Hong
Kong, China, 23 set (Lusa) -- Estudantes de Hong Kong que iniciaram na
segunda-feira um boicote às aulas de uma semana concentraram-se hoje em frente
à sede do Governo, dando seguimento ao protesto contra a recusa de Pequim em
garantir pleno sufrágio universal.
Centenas
de jovens partidários da democracia reuniram-se em frente ao complexo de Tamar
que alberga o gabinete do chefe do executivo, o Conselho Legislativo
(parlamento) e as principais secretarias da Região Administrativa Especial
chinesa.
No
protesto de hoje, foram registadas algumas altercações, com um grupo de
estudantes a tentar aproximar-se do chefe do Governo, Leung Chun-ying. A
polícia travou os jovens quando procuravam falar com o líder de Hong Kong no
local, sob forte atenção mediática.
"Este
é um aviso. As vossas ações já perturbaram gravemente a ordem aqui", disse
a polícia através de altifalantes, enquanto os manifestantes gritavam:
"Hong Kong pertence-nos".
"Prestamos
grande atenção às reivindicações dos estudantes universitários para a eleição
de 2017", disse o chefe do executivo de Hong Kong, em conferência de
imprensa, realçando que a proposta apresentada por Pequim figura como uma
melhoria do atual estado de democracia na antiga colónia britânica.
"Podem
ver que ele não tem qualquer intenção de manter um diálogo com os
estudantes", disse Alex Chow, secretário-geral da Federação de Estudantes
e um dos ativistas que correu atrás de Leung Chun-ying.
O
mesmo responsável ameaçou com uma escalada das ações de protesto, caso Leung
Chun-ying se recuse a falar com os estudantes dentro de 48 horas.
Os
protestos estudantis marcam, segundo ativistas, o arranque da campanha de
desobediência civil contra a decisão de Pequim, anunciada a 31 de agosto, que
prevê que o futuro chefe do Executivo seja eleito por sufrágio universal em
2017, mas somente depois de serem previamente selecionados dois ou três
candidatos.
No
dia anterior, de acordo com os organizadores, 13 mil estudantes juntaram-se no
'campus' da Universidade Chinesa de Hong Kong no lançamento do boicote às
aulas, imprimindo um novo fôlego à campanha pela democracia na antiga colónia
britânica.
A
agitação estudantil surge uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem
marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e
cartazes por um sufrágio universal genuíno.
Esse
figurou com o primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional
Popular decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar de
reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição
e que apenas dois ou três serão então selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200
pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
Uma
coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy
Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e
prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito
financeiro de Hong Kong.
A
reforma proposta por Pequim carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de
Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados,
sendo que 27, do campo pró-democrata, anunciaram ter-se unido num compromisso
pelo veto.
DM
// VM - Lusa
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