O
candidato da Frelimo às presidenciais, Filipe Nyusi, prometeu esta
quinta-feira, dia 18 de Novembro, "uma nova fotografia" para Catembe,
um distrito rural e pobre apesar de se situar a apenas dez minutos de barco da
cidade de Maputo.
"Esta
fotografia de hoje não vai ser a de amanhã", garantiu o candidato da
Frelimo durante um comício no interior do distrito de Catembe, onde nascerá uma
potencial nova centralidade urbana da capital moçambicana, após a conclusão de
uma ponte de cerca de três quilómetros a unir os dois lados da baía e duas
novas estradas a rasgar o sul da província de Maputo.
O
atraso e isolamento que Nyusi prometeu combater em Catembe podem ser medidos
nas promessas que hoje dirigiu a algumas centenas de apoiantes em Chamissava,
na forma de alargamento da distribuição da energia elétrica, iluminação pública
para combater a criminalidade e um banco, o compromisso mais aplaudido por uma
população que diariamente é ofuscada pelos ?neons' das grandes instituições
bancárias no lado norte da baía.
"A
grande diferença da Frelimo com não sei quem é que a Frelimo pensa no amanhã e
já sabe o que vai fazer em Catembe", afirmou Nyusi.
No
segundo dia da sua campanha em Maputo, o candidato abandonou em festa o cais da
capital moçambicana, foi escoltado por lanchas com bandeiras do seu partido até
Catembe, onde foi recebido por dezenas de apoiantes em apoteose, num cenário em
que praticamente todos os edifícios, casebres ou mobiliário urbano ostentam
imagens de Nyusi e da Frelimo.
No
trajeto em estrada de terra, acabados os cem metros alcatroados da ponte cais,
para o local do comício, a paisagem torna-se marcadamente rural e desertificada
e ainda assim assinalada pontualmente com cartazes da Frelimo e do seu
candidato, à semelhança da campanha em enorme escala no resto do país.
O
esforço da máquina de campanha da Frelimo em garantir notoriedade a um político
até há poucos meses desconhecido para a maioria do eleitorado é ainda visível
em camisolas, capulanas, nos cartazes colados nos troncos das mangueiras que
hoje ensombraram o comício e até em garrafas de água com rótulos
personalizados.
"Como
é que eu me chamo?, perguntou o candidato várias vezes à assistência de
Chamissava, que antes dançara ao ritmo do hino de campanha "Nyusi, eu
confio em ti".
"Visionário",
"sonhador", "jovem brilhante", "operário" e
"cheio de criatividade", assim o descreveu Conceita Sortane, chefe da
brigada central da Frelimo na cidade de Maputo, e que, além da apresentação do
candidato, dedicou largos minutos a uma aula prática do ato da votação,
simulada com auxílio de boletins de voto gigantes, e a indicação repetida de
que a cruz deve ir para a imagem do batuque e da maçaroca, símbolos do partido.
"Filipe
Nyusi sou eu", identificou-se perante o eleitorado local o candidato da
Frelimo, cuja imagem também figurará no boletim de voto das presidenciais.
Ladeado
pelos candidatos da Frelimo à Assembleia da República pelo círculo de Maputo,
Nyusi pediu o voto também para eles, lembrando a importância de uma maioria
parlamentar.
"Para
poder governar, para fazer estradas, trazer energia, água e escolas, preciso de
um parlamento com uma visão igual à da Frelimo, que pensa no amanhã",
declarou Filipe Nyussi. "Se não votarem na Frelimo, não sei quem vai estar
[no parlamento]. Por favor, votem nestes camaradas. Perceberam o meu
pedido?"
Sustentando
que os projetos da Frelimo são já visíveis em todas as províncias do país, o
candidato recordou por outro lado que "a luta contra a pobreza não acaba
em três ou quatro ciclos políticos, é um trabalho permanente".
"Não
queremos governar com palavras, nem com ódio nem com inveja, mas com o povo. É
esse o estilo de governação que quero imprimir", disse ainda o candidato,
que, apesar de ter feito o caminho inverso de barco para Maputo, permanecerá em
milhares de cartazes e 'slogans' diversos em Catembe: "Filipe Nyussi,
defensor dos ideais de Mondlane, Samora, Chissano e Guebuza".
Moçambique
realiza eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais)
a 15 de Outubro.
Lusa
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