sexta-feira, 6 de junho de 2014

Angola: A MÁSCARA DA SECRETA



Domingos Chipilica Eduardo – Folha 8, em crónica - 31 maio 2014

Este é um assunto delicado/melindroso é funda­mental que se faça uma análise crítica desapaixona­da, livros, artigos de opinião, documentos, documentá­rios, filme... Proliferam por aí sobre a temática em causa. Contudo o último aconte­cimento de “espionagem”, impõe-nos que em breve palavras façamos um exercí­cio do nosso miúdo cérebro.

Antecipadamente, acon­selhamos a não entrarem em pânico, “ninguém está totalmente seguro e todos somos alvos fáceis a abater (membros da sociedade ci­vil, da oposição e do partido no poder) ”, partindo desta premissa, algumas vezes o exercício de cidadania é apenas um artifício para fins pessoais ou inconfessos, ou­tras vezes desinteressada e com pendor patriótico. Ao longo da história da huma­nidade, os movimentos de lutas pró ou contra o regime sempre cometeram/vive­ram situações arrepiantes, a boa gestão da informação foi uma estratégia ou uma arma mortífera para antecipar rea­lizações: acções e reacções. Eliminavam-se infiltrados/inimigos eficazmente ou neutralizavam-se actos de subversão/revolução que perigassem “os interesses do poder”.

O controlo da informação não é um trabalho amador, é uma tarefa profissional, são necessários ataques, subor­no, sequestros, desvios, mi­lhões, crimes, ilegalidades. Não é fácil dominar a infor­mação, a própria CIA (con­siderada por muitos uma máquina assassina) ao longo da sua fundação aos dias de hoje, “nunca” a soube/sabe gerir, foi inúmeras vezes vítimas de fuga de informa­ções e traições.

Uma vez foi roubada e pos­ta num guardanapo de pa­pel por um agente duplo a fórmula secreta da bomba atómica, um agente russo duplo que passava informa­ções valiosas aos EUA, foi envenenado por sua impru­dência, tomava todos os dias café num bar popular, como se desconfiava-se dele, um barman da secreta foi despa­chado para fazer o trabalho sujo, administrou veneno no seu café, um mês depois internou e passado algum tempo morreu.

Cumpriu-se bem a missão. Um outro agente da elite secreta que trabalhou mais de 20 anos para CIA, afinal fornecia dados sensíveis à Rússia, foi descoberto por­que se criou uma estrutura paralela ao seu gabinete. Existem muitos exemplos de como uma boa informa­ção pode ser “tão valiosíssi­ma”, desde à família, tribos, reinos, Estados.

Lamentavelmente, o “caso Tucayano (o suposto agente que seduziu os seus márti­res, publicado em primeira mão no folha 8) ”arrepiou muita boa gente, generali­zou-se um clima tenebroso de desconfiança constante e recíproca em alguns cír­culos cá da banda. O que ao nosso pobre observar, reve­la imprudência e falta de “vi­são estratégica”, até algumas personalidades que pensá­vamos serem experimen­tados tremeram de medo e insónias (não defendemos actos macabros, reprova­mos energicamente). Sabe­-se que qualquer activista cívico ou opositor ao regime deve ter o domínio de co­nhecimentos e técnicas de “espionagem e infiltração”, actuar também como um agente secreto.

A ser verdade que Tucaya­no é um “agente especia­lizado”, então sem errar concluímos que terão ficado mais alguns, pois neste tipo de serviço é crucial cruzar informações, vejam o que aconteceu com os últimos dados da bomba atómica, a Rússia confrontava e pe­neirava tudo que acolhia a fim de melhor apuramento. Presentemente muitos dos nossos activistas cívicos, políticos da oposição nos fazem crer que ignoram ele­mentos básicos de seguran­ça e recolha de informações, salvo alguns que cooperam “clandestinamente”, como é possível alguém que con­vive anos, momentos sen­síveis, partilha segredos, ninguém conhece a sua ficha individual de registo? É muito difícil controlar, as grandes agências de espio­nagem também ao longo da história têm sofrido ata­ques e infiltrações, o que demonstra que não existe eficácia no controlo porém é possível ser um pouco mais cauteloso.

Aliás nenhum agente se­creto em qualquer agência que trabalha está seguro quanto mais “meras pes­soais normais” (um dia também beberá do próprio veneno). Todos sabemos que o exercício desta ac­tividade normalmente re­corre aos métodos ilegais ou macabros, assassinados, envenenamento, infiltra­ção, corrupção… Não há Ética, Direitos Humanos, legislação …A “enciclopédia” dos serviços secretos con­firmam inequivocamente estes dados, é assim que os bons resultados são alcan­çados. Desde algum tempo que na sociedade civil, há um apontar de dedos entre eles, acusam-se como sendo da secreta, esta informação algumas vezes falsa roda e se torna verdadeira naquele seio, há casos até que o tre­mor é maior logo que um suposto agente aparece nas instalações, actividades, reu­niões … o “linguajar” muda. A verdade que quase todos desconhecem é que os ver­dadeiros cérebros da secre­ta, não são conhecidos do grande público. Confiden­ciou-nos um amigo, “esta sensação de que todos tra­balham para secreta é bom para o regime porque pelo menos coarta a liberdade das pessoas”.

Por último, parece haver alguma ingenuidade e falta de coerência por parte de al­guns grupos sociais ou acti­vistas anti-regime,” louvam” em todo canto que há dita­dura, violações da Consti­tuição, abusos de poder, em fim toda adjectivação malé­fica. Vamos considerar que estas palavras sejam verda­des indiscutíveis, então por­que que entram em pânico quando divulgam/desco­brem um “sinfo”? Como ac­tuaria um “Estado sábio” as­sim? Abandonaria um foco de revolta à sua sorte?

O manual do exercício da secreta é a lei (o tal primado do Direito) mas é puramente idealismo. Ela (secreta) vive num submundo horrível, páginas negras e de arrepiar.

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