O
advogado Ponciano Mbomio Nvó disse hoje que o dinheiro que resultou do acordo
entre o filho do Presidente e o Departamento de Justiça norte-americano só deve
ter como destino o povo da Guiné Equatorial.
"Este
dinheiro tem como destino o povo da Guiné Equatorial", declarou à agência
Lusa Mbomio Nvó, sublinhando que o montante "só poderia ter este
fim", pertence ao povo" equato-guineense, beneficiando obras sociais
no país, entre outros.
O
advogado e crítico do regime da Guiné Equatorial declarou ainda que a gestão do
dinheiro não pode voltar às mãos dos governantes do país, o que deve
efetivamente acontecer, para evitar possíveis fraudes e desvios.
Há
mais de 20 anos que Ponciano Mbomio Nvó é advogado, com muitos casos envolvendo
"prisioneiros políticos e de consciência".
Teodoro
Nguema Obiang Mangue, conhecido como Teodorin, é filho do Presidente da Guiné
Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, e chegou a acordo com o Departamento de
Justiça norte-americano, no valor de 30 milhões de dólares, no âmbito de um
processo de corrupção que enfrenta nos Estados Unidos.
Segundo
um comunicado do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no acordo aprovado
na sexta-feira por um tribunal californiano, Teodoro Nguema Obiang Mangué -
segundo vice-presidente da Guiné Equatorial, também conhecido como Teodorin -
aceitou vender a sua mansão em Malibu, na Califórnia, um Ferrari e seis
estátuas em tamanho real de Michael Jackson.
De
acordo com o comunicado do Departamento de Justiça norte-americano, cerca de 20
milhões de dólares irão para uma organização de caridade ativa na Guiné
Equatorial e, outros 10,3 milhões de dólares de multa para os Estados Unidos
serão redistribuídos ao povo equato-guineense em função da legislação do país.
Os
Estados Unidos acusavam Teodorin de ter comprado todos os seus bens com
dinheiro proveniente de corrupção no seu país.
O
segundo vice-presidente da Guiné Equatorial, que tem um salário anual de 100
mil dólares no governo do país, poderá manter o seu avião particular, um iate
de luxo e a maioria da coleção de objetos de Michael Jackson, mas poderão ser
apreendidas se foram levadas para os Estados Unidos.
Segundo
a justiça norte-americana, o segundo vice-presidente teria usado a sua
influência para obter 300 milhões de dólares, através da corrupção e
branqueamento de capitais, o que viola as leis dos Estados Unidos e da Guiné
Equatorial.
Teodorin
também está ainda sob investigação em França por branqueamento de capitais
públicos, abuso de confiança e de bens públicos, em conexão de outro caso de
corrupção que envolve três líderes africanos, incluindo o seu pai, Teodoro
Obiang, no poder desde 1979.
No
Brasil, a justiça também estava a investigar as compras de imóveis feitas por
Teodorin.
Liderada
desde o final dos anos 1970 por Teodoro Obiang Nguema, a Guiné Equatorial aderiu
à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no início deste verão, na
cimeira de Díli, apesar dos protestos de várias organizações defensoras de
direitos humanos.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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