sexta-feira, 6 de junho de 2014

Angola: Líder do PRS queixa-se a PGR sobre violação de direitos humanos




O presidente do Partido de Renovação Social, representado no parlamento angolano, queixou-se esta semana ao Procurador-Geral da República (PGR) de Angola da "violação sistemática dos direitos humanos" no país, "com a plena complacência das autoridades".

De acordo com o teor da carta assinada por Eduardo Kuangana, presidente e deputado daquele partido, à qual a Lusa teve hoje acesso, em causa está nomeadamente a alegada violação da legislação nacional por investidores chineses que operam na construção civil em território angolano.

"Todo o investimento do capital externo, sobretudo, da China é bem-vindo. Mas, esses, devem obedecer às regras estabelecidas pela Constituição e a lei, para além da obrigação de empregar o cidadão angolano, respeitar o direito do trabalhador, a idade para trabalhar (18 anos), a remuneração justa, os descontos para a segurança social, a nossa cultura, etc. Quem investe no país não tem o direito de violar a Constituição, a lei, e, muito menos, maltratar o próprio angolano", lê-se na missiva.

Suportando-se em relatos da comunicação privada angolana, Eduardo Kuangana diz que jovens alegadamente maltratados por uma empresa chinesa de construção, provenientes das províncias do Huambo, Huila, Benguela, Bié e Namibe, e que "trabalhavam em condições análogas à escravidão", denunciaram em maio passado que, nos estaleiros da mesma, no Calumbo, província de Luanda, "são enterrados os restos mortais em quintais da referida, sem o conhecimento dos seus familiares".

Jornadas de trabalho de 12 horas diárias, quando a legislação limita a oito horas, e o desrespeito pelo gozo dos feriados são situações observadas pelo presidente do Partido de Renovação Social (PRS) na mesma carta.

"Face à denúncia, entendo que as instituições do Estado devem unir esforços e trabalhar para libertar as vítimas do tráfico humano, da discriminação, da pobreza e erradicar esse crime hediondo. O trabalho é um direito e um bem que contribui para o desenvolvimento social e económico de toda e qualquer sociedade", defende a carta enviada ao PGR de Angola.

Eduardo Kuangana acrescenta que este tipo de situação "é uma exploração económica forçada", para além de representar, afirma, um "crime público que deve ser punido em conformidade a lei".

Na mira do deputado à Assembleia Nacional e líder do PRS está igualmente o que Kuangana considera ter sido a "repressão" da manifestação de jovens do Movimento Revolucionário "por supostos elementos da Polícia Nacional", a 27 de maio último.

"No entanto, se os mesmos cometeram qualquer delito, o ideal seria apresentá-los em juízo, ao contrário, da tortura e outras sevícias degradantes a que foram alvos sem causa", aponta.

Face a "tamanha barbaridade arruaceira dos supostos elementos da Polícia Nacional", a carta subscrita por Eduardo Kuangana solicita ao Procurador-Geral da República "que seja feita a devida diligência para se responsabilizar os seus autores".

Num universo de 220 eleitos à Assembleia Nacional angolana, o PRS conta com três deputados, sendo por isso o terceiro dos quatro partidos da oposição mais representado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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