O
Presidente moçambicano, Armando Guebuza, considerou hoje, em Lisboa, que as
exigências da Renamo nas negociações políticas que decorrem no país são cada
vez mais "impossíveis de satisfazer", mas reiterou a disponibilidade
para continuar o diálogo.
Em
entrevista à agência Lusa no âmbito da visita de três dias que está a efetuar a
Portugal e que termina na quinta-feira, o chefe de Estado moçambicano referiu
que nas negociações para acabar com o conflito político-militar, a Resistência
Nacional Moçambicana (Renamo), "infelizmente, quando se resolve um
problema, cria outras preocupações, aparentemente cada vez mais impossíveis de
satisfazer".
No
entanto, Armando Guebuza considerou que "alguma coisa de positivo já se
conseguiu", uma vez que "a Renamo declarou estar interessada em
participar nas eleições, o líder da Renamo recenseou-se e agora declarou-se
como o candidato natural" do principal partido da oposição à presidência,
nas eleições gerais de 15 de outubro próximo.
"Esperamos
que com isso eles possam juntar-se a nós, juntar-se à família moçambicana na
construção do país e não continuar a persistir na tentativa de destruir os
ganhos imensos que o país tem", disse, reiterando a disponibilidade de
diálogo com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama: "Ele é que sempre
evita".
Questionado
sobre o conflito militar no centro do país, que já provocou dezenas de mortos,
incluindo civis, o Presidente moçambicano referiu que este está "muito
localizado" na província de Sofala, e que "a vida no resto do país é
normal".
"Isso
não quer dizer que não seja motivo de preocupação do nosso lado, mas nós
achamos que a população e todos os que vivem em Moçambique devem sentir-se
completamente à vontade e tranquilos", acrescentou.
Em
relação à ameaça de alguns países doadores, que integram o chamado G19, de
reduzirem ou mesmo deixarem de financiar parte do Orçamento do Estado
moçambicano alegando sobretudo falta de transparência, Guebuza disse ter a
garantia de que esse financiamento vai continuar.
"Os
países que estão em Moçambique têm as suas opiniões sobre aquilo que acontece
em Moçambique e nós naturalmente ouvimos, não concordamos sempre e é por isso
mesmo que para procurar compreender melhor as preocupações dos vários países o
G19 existe e é um fórum de debate. Desse debate o que resulta de facto é que
continua o apoio ao orçamento do Estado", disse.
Sobre
a questão da transparência, Armando Guebuza admitiu que se trata de uma questão
"que não se pode resolver de um momento para o outro".
"São
processos de crescimento que vão continuar e daqui a 10 anos teremos os mesmos
problemas num outro contexto, mas a política do nosso Governo continua a ser a
de prestar contas ao seu povo e isso nós fazemos de várias formas como qualquer
outro país que tenha sistemas democráticos", assegurou.
"Nós
estamos perfeitamente de acordo que deve haver cada vez mais transparência, mas
não achamos que a nossa transparência não seja aquela que corresponda às
exigências neste momento", acrescentou.
Questionado
sobre a escolha do candidato presidencial da Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo), Filipe Nyusi, inicialmente contestada por alguns elementos do
partido no poder, Armando Guebuza considerou que "este tipo de
debates" são normais e reforçaram "a coesão dentro do próprio
partido".
Em
relação ao seu futuro, uma vez que está a terminar o segundo mandato e não pode
recandidatar-se porque a Constituição não o permite, Guebuza não avançou planos
a nível pessoal, mas garantiu que vai continuar como presidente da Frelimo até
2017, como foi decidido no último congresso do partido, em 2012.
Questionado
sobre como gostaria que os moçambicanos o recordassem, Armando Guebuza
respondeu: "como um Presidente que gostou muito e que gosta muito do seu
povo e que fez todos os esforços necessários para, no quadro do possível,
responder às suas ansiedades e às suas preocupações".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário