quarta-feira, 2 de julho de 2014

Armando Guebuza: Combate à fome, paz e crescimento económico são desafio




O combate ao "flagelo da fome", que atinge mais de um décimo dos cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), foi hoje identificado pelo Presidente moçambicano como um dos maiores desafios da organização.

"Não se justifica que a nossa CPLP continue com mais de 28 milhões afetados por subnutrição crónica", afirmou hoje o Chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, num discurso durante uma visita à sede da organização, em Lisboa, no âmbito de uma deslocação oficial que realiza até quinta-feira a Portugal, a convite do seu homólogo, Aníbal Cavaco Silva.

A garantia da segurança alimentar e nutricional foi apontada como um dos sete desafios que o bloco lusófono deve ter nos próximos tempos, a par da preservação da paz e da promoção do crescimento económico e emprego.

"Com a capacidade técnica e científica que alcançámos hoje no mundo e com o conjunto de inovações e invenções patenteadas e galardoadas, não se justifica que ainda tenhamos cidadãos nos nossos países e no Mundo que não saibam onde e quando ter a próxima refeição e com que qualidade nutritiva", defendeu Armando Guebuza.

Os números de pessoas que passam fome -- mais de 28 milhões, de um total de 250 milhões de habitantes no conjunto dos oito países da CPLP -- "representam pessoas e não meras estatísticas" e motivam "uma ação conjunta, tendo em vista agir para alterar o cenário", sustentou.

A esse propósito, o Presidente moçambicano recordou a campanha da CPLP "Juntos contra a fome", um mecanismo que apela à "solidariedade intracomunitária" e que deve ser complementado com ações setoriais, nomeadamente na educação, saúde, agricultura, infraestruturas, meio ambiente, energia, entre outras, sugeriu.

Guebuza, que se encontra no final do seu último mandato como Presidente da República de Moçambique e que é igualmente presidente em exercício da CPLP, saudou "o retorno da Guiné-Bissau à normalidade constitucional e ao convívio da Comunidade" após as eleições gerais, que permitiram escolher um novo Presidente e um novo Governo, depois de dois anos de autoridades de transição na sequência de um golpe de Estado militar.

"Manifestamos a nossa convicção de que como Estado-membro fundador, [a Guiné-Bissau] irá continuar a jogar o seu papel na CPLP", declarou.

Por outro lado, o crescimento económico e emprego são outros temas em cima da mesa no futuro, alertou Guebuza.

Num território que representa 3,6 por cento do Produto Interno Bruto mundial e é responsável pela produção de 6% do petróleo e 1% do gás, com um "gigantesco universo oceânico, com mais de sete milhões de quilómetros quadrados de zona económica exclusiva" e um "rico e empreendedor capital humano", há áreas que ainda podem ser exploradas, argumentou.

"Todos os nosso países são costeiros, mas ainda não explorámos o suficiente a nossa capacidade coletiva na área de construção naval, navegação marítima e da marinha mercante, nem o nosso potencial na área de turismo de sol e praia e serviços afins, bem assim da pesca e de produção da energia", disse Guebuza, que sugeriu a criação de instituições nestas áreas, tuteladas pela CPLP.

A necessidade de a CPLP se manter "como um fator de agregação de sinergias", a integração económica dos países e a mobilização de recursos "para os programas de cooperação setorial e visando dotar a estrutura executiva de meios humanos e financeiros" foram outros dos desafios mencionados por Guebuza no seu discurso.

"É indispensável que a CPLP se ajuste às novas ambições a que nos propomos, contribuindo para elevar cada vez mais os progressos até aqui alcançados", disse, apelando aos Estados-membros para que continuem a reflexão sobre o futuro da comunidade na próxima cimeira da CPLP em Díli, a 23 de julho, quando Moçambique passará o testemunho da presidência da organização a Timor-Leste.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Leia mais em Notícias ao Minuto

Sem comentários:

Mais lidas da semana