Folha
8, 23 agosto 2014
Segundo
o Expresso, o buraco das contas do Banco Espírito Santo Angola deve-se a
créditos, que representam 80% do total da carteira, sobre os quais não há
informação de quem são os beneficiários nem para que fins serviram. Decisão de conceder
os empréstimos foi do empresário Álvaro Sobrinho, presidente do banco até
2012 e acionista de diversos meios de comunicação em Portugal.
Os
interesses de Álvaro Sobrinho. Infograma de “Os Donos Angolanos de Portugal”
O
semanário Expresso noticiou no 07.07 que o BES Angola não sabe a quem emprestou
5,7 mil milhões de dólares, sendo que a atual administração suspeita que 745
milhões foram parar às mãos de Álvaro Sobrinho, presidente daquele banco até
2012.
O
empresário angolano Álvaro Madaleno Sobrinho é dono da Newshold, grupo
angolano que, além do semanário Sol, controla 15% da Cofina (Correio da Manhã,
Jornal de Negócios, revista Sábado), bem como o jornal i. A Newshold ficou
conhecida por ter entrado na corrida pela privatização da RTP, entretanto gorada.
Segundo
o Expresso, a situação do BESA foi explicada pelo novo CEO do banco, Rui
Guerra, aos acionistas em duas reuniões que decorreram em Angola em finais de
2013. O panorama apresentado por Guerra foi no mínimo inusitado: para um valor
de 5,7 mil milhões de dólares de crédito concedido pelo BESA, que representa
nada menos que 80% do total da carteira, não há informação sobre quem são os
beneficiários económicos nem para que fins foi utilizado o dinheiro. Há muito
poucas garantias reais e as que existem não estão avaliadas.
O
PRÓPRIO JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS MANDOU DAR GARANTIAS
Recorde-se
que o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, reconheceu ter havido problemas
no BESA e que o banco recorreu diretamente ao governo angolano para obter uma
garantia que cobrisse o crédito duvidoso. “O presidente José Eduardo dos
Santos teve uma grande atenção, com certeza, na decisão [de ser dada uma
garantia do Estado angolano que cobre de 70% do crédito do BESA]. Eu estou
reconhecido porque também foi consideração em relação ao Grupo Espírito Santo.
(…) A garantia é inequívoca”, disse Ricardo Salgado em entrevista ao Jornal de
Negócios.
O
jornalista Rafael Marques calculava que os créditos malparados eram na ordem
dos 6.500 milhões de dólares, incluindo 1.500 milhões em juros – um valor não
muito diferente do que foi adiantado agora pelo Expresso.
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