Hong
Kong, China, 23 set (Lusa) -- Mais de 130 empresas chinesas participam no
aumento do comércio, fabrico e exportação de instrumentos de tortura para
países da África e Ásia, segundo uma investigação da Amnistia Internacional
(AI) e Fundação de Investigação Omega divulgada hoje.
O
relatório "Comércio de instrumentos de tortura e repressão da China",
publicado por ambas as organizações, indica que o número de empresas que se
dedica ao fabrico destes produtos se multiplicou por quatro na China nos
últimos dez anos.
A
AI denuncia que alguns dos objetos, como bastões elétricos paralisantes,
cadeiras rígidas de contenção, pinças elétricas ou bastões de metal reforçados
com picos, desenhados especificamente como instrumentos de tortura, são
exportados para países da África e Ásia, onde a sua utilização representa uma
violação dos direitos humanos das vítimas, segundo o estudo.
O
relatório aponta que alguns destes objetos foram utilizados pela polícia do
Camboja e foram exportados para as forças de segurança no Nepal, Tailândia,
Gana, Senegal, Egito e Madagáscar.
"Não
há qualquer desculpa para permitir o fabrico e comércio de equipamentos, cujo
propósito principal é o de torturar ou infligir tratos cruéis, desumanos ou
degradantes nas pessoas", afirma Patrick Wilcken, investigador de comércio
e segurança dos direitos humanos para a Amnistia Internacional.
Patrick
Wilcken acrescentou que este tipo de comércio "está a florescer"
porque as autoridades chinesas "não fizeram nada" para impedir que as
empresas que exportam estes materiais tentem evitar que "caiam nas mãos de
violadores dos direitos humanos".
As
empresas chinesas -- a maioria das quais são da propriedade do Estado - têm uma
presença dada vez maior no mercado mundial de equipamentos de segurança, indica
o documento.
A
investigação refere que os controlos de exportação deste tipo de material são
débeis e carecem de transparência, e estende também o problema aos países que
contam com normas mais estritas, como os da União Europeia ou Estados Unidos,
instando-os a melhorar os respetivos controlos.
FV
// JCS - Lusa
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