Díli,
06 set (Lusa) - O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) anunciou sexta-feira,
em comunicado, ter adiado o início das audições a Timor-Leste e à Austrália no
caso sobre a apreensão de documentos das autoridades australianas a um advogado
timorense.
Em
comunicado, o TIJ, principal órgão judicial da ONU, afirma ter decidido aceitar
um pedido feito pelos dois países para o início das audições ser adiado.
As
audições estavam previstas decorrer entre 17 e 24 de setembro.
Segundo
o TIJ, Timor-Leste e a Austrália enviaram uma carta conjunta a pedir para
"adiar a audiência para tentarem encontrar uma solução amigável".
O
TIJ decidiu em março impedir a Austrália de utilizar os documentos apreendidos
nas buscas ao escritório do advogado que representa Timor-Leste nas acusações
de alegada espionagem que opõem os dois países.
Na
decisão, o TIJ, o principal órgão judicial das Nações Unidas, decidiu que a
Austrália "deve assegurar que o conteúdo do material apreendido não é, em
momento algum, utilizado por alguma pessoa ou pessoas, até que o caso presente
seja encerrado".
O
TIJ exige que a Austrália mantenha selados os documentos e informação
eletrónica e quaisquer cópias até "futuras decisões do Tribunal".
O
tribunal decidiu também que Camberra não pode "interferir de forma nenhuma
nas comunicações entre Timor-Leste e os seus advogados" relacionadas com a
arbitragem pendente do tratado do mar de Timor, com quaisquer futuras
negociações relativas à delimitação marítima ou com qualquer outro procedimento
que envolva os dois países, incluindo o atual caso presente a tribunal.
O
tribunal realizou as audiências ao caso em janeiro, com Timor-Leste a pedir
respeito pela soberania do país e a restituição dos documentos confidenciais,
enquanto a Austrália se comprometia a não ler ou estudar os materiais
apreendidos até à existência de uma decisão.
Timor-Leste
pedia ainda que o TIJ ordenasse à Austrália a restituição dos documentos
apreendidos e que apresentasse desculpas oficiais e garantias do pagamento das
custas judiciais.
As
rusgas ao escritório e residência do advogado timorense ocorreram após
Timor-Leste ter acusado formalmente, junto do tribunal arbitral de Haia, a
Austrália de espionagem quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos
Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), em 2004.
O
processo de espionagem também está a ser tratado em Haia, mas pelo Tribunal
Permanente de Arbitragem.
Com
a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo
assim negociar a limitação das fronteiras marítimas e tirar todos os proveitos
da exploração do campo de gás de Greater Sunrise, que vale milhares de milhões
de dólares.
MSE
// FV - Lusa
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