domingo, 28 de setembro de 2014

China: Cinco pró-democratas, incluindo três deputados, detidos em protesto em Hong Kong




Hong Kong, China, 28 set (Lusa) -- Cinco figuras pró-democratas, incluindo três deputados, foram hoje detidos pela polícia num protesto junto ao complexo governamental de Hong Kong, no primeiro dia da campanha de desobediência civil promovida pelo movimento "Occupy Central" inicialmente previsto para 01 de outubro.

Entre os manifestantes detidos estão a presidente do Partido Democrata, Emily Lau, e Joseph Cheng, da Aliança para a Verdadeira Democracia, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Os três outros pró-democratas detidos eram os membros do Partido Democrata Albert Ho e Yeung Sum e o vice-presidente do Partido Trabalhista, Fernando Cheung, disse o deputado Lee Cheuk-yan, um dos signatários da Declaração Conjunta Sino-britânica, assinada em 1984.

Segundo a RTHK, vários voluntários envolvidos nos protestos foram também detidos hoje.
O académico e cofundador do movimento 'Occupy Central' Benny Tai anunciou esta madrugada a antecipação do início da campanha de desobediência civil por uma democracia autêntica em Hong Kong, depois de duas noites de protestos promovidos pelos estudantes daquela cidade do sul do China.

"O Occupy Central começa agora", disse Benny Tai perante milhares de pessoas concentradas em várias avenidas da zona de Admiralty, perto da sede do governo -- o complexo Tamar, que alberga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho Legislativo (parlamento) e as principais secretarias de Hong Kong.

Alguns estudantes manifestaram, todavia, o seu descontentamento com a antecipação da campanha do "Occupy Central", por considerarem que se estavam a aproveitar do movimento estudantil em benefício próprio, referem o jornal South China Morning Post e a RTHK.

A Federação de Estudantes iniciou esta segunda-feira uma semana de boicote às aulas.

O "Occupy Central" é um movimento que nasceu em janeiro de 2013 com o objetivo de paralisar a atividade no distrito de Central, centro financeiro e comercial de Hong Kong, contra a decisão de Pequim de limitar o sufrágio universal.

Os protestos de uma semana promovidos por estudantes e ativistas culminaram na noite de sexta-feira com a entrada forçada no interior do complexo Tamar e com o uso de gás pimenta pela polícia para tentar dispersar os manifestantes.

Entre a noite de sexta-feira e sábado foram detidas 74 pessoas, incluindo o líder estudantil Joshua Wong, de apenas 17 anos.

Entretanto, democratas veteranos acorreram hoje ao complexo de Tamar, apelando ao público para apoiar a luta por um sufrágio universal autêntico.

O deputado e líder do Partido Cívico Alan Leong descreveu a ação como um momento crucial e apelou às pessoas para fazerem ouvir as suas vozes.

Já o fundador do Partido Democrata, Martin Lee, pediu para o público se unir e "trazer a democracia para Hong Kong o mais rápido possível".

Em declarações citadas pela RTHK, a vice-presidente da comissão de redação da Lei Básica, Elsie Leung, disse que a ação extrema para tentar forçar Pequim a dar concessões sobre a reforma política em Hong Kong vai ter um efeito contrário.

Para Elsie Leung, tais ações afetam a estabilidade social e a economia e não vão conquistar os corações e mentes da opinião pública.

A China prometeu à população de Hong Kong que poderia escolher o seu chefe do Executivo em 2017. Mas a 31 de agosto, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.

FV (DM) //GC - Lusa

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