sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Camboja: Disparos contra trabalhadores têxteis em greve fazem três mortos

 


Pelo menos três pessoas morreram hoje, depois de a polícia ter aberto fogo contra trabalhadores da indústria têxtil em greve, na capital Phnom Penh, no segundo dia consecutivo de violência.
 
"Há três mortos confirmados, dois feridos e duas pessoas foram detidas pelas forças de segurança", revelou o chefe da polícia municipal da capital Phnom Penh, Chuon Narin, em declarações ao diário Cambodia Daily.
 
Os incidentes tiveram lugar no complexo industrial da avenida de Veng Sreng, no distrito de Pur Senchey, perto do local onde na quinta-feira uma unidade das forças especiais do Exército dispersou, de forma violenta, um protesto de trabalhadores, tendo sido detidas, pelo menos 15 pessoas, entre líderes sindicais, operários e monges budistas, o que desencadeou diversas críticas.
 
Hoje, os manifestantes, munidos de paus e barras de ferro, entrincheiraram-se atrás de barricadas num dos subúrbios industriais da capital e lançaram pedras e cocktails 'molotov' contra a polícia militar que respondeu com rajadas de AK-47.
 
"Não podemos permitir que bloqueiem a estrada. Temos que dissolver [o protesto]. Não temos outra opção", disse o comandante da Polícia Militar de Phnom Penh, Roth Srieng, ao mesmo jornal.
 
A violência na capital cambojana estalou após ter terminado, sem acordo, uma reunião entre o Governo e representantes sindicais sobre um aumento do salário mínimo, motivo pelo qual os trabalhadores têxteis fazem greve desde a semana passada.
 
O executivo propôs, esta semana, um aumento adicional de cinco dólares, face à oferta anterior de subir o ordenado mínimo de 80 para 95 dólares (58,6 para 69,6 euros), no entanto, os trabalhadores rejeitaram as propostas, pedindo um aumento até aos 160 dólares (117,2 euros) por mês.
 
A Associação Cambojana de Fabricantes do Setor Têxtil denunciou os danos causados pelos manifestantes em várias unidades fabris e recusou a oferta do Governo para participar nas negociações até que seja garantida a segurança.
 
A organização acusa ainda os sindicatos de provocar a violência e de condicionar as conversações com ameaças.
 
"Queremos que o Governo faça cumprir a lei e garanta a segurança. Não participaremos em qualquer reunião até que a situação acalme", disse o secretário-geral da associação, Ken Loo, em declarações ao telefone à agência Efe.
 
Segundo o porta-voz da ala patronal, 85% das 500 fábricas do país, a maioria localizadas em complexos industriais da capital, continuam encerradas devido aos distúrbios.
 
A indústria têxtil e do calçado empregam cerca de 500 mil pessoas no Camboja, representando perto de 95% do total das exportações do país.
 
Lusa
 

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