quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Angola: BESA NÃO SABE A QUEM EMPRESTOU 5,7 MIL MILHÕES DE DÓLARES



Folha 8, 23 agosto 2014

Segundo o Expresso, o buraco das contas do Banco Espírito Santo Angola deve-se a créditos, que represen­tam 80% do total da car­teira, sobre os quais não há informação de quem são os beneficiários nem para que fins serviram. Decisão de conceder os empréstimos foi do em­presário Álvaro Sobri­nho, presidente do banco até 2012 e acionista de diversos meios de comu­nicação em Portugal.

Os interesses de Álvaro Sobrinho. Infograma de “Os Donos Angolanos de Portugal”

O semanário Expresso noticiou no 07.07 que o BES Angola não sabe a quem emprestou 5,7 mil milhões de dólares, sendo que a atual administração suspeita que 745 milhões foram parar às mãos de Ál­varo Sobrinho, presidente daquele banco até 2012.

O empresário angolano Álvaro Madaleno Sobri­nho é dono da Newshold, grupo angolano que, além do semanário Sol, contro­la 15% da Cofina (Correio da Manhã, Jornal de Ne­gócios, revista Sábado), bem como o jornal i. A Newshold ficou conhe­cida por ter entrado na corrida pela privatização da RTP, entretanto gora­da.

Segundo o Expresso, a situação do BESA foi ex­plicada pelo novo CEO do banco, Rui Guerra, aos acionistas em duas reuniões que decorre­ram em Angola em finais de 2013. O panorama apresentado por Guerra foi no mínimo inusitado: para um valor de 5,7 mil milhões de dólares de crédito concedido pelo BESA, que representa nada menos que 80% do total da carteira, não há informação sobre quem são os beneficiários eco­nómicos nem para que fins foi utilizado o di­nheiro. Há muito poucas garantias reais e as que existem não estão avalia­das.

O PRÓPRIO JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS MANDOU DAR GARANTIAS

Recorde-se que o ex-presi­dente do BES, Ricardo Sal­gado, reconheceu ter ha­vido problemas no BESA e que o banco recorreu diretamente ao governo angolano para obter uma garantia que cobrisse o crédito duvidoso. “O pre­sidente José Eduardo dos Santos teve uma grande atenção, com certeza, na decisão [de ser dada uma garantia do Estado ango­lano que cobre de 70% do crédito do BESA]. Eu estou reconhecido porque também foi consideração em relação ao Grupo Espí­rito Santo. (…) A garantia é inequívoca”, disse Ricardo Salgado em entrevista ao Jornal de Negócios.

O jornalista Rafael Mar­ques calculava que os cré­ditos malparados eram na ordem dos 6.500 milhões de dólares, incluindo 1.500 milhões em juros – um valor não muito diferente do que foi adiantado agora pelo Expresso.

Sem comentários:

Mais lidas da semana