Hong
Kong, China, 28 set (Lusa) -- Cinco figuras pró-democratas, incluindo três
deputados, foram hoje detidos pela polícia num protesto junto ao complexo
governamental de Hong Kong, no primeiro dia da campanha de desobediência civil
promovida pelo movimento "Occupy Central" inicialmente previsto para
01 de outubro.
Entre
os manifestantes detidos estão a presidente do Partido Democrata, Emily Lau, e
Joseph Cheng, da Aliança para a Verdadeira Democracia, segundo a Rádio e
Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
Os
três outros pró-democratas detidos eram os membros do Partido Democrata Albert
Ho e Yeung Sum e o vice-presidente do Partido Trabalhista, Fernando Cheung,
disse o deputado Lee Cheuk-yan, um dos signatários da Declaração Conjunta
Sino-britânica, assinada em 1984.
Segundo
a RTHK, vários voluntários envolvidos nos protestos foram também detidos hoje.
O
académico e cofundador do movimento 'Occupy Central' Benny Tai anunciou esta
madrugada a antecipação do início da campanha de desobediência civil por uma democracia
autêntica em Hong Kong ,
depois de duas noites de protestos promovidos pelos estudantes daquela cidade
do sul do China.
"O
Occupy Central começa agora", disse Benny Tai perante milhares de pessoas
concentradas em várias avenidas da zona de Admiralty, perto da sede do governo
-- o complexo Tamar, que alberga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho
Legislativo (parlamento) e as principais secretarias de Hong Kong.
Alguns
estudantes manifestaram, todavia, o seu descontentamento com a antecipação da
campanha do "Occupy Central", por considerarem que se estavam a
aproveitar do movimento estudantil em benefício próprio, referem o jornal South
China Morning Post e a RTHK.
A
Federação de Estudantes iniciou esta segunda-feira uma semana de boicote às aulas.
O
"Occupy Central" é um movimento que nasceu em janeiro de 2013 com o
objetivo de paralisar a atividade no distrito de Central, centro financeiro e
comercial de Hong Kong, contra a decisão de Pequim de limitar o sufrágio
universal.
Os
protestos de uma semana promovidos por estudantes e ativistas culminaram na
noite de sexta-feira com a entrada forçada no interior do complexo Tamar e com
o uso de gás pimenta pela polícia para tentar dispersar os manifestantes.
Entre
a noite de sexta-feira e sábado foram detidas 74 pessoas, incluindo o líder
estudantil Joshua Wong, de apenas 17 anos.
Entretanto,
democratas veteranos acorreram hoje ao complexo de Tamar, apelando ao público
para apoiar a luta por um sufrágio universal autêntico.
O
deputado e líder do Partido Cívico Alan Leong descreveu a ação como um momento
crucial e apelou às pessoas para fazerem ouvir as suas vozes.
Já
o fundador do Partido Democrata, Martin Lee, pediu para o público se unir e
"trazer a democracia para Hong Kong o mais rápido possível".
Em
declarações citadas pela RTHK, a vice-presidente da comissão de redação da Lei
Básica, Elsie Leung, disse que a ação extrema para tentar forçar Pequim a dar
concessões sobre a reforma política em Hong Kong vai ter um efeito contrário.
Para
Elsie Leung, tais ações afetam a estabilidade social e a economia e não vão
conquistar os corações e mentes da opinião pública.
A
China prometeu à população de Hong Kong que poderia escolher o seu chefe do
Executivo em 2017. Mas a 31 de agosto, Pequim decidiu que os aspirantes ao
cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para
concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.
FV
(DM) //GC - Lusa
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