sábado, 4 de janeiro de 2014

O RESSURGIMENTO DA EXTREMA-DIREITA

 


Emanuel Areias (17 anos) – Diário De Notícias, opinião do leitor – Jornalismo do Cidadão
 
O mundo de hoje vive acanhado e debilitado devido aos graves problemas políticos que se fazem sentir nas sociedades. Evidenciando o caso específico da Europa, é fácil depreender que os países que constituem este continente estão a atravessar um momento complicado devido à crise e ao período recessivo instalado.
 
Fazendo um retrocesso ao passado, no fim da Primeira Guerra Mundial, a Europa atravessou uma situação caótica, semelhante à atual, mas causada por outros fatores, ficando dependente dos empréstimos dos Estados Unidos da América.
 
Esse pós-guerra causou imensos danos morais às populações, que passavam enormes dificuldades. Todo esse clima de tensão social fez com que as populações reivindicassem direitos.
 
O fim dos impérios autocráticos e a instauração do demoliberalismo tinha sido uma das principais vitórias do povo, só que, os estados liberais e democráticos não conseguiam resolver os problemas das nações.
 
É então que surge na Rússia, a Revolução Soviética que veio alterar mentalidades e proclamar uma nova doutrina política, o comunismo, ou seja a ideologia marxista-leninista.
 
O medo do bolchevismo e do terror que era o comunismo instalou grandes preocupações à classe média e burguesia europeia.
 
Como as democracias não funcionaram e havia graves problemas de natureza financeira, o receio pelo comunismo e a necessidade de um líder forte, capaz de promover a estabilidade social, fez com que houvesse a emergência de autoritarismos.
 
Ditaduras de extrema-direita expandiram-se um pouco por toda a Europa.
 
Mas o que é isso de extrema-direita? No plano ideológico, a extrema-direita ou direita radical representa o mais elevado grau de direitismo do espectro ideológico-político.
 
Os partidos extremistas defendem o autoritarismo, o anticomunismo, o antiparlamentarismo, o nacionalismo, a exaltação do líder, o militarismo ou o imperialismo.
 
O fascismo instaurado por Mussolini, em Itália, serviu de base a regimes ditatoriais, na Espanha com Francisco Franco, na Alemanha com Hitler ou em Portugal com António de Oliveira Salazar.
 
Atualmente o que se tem verificado na Europa é o ressurgimento de partidos de extrema-direita.
 
Tem havido uma crescente aprovação desses partidos por parte da população, pois esta sente-se abalada pela não resolução da crise existente.
 
Por exemplo, em França, o partido Frente Nacional liderado por Marie Le Pen, estabeleceu-se como a terceira força política do país.
 
Este partido evidencia um caráter autoritário pois a sua ideologia centra-se no protecionismo económico, a tolerância zero face à criminalidade e à imigração, tem uma posição cética em relação à União Europeia e defendem a antiglobalização.
 
As previsões indicam que este partido em França terá no futuro ainda mais força.
 
Na Itália, o Movimento 5 Estrelas, fundado em 2009, por Beppe Grillo tem conseguido atrair muitas pessoas.
 
Este comediante procura destituir os partidos tradicionais do poder e dar o poder político aos cidadãos comuns. Tem um diálogo marcadamente populista.
 
Também na Inglaterra, o partido UKIP liderado por Nigel Farage começa a surgir como alternativa. Devido ao descontentamento generalizado, os resultados do UKIP têm disparado nas eleições locais intercalares e nas sondagens.
 
O eterno populista, Nigel Farage, lidera um partido marcadamente eurocético e contrário à imigração.
 
Também na Finlândia, o partido dos Finlandeses Verdadeiros, presidido por Timo Soini, conheceu um aumento de votos nas últimas eleições legislativas daquele país.
 
Tendo o nacionalismo, o euroceticismo, o populismo, o desconforto face à imigração e a antiglobalização como ideais primordiais, os partidos de extrema-direita têm evoluído significativamente e são forças políticas emergentes em vários países da Europa.
 
São muitos os jovens europeus que ingressam nessas forças políticas, cansados de promessas e de mal-estar social.
 
Estes jovens são mais críticos para com os governantes porque estão preocupados com o futuro e com a identidade cultural, temendo o crescimento galopante da imigração.
 
Está a crescer na Europa um clima e um sentimento forte contra os imigrantes, e para além disso, uma enorme desconfiança face aos muçulmanos.
 
Os partidos com ideias xenófobas, anti-imigração e anti islamitas estão a expandir-se rapidamente.
 
É necessário e urgente que os políticos europeus encarem este problema de frente, pois o radicalismo e o extremismo estão novamente a invadir o mundo inteiro.
 
O sentimento de descrença nas democracias pode levar ao surgimento imediato de ditaduras.
 
Se isso acontecer, teremos que viver sob o comando de um presidente autocrático.
 
É preciso reagir pois o futuro não se avizinha terno. Cabe às lideranças políticas e a cada um de nós a luta contra o poder autoritário e opressor.
 
Na foto: O PIDE Anibal Cavaco Silva
 

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