Hélder
Semedo, Coimbra
Grandes
e pequenos países da União Europeia, sempre com os olhos postos em Angola e nos
interesses económicos que o país lhes pode proporcionar, têm tido a precaução
de registar em grandes pedras de gelo violações dos Direitos Humanos,
irregularidades eleitorais, “lavagens de capitais” denunciadas e outros
pendores de défice democrático. Quando o gelo derrete tudo se perde. E o gelo
derrete rapidamente, principalmente e com oportunidade quando Angola acena com
negócios. Então é ver o corrupio de líderes europeus rumo a Angola em visitas
de Estado. Caso da alemã Ângela Merkel, entre outros.
Também
líderes angolanos visitam os países europeus em resposta a convites e na leva
de muito calor na bagagem para que o gelo derreta mais fácil e mais
rapidamente. Afinal são relações de Estado. E seriam naturais, normalíssimas,
se por acaso esses países (caso da Alemanha) anteriormente não viessem pôr em
questão as relações económicas entre Portugal e Angola – ou entidades de topo
na governação de Angola. Mais precisamente entre personalidades angolanas que
investem em Portugal e que aqui del-rei estão a lavar capitais. Curioso é que
se em vez de em Portugal essas ou outras entidades empresariais - mas também
políticas e governamentais – investirem milhares ou milhões noutros (certos)
países europeus já nada de opaco está a acontecer e as ilegalidades não
existem. Pelo visto as ilegalidades só acontecem (ou são suspeitas) entre
Angola e Portugal, ou entre poucos mais. Essas “histórias” são conhecidas e dispenso-me
de aqui as enunciar.
Os
indícios de irregularidades e enriquecimentos ilícitos existem. Uns quantos
ativistas angolanos não se têm cansado de apontar. Alguns até têm pago com
língua de palmo a coragem que demonstram nas suas denúncias. Processos em
tribunal, por isto e por aquilo, são frequentes. A repressão existe em Angola. Os músculos do
regime têm sido bastante evidentes. Opositores têm perdido a vida, têm
“desaparecido”, ou têm aparecido com o corpo crivado de maus-tratos policiais
ou de “gorilas” que se dispõem a fazer os trabalhos sujos.
Não
se trata aqui de limpar imagens de alguns dos que sendo afetos ao regime
enriqueceram de modo dantesco, quase que de um dia para o outro. Eles existem e
são apontados pelos angolanos atentos e opositores de tais métodos de
“negócios”. Mas não podemos esquecer a Alemanha, agora caladinha que nem uma
ratinha do Mikey, após ter visitado Angola e, transparentemente (?), ter feito
uns quantos negócios com Angola. A partir daí as “lavagens de capitais” foram
para o Maneta – que é um personagem rico se atentarmos naquilo que para ele vai
e sempre recebe sorridente.
Conforme
se pode citar a Alemanha outros países europeus e do mundo também cabem no
figurino. Sempre foi dito: ou há moral ou comem todos. A rigorosa Alemanha e
outros países, afinal… No colonialismo levavam contas de vidro e traziam ouro e
diamantes. Agora é tempo do neocolonialismo. Outros métodos. Que até se
assemelham.
Os
jovens opositores angolanos
Tem
sido notícia a repressão às manifestações de jovens opositores ao regime
angolano. Igualmente têm sido referidos raptos, espancamentos, detenções, penas
de prisão injustas e até assassinatos a alguns elementos dessa juventude
opositora. Um regime que tem a prosápia de se declarar democrático e depois tem
no seu historial mais recente (não se vá agora ao antigo) casos macabros e de
completa prepotência, iniludivelmente não tem nada que se assemelhe a
democracia. E se a deseja na realidade tem de começar por reformar mentalidades
e, consequentemente, atitudes e políticas. Por exemplo, a atitude das polícias.
E se deve acontecer deste modo com as polícias também o mesmo é recomendável
aos políticos dominantes, assim como a todos os opositores que precisem dessa
reforma. Certo é que a juventude merece e deve ver uma linha de horizonte
promissora que inclua boa formação social, académica e profissional que desagúe
num emprego ou iniciativa empresarial que corresponda àquilo que perseguiu com
o seu empenho. E na atualidade não é isso que a juventude sente, nem vê. Quase
que nem vislumbra oportunidades nesse sentido. O que vê é um país riquíssimo
com medonhas, vergonhosas e injustas, assimetrias sociais. O que é avesso ao
constante nos estatutos do partido maioritário, o MPLA e à própria Constituição
da República de Angola.
Cabritos
Sabemos
que Angola travou guerras durante décadas. Não é fácil em dez anos de paz
reconstruir um país imenso depois de tanto tempo no esforço do domínio
territorial e político-ideológico… Mas estes dez anos já deviam ter
possibilitado muito mais justiça social para os angolanos, muito mais progresso
no interior do país, muito mais empenho na formação de empresários e técnicos
que visassem a implementação de indústrias que tornassem Angola muito mais
auto-suficiente. Consequentemente seria imensamente maior o leque de postos de
trabalho e a justa distribuição da riqueza. Em vez disso vimos uns quantos na
concentração da riqueza, quase como que por milagre. A fazer lembrar o adágio
“quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem”. Mistério? Roubo?
Corrupção? Sim. Umas vezes sim, outras não. É o que consta e o que deve corresponder a muitos casos. Casos
de enriquecimentos ilícitos, imorais. Casos de injustiças que jorram a sua foz
nas imensas e gritantes injustiças sociais. Angola, assim até quando?
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