O
combate ao "flagelo da fome", que atinge mais de um décimo dos
cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), foi hoje
identificado pelo Presidente moçambicano como um dos maiores desafios da
organização.
"Não
se justifica que a nossa CPLP continue com mais de 28 milhões afetados por
subnutrição crónica", afirmou hoje o Chefe de Estado moçambicano, Armando
Guebuza, num discurso durante uma visita à sede da organização, em Lisboa, no
âmbito de uma deslocação oficial que realiza até quinta-feira a Portugal, a
convite do seu homólogo, Aníbal Cavaco Silva.
A
garantia da segurança alimentar e nutricional foi apontada como um dos sete
desafios que o bloco lusófono deve ter nos próximos tempos, a par da
preservação da paz e da promoção do crescimento económico e emprego.
"Com
a capacidade técnica e científica que alcançámos hoje no mundo e com o conjunto
de inovações e invenções patenteadas e galardoadas, não se justifica que ainda
tenhamos cidadãos nos nossos países e no Mundo que não saibam onde e quando ter
a próxima refeição e com que qualidade nutritiva", defendeu Armando
Guebuza.
Os
números de pessoas que passam fome -- mais de 28 milhões, de um total de 250
milhões de habitantes no conjunto dos oito países da CPLP -- "representam
pessoas e não meras estatísticas" e motivam "uma ação conjunta, tendo
em vista agir para alterar o cenário", sustentou.
A
esse propósito, o Presidente moçambicano recordou a campanha da CPLP
"Juntos contra a fome", um mecanismo que apela à "solidariedade
intracomunitária" e que deve ser complementado com ações setoriais,
nomeadamente na educação, saúde, agricultura, infraestruturas, meio ambiente,
energia, entre outras, sugeriu.
Guebuza,
que se encontra no final do seu último mandato como Presidente da República de
Moçambique e que é igualmente presidente em exercício da CPLP, saudou "o
retorno da Guiné-Bissau à normalidade constitucional e ao convívio da
Comunidade" após as eleições gerais, que permitiram escolher um novo
Presidente e um novo Governo, depois de dois anos de autoridades de transição
na sequência de um golpe de Estado militar.
"Manifestamos
a nossa convicção de que como Estado-membro fundador, [a Guiné-Bissau] irá
continuar a jogar o seu papel na CPLP", declarou.
Por
outro lado, o crescimento económico e emprego são outros temas em cima da mesa
no futuro, alertou Guebuza.
Num
território que representa 3,6 por cento do Produto Interno Bruto mundial e é
responsável pela produção de 6% do petróleo e 1% do gás, com um
"gigantesco universo oceânico, com mais de sete milhões de quilómetros
quadrados de zona económica exclusiva" e um "rico e empreendedor
capital humano", há áreas que ainda podem ser exploradas, argumentou.
"Todos
os nosso países são costeiros, mas ainda não explorámos o suficiente a nossa
capacidade coletiva na área de construção naval, navegação marítima e da marinha
mercante, nem o nosso potencial na área de turismo de sol e praia e serviços
afins, bem assim da pesca e de produção da energia", disse Guebuza, que
sugeriu a criação de instituições nestas áreas, tuteladas pela CPLP.
A
necessidade de a CPLP se manter "como um fator de agregação de
sinergias", a integração económica dos países e a mobilização de recursos
"para os programas de cooperação setorial e visando dotar a estrutura
executiva de meios humanos e financeiros" foram outros dos desafios
mencionados por Guebuza no seu discurso.
"É
indispensável que a CPLP se ajuste às novas ambições a que nos propomos,
contribuindo para elevar cada vez mais os progressos até aqui alcançados",
disse, apelando aos Estados-membros para que continuem a reflexão sobre o
futuro da comunidade na próxima cimeira da CPLP em Díli, a 23 de julho, quando
Moçambique passará o testemunho da presidência da organização a Timor-Leste.
Lusa,
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