sexta-feira, 28 de março de 2014

Líder da UGT promete "não assinar mais nada" se o salário mínimo não aumentar




O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, disse hoje que "não haverá nada assinado pela UGT sem mexer no salário mínimo nacional" e exigiu que o Governo "fale verdade" sobre se vai haver ou não mais cortes.

Carlos Silva, que presidiu à abertura do seminário 'Os Sindicatos nas Empresas, com os Trabalhadores' no Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria de Cerâmica, Cimentos, Abrasivos e Vidros, o único sindicato operário da central, desafiou o Governo "a dizer claramente aos trabalhadores se os cortes nos salários e nas pensões são para manter, ou se são transitórios como estava previsto há dois anos".

"Não é possível que o primeiro-ministro diga uma coisa e que o presidente do grupo parlamentar do partido que suporta o Governo diga outra. Os portugueses querem saber quem é que fala verdade", disse.

O secretário-geral da UGT insistiu na atualização do salário mínimo nacional, de que faz depender qualquer acordo com a central sindical.

"Não há acordos de negociação nem nada assinado com a UGT sem nesse momento estar o salário mínimo nacional e não é só para entrar [em vigor] em 2015, senão não há acordos com ninguém", declarou.

Carlos Silva justifica a posição com a necessidade de promover o crescimento económico, que não pode depender apenas do aumento das exportações, mas tem de passar também pela dinamização do mercado interno.

"Uma empresa que não consiga pagar mais 15 euros a 10 trabalhadores mais vale fechar a porta. Não é por aí, até porque os patrões estão de acordo com o aumento do salário mínimo nacional e o desbloqueamento da negociação coletiva. Quem não quer é o Governo", disse.

Essa é a condição para a central sindical voltar a fazer qualquer acordo, a que junta o regresso à negociação coletiva, tanto mais que "a UGT assinou em 2012 um acordo de concertação, que em alguns aspetos foi um acordo dramático para os trabalhadores" porque não foi cumprido.

"Foi num cenário excecional, em que era necessário subscrever uma garantia, um aval financeiro do Estado para garantir que vinham 78 mil milhões de euros. Foi o que o país precisou. A UGT atravessou-se nisso e fez muito bem. É verdade que prejudicou os trabalhadores, mas acima de tudo, quem prejudicou os trabalhadores foi quem não cumpriu o acordo. Nós cumprimos a nossa parte e tínhamos o direito de ver desbloqueada a negociação coletiva já há dois anos", comentou.

Lusa, em Dinheiro Vivo

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