O
Executivo de Angola excluiu a operadora Nazaki, que terá sido detida por
elementos de topo do regime angolano, da participação em dois blocos de
produção de petróleo alegando incumprimento de "compromissos económicos e
financeiros".
A
informação consta de dois decretos executivos, assinados pelo ministro dos
Petróleos de Angola, José Maria Botelho de Vasconcelos, de 26 de agosto, aos
quais a Lusa teve hoje acesso.
Segundo
informações veiculadas pela imprensa nacional e internacional, a empresa Nazaki
Oil & Gaz foi constituída pelo agora vice-presidente da República e à época
administrador da concessionária nacional Sonangol, Manuel Vicente, juntamente
com os generais Manuel Helder Vieira Dias Júnior "Kopelipa" e
Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino".
De
acordo com os dois decretos (258 e 260/14), que entraram em vigor esta
terça-feira, a Nazaki era detentora de 15 por cento dos interesses
participativos nos consórcios dos blocos 9/09 e 21/09.
Contudo,
lê-se nos decretos, a operadora "demostrou não possuir os requisitos
legais para ser associada da concessionária nacional", a Sonangol.
Nomeadamente "por não ter repetidamente cumprido com os seus compromissos
económicos e financeiros relacionados com o pagamento da quota-parte dos custos
incorridos pelo consórcio" nos respetivos blocos de produção.
Além
da exclusão, esta decisão implica a transmissão das duas participações detidas
pela Nazaki para a empresa pública Sonangol Pesquisa e Produção.
Um
terceiro decreto, idêntico, aplica-se à empresa Falcon Oil Holding Angola,
detentora de 5% do consórcio que explora o bloco 18/06, posição que transita
igualmente para a Sonangol Pesquisa e Produção.
Esta
decisão surge poucos dias depois de ter sido conhecido que o regulador dos
mercados financeiros norte-americano está a preparar um processo judicial
relacionado com alegadas práticas de corrupção da petrolífera Cobalt em Angola
num consórcio formado precisamente com a Nazaki Oil & Gaz.
Sobre
este assunto, de acordo com um dos principais responsáveis da companhia
petrolífera norte-americana Cobalt, e uma das maiores a operar em Angola, a
intenção do regulador [SEC] de iniciar a constituição de um caso judicial,
depois de três anos de investigações, é "errada", uma vez que a
companhia "sempre cooperou com o regulador nesta matéria e tenciona
continuar a cooperar".
Em
causa está a constituição do consórcio liderado pela Cobalt quando iniciou as
atividades em Angola, em 2008, e que incluía a Alper Oil e a Nazaki.
De
acordo com as notícias que têm saído na imprensa nos últimos dias, nomeadamente
na norte-americana Forbes e no britânico Financial Times, o caso judicial que
agora está a começar a formar-se resulta de três anos de investigação e surge
na sequência das denúncias feitas pelo jornalista e ativista angolano Rafael
Marques de Morais, em 2011.
"A
administração da Cobalt diz que não fazia ideia do envolvimento da Nazaki e
acrescenta que foi o Governo angolano, através da companhia petrolífera estatal
Sonangol, que nomeou a Nazaki como parceiro, e que não soube nada do
envolvimento destas figuras do Governo até 2010", escreve a revista Forbes
num texto assinado pela jornalista Frances Coppola.
A
Sonangol, por causa da lei angolana, fica sempre com uma parte do consórcio de
exploração de petróleo, podendo, ou não, delegar a sua participação noutra
empresa angolana, sendo vários os casos em que, direta ou indiretamente,
escolhe ou aponta fornecedores e parceiros que as petrolíferas estrangeiras têm
de contratar.
Contudo,
como foi agora invocado no decreto executivo sobre a exclusão da Nazaki, essa
relação obriga as operadoras associadas da Sonangol a possuir "comprovada
idoneidade e capacidade financeira".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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