quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Construtora de Macau apresenta queixa-crime contra dois ativistas por difamação




Macau, China, 25 set (Lusa) - A Ho Chun Kei, uma das grandes construtoras de Macau, apresentou uma queixa-crime contra dois ativistas locais por alegada difamação, após acusações de eventuais benefícios para a empresa num caso de desenvolvimento de terrenos.

Contactados pela agência Lusa, os ativistas Jason Chao e Bill Chou afirmaram que se trata de uma acusação de difamação relacionada com o conteúdo de uma conferência de imprensa organizada em janeiro pela Associação Novo Macau, de que Chao era presidente na altura.

Em causa estava o plano de reordenamento da zona norte da Taipa, um projeto apresentado pelo Governo dois meses antes de entrar em vigor a nova lei de planeamento urbanístico de Macau.

A apresentação da queixa foi confirmada pelo advogado da empresa que não quis, no entanto, prestar mais esclarecimentos por o caso se encontrar atualmente em segredo de justiça.

"Está nas mãos do Ministério Público", afirmou João Nogueira Marques.

Segundo Jason Chao, "estão a apontar para as declarações sobre conluio".

"Acham que as notícias [que saíram na altura] foram prejudiciais para os acionistas, mas temos confiança na informação, usámos informação pública", argumentou.

A associação acreditava que este plano tinha sido feito de modo a beneficiar determinados promotores imobiliários, próximos do Governo, dizendo mesmo que "há concluiu entre o Governo e os magnatas".

A Novo Macau chamou a atenção, em particular, para duas parcelas que dizia não estarem registadas como privadas junto da Conservatória de Registo Predial, levando ao entendimento de que o terreno estava sob gestão pública. No entanto, no local, estavam afixados cartazes de duas empresas, a Luen Kong e a construtora Ho Chun Kei.

Em esclarecimentos à imprensa, a Direção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes garantiu que os terrenos eram privados.

No encontro com os jornalistas, Jason Chao disse encarar o envolvimento da Ho Chun Kei com estes terrenos como uma prova de que "o Governo está a fazer um plano feito à medida para beneficiar os seus amigos, que são promotores imobiliários".

Jason Chao e Bill Chou explicaram à agência Lusa que receberam a notificação da Polícia Judiciária há cerca de uma semana e foram hoje chamados a comparecer pessoalmente nas instalações.

"Acho que as provas que temos vão valer em tribunal. Se decidirem avançar com o caso, tudo bem, vemo-nos no tribunal. Não posso relevar mais porque estamos em fase de segredo de justiça", rematou o ativista.

ISG// APN - Lusa

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