Pelo menos três
pessoas morreram hoje, depois de a polícia ter aberto fogo contra trabalhadores
da indústria têxtil em greve, na capital Phnom Penh, no segundo dia consecutivo
de violência.
"Há três
mortos confirmados, dois feridos e duas pessoas foram detidas pelas forças de
segurança", revelou o chefe da polícia municipal da capital Phnom Penh,
Chuon Narin, em declarações ao diário Cambodia Daily.
Os incidentes
tiveram lugar no complexo industrial da avenida de Veng Sreng, no distrito de
Pur Senchey, perto do local onde na quinta-feira uma unidade das forças
especiais do Exército dispersou, de forma violenta, um protesto de
trabalhadores, tendo sido detidas, pelo menos 15 pessoas, entre líderes
sindicais, operários e monges budistas, o que desencadeou diversas críticas.
Hoje, os
manifestantes, munidos de paus e barras de ferro, entrincheiraram-se atrás de
barricadas num dos subúrbios industriais da capital e lançaram pedras e
cocktails 'molotov' contra a polícia militar que respondeu com rajadas de
AK-47.
"Não podemos
permitir que bloqueiem a estrada. Temos que dissolver [o protesto]. Não temos
outra opção", disse o comandante da Polícia Militar de Phnom Penh, Roth
Srieng, ao mesmo jornal.
A violência na
capital cambojana estalou após ter terminado, sem acordo, uma reunião entre o
Governo e representantes sindicais sobre um aumento do salário mínimo, motivo
pelo qual os trabalhadores têxteis fazem greve desde a semana passada.
O executivo propôs,
esta semana, um aumento adicional de cinco dólares, face à oferta anterior de
subir o ordenado mínimo de 80 para 95 dólares (58,6 para 69,6 euros), no
entanto, os trabalhadores rejeitaram as propostas, pedindo um aumento até aos
160 dólares (117,2 euros) por mês.
A Associação
Cambojana de Fabricantes do Setor Têxtil denunciou os danos causados pelos
manifestantes em várias unidades fabris e recusou a oferta do Governo para
participar nas negociações até que seja garantida a segurança.
A organização acusa
ainda os sindicatos de provocar a violência e de condicionar as conversações
com ameaças.
"Queremos que
o Governo faça cumprir a lei e garanta a segurança. Não participaremos em
qualquer reunião até que a situação acalme", disse o secretário-geral da
associação, Ken Loo, em declarações ao telefone à agência Efe.
Segundo o porta-voz
da ala patronal, 85% das 500 fábricas do país, a maioria localizadas em
complexos industriais da capital, continuam encerradas devido aos distúrbios.
A indústria têxtil
e do calçado empregam cerca de 500 mil pessoas no Camboja, representando perto
de 95% do total das exportações do país.
Lusa
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