavras do Presidente são para influenciar junto da troika para o prolongamento dos prazose a redução dos juros, são bem-vindas", sublinha.
 
Aliás, em três discursos de Ano Novo (ver caixa), Cavaco Silva referiu-se à progressão da dívida. Em 2009, na época do Governo de José Sócrates, referiu-se, mesmo, ao "crescimento explosivo da dívida externa".
 

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