Introdução às
cavacadas
É prática de
qualquer charlatão que se preze dizer e desdizer sobre isto e aquilo ou
aqueloutro. Mentir conforme o que considera conveniente para si próprio, para o
momento, para o interesse do seu umbigo. Sem que constitua novidade recordamos que sujeito assim mora em Belém.
Cavaco Silva de seu baptismo. Dizem que é Presidente da República. Se virmos
com a devida atenção toda esta matéria que se segue relativa à dívida de
Portugal e as declarações de Cavaco, se a isso juntarmos a prosa de opinião de
Fernanda Câncio no Diário de Notícias (onde Cavaco se contradiz), que publicamos em título a seguir,
facilmente ficamos a saber que o charlatão Cavaco Silva mora em Belém em
acrescento aos charlatães do governo Passos-Portas que Cavaco apadrinha e protege com todas
as suas forças e fé na senhora de Fátima dos banqueiros, todos em conluio com os interesses do
grande capital, não de Portugal. Vide. (Redação PG –AV)
Cavaco Silva afirma
que é “masoquismo” dizer que a dívida não é sustentável
Público – Lusa, em
02 outubro 2013
O Presidente da
República questionou nesta quarta-feira a razão por que analistas e políticos
dizem que a dívida portuguesa não é sustentável, considerando que essa atitude
é "masoquismo".
"Surpreende-me
que em Portugal existam analistas e até políticos que digam que a dívida
pública não é sustentável", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco
Silva, em declarações aos jornalistas durante uma visita de Estado que está a
realizar desde terça-feira à Suécia.
Sublinhando que os
próprios credores, a Comissão, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário
Europeu dizem que "é sustentável", Cavaco Silva questionou por que
são os próprios portugueses, que são os "devedores", que dizem que
não é sustentável. "Só há uma palavra para definir esta atitude:
masoquismo", disse.
Depois de na
terça-feira ter manifestado a sua convicção de que Portugal não precisará de um
segundo resgate, Cavaco Silva disse agora ter a ideia de que os parceiros dos
portugueses preferem que, se o país "se comportar bem", o problema
“seja resolvido no quadro do mecanismo europeu de estabilidade, porque os
resgates têm sempre de ir aos parlamentos nacionais, discussões que não são
fáceis".
Contudo,
acrescentou, é necessário chegar ao fim do programa de ajustamento com "um
cumprimento que mereça uma classificação positiva".
Quanto à oitava e
nova avaliações da troika, que estão a decorrer, o chefe de Estado recusou
especular sobre o resultado, argumentando que também não conhece qual será o
"desenho" do próximo Orçamento do Estado.
"Devemos
esperar para ver como é que vai ser percorrido um caminho que não será fácil
até à aprovação do Orçamento e depois até ao mês de Junho de 2014", disse.
Nas declarações que
fez aos jornalistas na quarta-feira à noite, Cavaco Silva recuperou ainda a
ideia transmitida segunda-feira numa entrevista a um diário sueco de não
existir "nenhuma razão histórica" para as obrigações do Estado
português atingirem taxas de juro de sete por cento.
Salientando que
proferiu essa afirmação de alguma forma inspirado pelo que consta no relatório
da Standard & Poor’s e na declaração feita pelo ministro das Finanças da
Alemanha de que os mercados são às vezes irracionais, o Presidente da República
disse que se limitou a repetir a afirmação do governante alemão.
"De facto, não
vejo nenhuma razão para que as taxas de juro das obrigações do Tesouro
português a dez anos se situem ao nível em que se encontram neste momento,
apesar de nos últimos dias terem descido", reiterou.
Contudo, acrescentou,
não é possível saber se a descida da taxa de juro irá continuar.
A este propósito, o
chefe de Estado voltou a deixar o alerta de que os mercados prestam atenção ao
Orçamento do Estado, o documento em que o Governo apresenta a política
económica e financeira que vai executar no ano em que termina o programa de
ajustamento.
Ainda a propósito
da situação do país, Cavaco Silva revelou que um dos pontos que insistiu nos
contactos durante esta sua visita à Suécia foi a diferença que existe na
fixação das metas do défice para Portugal e para a Irlanda.
"A meta fixada
para Portugal neste ano de 2013 de défice é 5,5%, para a Irlanda é 7,5 por
cento. Ou seja, o último ano de execução do programa irlandês. Para o próximo
ano, a meta que está a ser sugerida é 4%, a meta fixada para a Irlanda é
5,1%", referiu.
Por isso, defendeu,
é importante que a ‘troika', assim como a imprensa e os analistas
internacionais vejam que a Irlanda "tem um nível de dívida pública que não
é inferior a Portugal, que conseguiu um bom resultado em matéria das
promissórias bancárias e que tem metas de défice que são superiores a Portugal,
apesar de estar no último ano de execução do programa".
"Com certeza
que existem razões para essa situação, a competitividade das empresas
irlandesas, mas não se pode negar é o esforço que Portugal tem vindo a fazer,
principalmente em termos estruturais para a redução do défice",
acrescentou.
Economistas
discordam de Cavaco sobre a sustentabilidade da dívida
Nuno Ribeiro – Público – 04 outubro
2013
Se as palavras do
Presidente foram para influenciar a troika para o prolongamento dos prazos e
para a redução dos juros, são bem-vindas para os especialistas. Mas a realidade
da economia portuguesa é outra.
"Só há uma
palavra para definir esta atitude, masoquismo", disse na quarta-feira, em
Estocolmo, o Presidente da República, referindo-se aos analistas e políticos
que afirmam que a dívida portuguesa é insustentável. Os economistas ouvidos
pelo PÚBLICO discordam desta visão.
Num encontro com os
jornalistas que o acompanharam na viagem de três dias à Suécia, o Presidente
afirmou: "Surpreende-me que em Portugal existam analistas e até políticos
que digam que a dívida pública não é sustentável." Cavaco Silva referiu
que os credores - o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a
Comissão Europeia - proclamam que a dívida portuguesa é sustentável. Pelo que
Cavaco criticou que os devedores - os portugueses - afirmem o contrário.
"Só há uma palavra para definir esta atitude: masoquismo", disse.
"É
compreensível que o Presidente faça desta declaração, mas falar de masoquismo é
completamente despropositado", comentou ao PÚBLICO Paulo Trigo Pereira,
catedrático do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). "Afirmar
que a dívida portuguesa é sustentável, tal como está neste momento, é um
erro", acentuou, por seu lado, o economista Pedro Lains, investigador e
coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
"A
sustentabilidade da dívida depende de três variáveis - taxa de crescimento
nominal da economia, taxas de juro a que nos financiamos e do saldo
orçamental", explica Trigo Pereira. Os cálculos do especialista são
claros: "Para se alcançar um rácio da dívida no Produto Interno Bruto
razoável (abaixo dos 60%) e estável a partir de 2043, seria preciso que,
passados cinco anos de redução do défice, a economia crescesse nos 25 anos
seguintes em média 3,6% e que houvesse excedente primário de cerca de 5,5
pontos, assumindo juros a 4,5%." Um cenário que choca com a realidade e
com o passado recente: nas últimas duas décadas, o défice primário de Portugal
foi de 2,38%, ao arrepio do quadro de qualquer bonança.
"As palavras
do Presidente são uma declaração política para acalmar os mercados que, no
entanto, são indiferentes às declarações, quer sejam do Presidente da República
ou dos comentadores", refere o catedrático do ISEG. "Os mercados
analisam dados, os estados de alma só afectam marginalmente os mercados",
conclui Paulo Trigo Pereira.
Compartindo a
análise técnica - "formalmente, olhando para os números, um economista tem
de dizer que a dívida não é sustentável" -, Pedro Lains encara as palavras
de Cavaco Silva como uma intencionada declaração política. "O que tem de
ser feito não deve ser chamado de reestruturação da dívida nem o é no sentido
de que os credores ficam a perder", disse. "Se as palavras do
Presidente são para influenciar junto da troika para o prolongamento dos
prazose a redução dos juros, são bem-vindas", sublinha.
Aliás, em três
discursos de Ano Novo (ver caixa), Cavaco Silva referiu-se à progressão da
dívida. Em 2009, na época do Governo de José Sócrates, referiu-se, mesmo, ao
"crescimento explosivo da dívida externa".
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