Emanuel Areias (17
anos) – Diário De Notícias, opinião do leitor – Jornalismo do Cidadão
O mundo de hoje
vive acanhado e debilitado devido aos graves problemas políticos que se fazem
sentir nas sociedades. Evidenciando o caso específico da Europa, é fácil
depreender que os países que constituem este continente estão a atravessar um
momento complicado devido à crise e ao período recessivo instalado.
Fazendo um
retrocesso ao passado, no fim da Primeira Guerra Mundial, a Europa atravessou
uma situação caótica, semelhante à atual, mas causada por outros fatores,
ficando dependente dos empréstimos dos Estados Unidos da América.
Esse pós-guerra
causou imensos danos morais às populações, que passavam enormes dificuldades.
Todo esse clima de tensão social fez com que as populações reivindicassem
direitos.
O fim dos impérios
autocráticos e a instauração do demoliberalismo tinha sido uma das principais
vitórias do povo, só que, os estados liberais e democráticos não conseguiam
resolver os problemas das nações.
É então que surge
na Rússia, a Revolução Soviética que veio alterar mentalidades e proclamar uma
nova doutrina política, o comunismo, ou seja a ideologia marxista-leninista.
O medo do
bolchevismo e do terror que era o comunismo instalou grandes preocupações à
classe média e burguesia europeia.
Como as democracias
não funcionaram e havia graves problemas de natureza financeira, o receio pelo
comunismo e a necessidade de um líder forte, capaz de promover a estabilidade
social, fez com que houvesse a emergência de autoritarismos.
Ditaduras de
extrema-direita expandiram-se um pouco por toda a Europa.
Mas o que é isso de
extrema-direita? No plano ideológico, a extrema-direita ou direita radical
representa o mais elevado grau de direitismo do espectro ideológico-político.
Os partidos
extremistas defendem o autoritarismo, o anticomunismo, o antiparlamentarismo, o
nacionalismo, a exaltação do líder, o militarismo ou o imperialismo.
O fascismo
instaurado por Mussolini, em Itália, serviu de base a regimes ditatoriais, na
Espanha com Francisco Franco, na Alemanha com Hitler ou em Portugal com António
de Oliveira Salazar.
Atualmente o que se
tem verificado na Europa é o ressurgimento de partidos de extrema-direita.
Tem havido uma
crescente aprovação desses partidos por parte da população, pois esta sente-se
abalada pela não resolução da crise existente.
Por exemplo, em
França, o partido Frente Nacional liderado por Marie Le Pen, estabeleceu-se
como a terceira força política do país.
Este partido
evidencia um caráter autoritário pois a sua ideologia centra-se no
protecionismo económico, a tolerância zero face à criminalidade e à imigração,
tem uma posição cética em relação à União Europeia e defendem a
antiglobalização.
As previsões
indicam que este partido em França terá no futuro ainda mais força.
Na Itália, o
Movimento 5 Estrelas, fundado em 2009, por Beppe Grillo tem conseguido atrair
muitas pessoas.
Este comediante
procura destituir os partidos tradicionais do poder e dar o poder político aos
cidadãos comuns. Tem um diálogo marcadamente populista.
Também na
Inglaterra, o partido UKIP liderado por Nigel Farage começa a surgir como
alternativa. Devido ao descontentamento generalizado, os resultados do UKIP têm
disparado nas eleições locais intercalares e nas sondagens.
O eterno populista,
Nigel Farage, lidera um partido marcadamente eurocético e contrário à
imigração.
Também na
Finlândia, o partido dos Finlandeses Verdadeiros, presidido por Timo Soini,
conheceu um aumento de votos nas últimas eleições legislativas daquele país.
Tendo o
nacionalismo, o euroceticismo, o populismo, o desconforto face à imigração e a
antiglobalização como ideais primordiais, os partidos de extrema-direita têm
evoluído significativamente e são forças políticas emergentes em vários países
da Europa.
São muitos os
jovens europeus que ingressam nessas forças políticas, cansados de promessas e
de mal-estar social.
Estes jovens são
mais críticos para com os governantes porque estão preocupados com o futuro e
com a identidade cultural, temendo o crescimento galopante da imigração.
Está a crescer na
Europa um clima e um sentimento forte contra os imigrantes, e para além disso,
uma enorme desconfiança face aos muçulmanos.
Os partidos com
ideias xenófobas, anti-imigração e anti islamitas estão a expandir-se
rapidamente.
É necessário e
urgente que os políticos europeus encarem este problema de frente, pois o
radicalismo e o extremismo estão novamente a invadir o mundo inteiro.
O sentimento de
descrença nas democracias pode levar ao surgimento imediato de ditaduras.
Se isso acontecer,
teremos que viver sob o comando de um presidente autocrático.
É preciso reagir
pois o futuro não se avizinha terno. Cabe às lideranças políticas e a cada um
de nós a luta contra o poder autoritário e opressor.
Na foto: O PIDE Anibal Cavaco Silva
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