Macau, China, 25
set (Lusa) - A Ho Chun Kei, uma das grandes construtoras de Macau, apresentou
uma queixa-crime contra dois ativistas locais por alegada difamação, após
acusações de eventuais benefícios para a empresa num caso de desenvolvimento de
terrenos.
Contactados pela
agência Lusa, os ativistas Jason Chao e Bill Chou afirmaram que se trata de uma
acusação de difamação relacionada com o conteúdo de uma conferência de imprensa
organizada em janeiro pela Associação Novo Macau, de que Chao era presidente na
altura.
Em causa estava o
plano de reordenamento da zona norte da Taipa, um projeto apresentado pelo
Governo dois meses antes de entrar em vigor a nova lei de planeamento
urbanístico de Macau.
A apresentação da
queixa foi confirmada pelo advogado da empresa que não quis, no entanto,
prestar mais esclarecimentos por o caso se encontrar atualmente em segredo de
justiça.
"Está nas mãos
do Ministério Público", afirmou João Nogueira Marques.
Segundo Jason Chao,
"estão a apontar para as declarações sobre conluio".
"Acham que as
notícias [que saíram na altura] foram prejudiciais para os acionistas, mas
temos confiança na informação, usámos informação pública", argumentou.
A associação
acreditava que este plano tinha sido feito de modo a beneficiar determinados
promotores imobiliários, próximos do Governo, dizendo mesmo que "há
concluiu entre o Governo e os magnatas".
A Novo Macau chamou
a atenção, em particular, para duas parcelas que dizia não estarem registadas
como privadas junto da Conservatória de Registo Predial, levando ao
entendimento de que o terreno estava sob gestão pública. No entanto, no local,
estavam afixados cartazes de duas empresas, a Luen Kong e a construtora Ho Chun
Kei.
Em esclarecimentos
à imprensa, a Direção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes
garantiu que os terrenos eram privados.
No encontro com os
jornalistas, Jason Chao disse encarar o envolvimento da Ho Chun Kei com estes
terrenos como uma prova de que "o Governo está a fazer um plano feito à
medida para beneficiar os seus amigos, que são promotores imobiliários".
Jason Chao e Bill
Chou explicaram à agência Lusa que receberam a notificação da Polícia
Judiciária há cerca de uma semana e foram hoje chamados a comparecer
pessoalmente nas instalações.
"Acho que as
provas que temos vão valer em
tribunal. Se decidirem avançar com o caso, tudo bem, vemo-nos
no tribunal. Não posso relevar mais porque estamos em fase de segredo de
justiça", rematou o ativista.
ISG// APN - Lusa
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