Depois
de dois dias de violência em Gaza, registaram-se esta quinta-feira, em Nampula,
mais confrontos entre apoiantes da FRELIMO e o MDM, que acusa a polícia de
estar "a ser usada como escudo" do partido no poder.
Os
confrontos entre apoiantes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO),
partido no poder, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira
maior força politicado país, marcaram as celebrações dos 50 anos do início da
luta de libertação e o Dia das Forças Armadas na maior cidade do norte do país.
Dois
apoiantes do MDM foram detidos esta quinta-feira (25.09). Segundo a agência de
notícias Lusa, Miguel Bartolomeu, porta-voz da Polícia da República de
Moçambique (PRM) em Nampula, disse à imprensa que a autoria dos incidentes é
"total e completa" dos membros da terceira maior força política do
país.
Estes
incidentes seguem-se a dois dias consecutivos de violência na província de
Gaza, no sul do país. A caravana eleitoral do candidato do MDM foi atacada em
Chibuto, Chowké, Xai-Xai e Macia.
Essas
ações terão sido perpetradas por membros e simpatizantes da FRELIMO que se
apresentaram trajados com os símbolos deste partido, tentando inviabilizar a
livre circulação dos membros do MDM.
“Existem
vídeos e há pessoas que vivem em Chibuto, em Macia, em Chowké e em Xai-Xai que
presenciaram e conhecem as pessoas”, disse à DW África Sande Carmona, o
porta-voz do MDM.
“Polícia
usada como escudo da FRELIMO”
Um
dos casos mais graves ocorreu na terça-feira (23.09) quando apoiantes da
FRELIMO tentaram bloquear em vários locais a passagem da caravana eleitoral do
líder do MDM, Daviz Simango, resultando em confrontos entre membros dos dois
partidos.
Sande
Carmona afirma que “a FRELIMO juntou os seus elementos e deputados da
Assembleia da República e atacaram a caravana do candidato do MDM, atentando
contra a vida deste e dos elementos que o acompanhavam”.
O
porta-voz do MDM não poupa críticas à actuação da polícia, que foi informada do
caso. “A polícia destacou duas meninas para acompanhar e impedir qualquer acção
que pudesse obstruir [a campanha]. Infelizmente, as duas meninas, que
supostamente são polícias, acabaram por se juntar ao grupo da FRELIMO”, acusa.
O
MDM faz “campanha ordeira”, sublinha Sande Carmona. “Não temos a força policial
nem outra força especial que se chama FIR [Força de Intervenção Rápida]. Sempre
que há provocações, quem sai sempre lesado somos nós. Nós é que vamos parar às
cadeias e aos hospitais. E eles são sempre protegidos pela polícia”, critica.
“Se
há provocações do lado do MDM e do lado da FRELIMO, então devia haver feridos e
presos de ambos os lados”, salienta o porta-voz da terceira maior força
política de Moçambique. “A polícia está a ser usada como escudo da FRELIMO”,
acusa.
UE
atenta à violência
A
missão de Observação Eleitoral da União Europeia (UE) em Moçambique já garantiu
que os mais de cem elementos da sua equipa vão dar grande atenção a casos de
violência durante a campanha para as eleições gerais de 15 de outubro.
Na
terça-feira (23.09), a chefe da Missão de Observação Eleitoral da UE, Judith
Sargentini, eurodeputada holandesa, manteve um encontro com o presidente da
Comissão Nacional de Eleições (CNE), Abdul Carimo, para abordar os casos de
violência que poderão manchar o processo eleitoral em Moçambique.
“A CNE está neste momento a trabalhar com os principais
atores para ver se os líderes das principais forças políticas podem apelar aos
seus membros para não enveredarem pela violência”, declarou Paulo Cuinica, porta-voz
da CNE.
Paulo Cuinica lembra que “a lei proíbe claramente o impedimento da realização de reuniões de partidos políticos”. Por isso, sublinha, “aqueles que procuram coarctar o direito à liberdade de reunião deviam ser responsabilizados.”
A DW África tentou obter uma reação do Departamento de Relações Públicas da Polícia moçambicana, mas apesar de muita insistência não foi possível encontrar um interlocutor.
“A CNE
Paulo Cuinica lembra que “a lei proíbe claramente o impedimento da realização de reuniões de partidos políticos”. Por isso, sublinha, “aqueles que procuram coarctar o direito à liberdade de reunião deviam ser responsabilizados.”
A DW África tentou obter uma reação do Departamento de Relações Públicas da Polícia moçambicana, mas apesar de muita insistência não foi possível encontrar um interlocutor.
António
Rocha / Lusa – Deutsche Welle
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