sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Pequim preocupado com impacto do referendo escocês em Taiwan, Tibete e Hong Kong




Hong Kong, China, 19 set (Lusa) - As autoridades de Pequim estão a observar de perto o referendo à independência da Escócia e a avaliar cuidadosamente o impacto que a votação pode ter nos seus territórios, diz o jornal de Hong Kong South China Morning Post.

Desde que as urnas abriram, não foi feito qualquer comentário oficial, mas a atenção do público é elevada, descreve o diário.

Stephen Notman, um escocês que trabalha na China e regressou a casa para votar, garante que os seus amigos chineses têm feito muitas comparações entre a Escócia e os desenvolvimentos em Taiwan, Xinjiang e Tibete.

Outro escocês em Pequim, Stephen Nashef, professor de inglês, contou que alguns dos seus amigos chineses consideram o referendo como algo "estranho".

"Julgo que o Reino Unido é olhado como sendo um país poderoso e bem-sucedido. Muitas pessoas acham estranho que [partes desse país] se queiram separar", comenta.

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, durante uma viagem a Londres em junho, que a China queria ver "um Reino Unido forte, próspero e unido".

Analistas explicam ao jornal que o assunto é sensível para Pequim, já que tem o potencial de encorajar debates sobre se o futuro de Taiwan, do Tibete ou até de Hong Kong deve ser "decidido pelas pessoas".

"A República Popular da China nunca gostou da ideia de realizar este tipo de referendos em Taiwan ou em qualquer outro sítio considerado território chinês", comenta Dali Yang, professor de Ciência Política na Universidade de Chicago.

Titus Chen Chih-chieh, professor de Relações Internacionais na Universidade Nacional de Chengchi, em Taiwan, acredita que as implicações para Hong Kong e Taiwan são uma séria preocupação.

"A China Continental não quer, obviamente, que a forma como os escoceses decidem o seu futuro seja vista como um exemplo para Taiwan e Hong Kong", diz.

Na segunda-feira, o jornal oficial chinês Global Times, escreveu que a decisão de Cameron de permitir o referendo foi "imprudente" e irá torná-lo um "pecador" no Reino Unido, caso a Escócia se torne independente.

"Se a auto-determinação nacional se tornar um princípio supremo, a Europa vai estar constantemente a separar-se em pequenas frações, o que contraria a integração europeia", dizia o jornal.

ISG // JCS - Lusa

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