domingo, 12 de outubro de 2014

Guiné Equatorial: Dinheiro de acordo entre Teodorin e EUA tem de ir para o povo




O advogado Ponciano Mbomio Nvó disse hoje que o dinheiro que resultou do acordo entre o filho do Presidente e o Departamento de Justiça norte-americano só deve ter como destino o povo da Guiné Equatorial.

"Este dinheiro tem como destino o povo da Guiné Equatorial", declarou à agência Lusa Mbomio Nvó, sublinhando que o montante "só poderia ter este fim", pertence ao povo" equato-guineense, beneficiando obras sociais no país, entre outros.

O advogado e crítico do regime da Guiné Equatorial declarou ainda que a gestão do dinheiro não pode voltar às mãos dos governantes do país, o que deve efetivamente acontecer, para evitar possíveis fraudes e desvios.

Há mais de 20 anos que Ponciano Mbomio Nvó é advogado, com muitos casos envolvendo "prisioneiros políticos e de consciência".

Teodoro Nguema Obiang Mangue, conhecido como Teodorin, é filho do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, e chegou a acordo com o Departamento de Justiça norte-americano, no valor de 30 milhões de dólares, no âmbito de um processo de corrupção que enfrenta nos Estados Unidos.

Segundo um comunicado do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no acordo aprovado na sexta-feira por um tribunal californiano, Teodoro Nguema Obiang Mangué - segundo vice-presidente da Guiné Equatorial, também conhecido como Teodorin - aceitou vender a sua mansão em Malibu, na Califórnia, um Ferrari e seis estátuas em tamanho real de Michael Jackson.

De acordo com o comunicado do Departamento de Justiça norte-americano, cerca de 20 milhões de dólares irão para uma organização de caridade ativa na Guiné Equatorial e, outros 10,3 milhões de dólares de multa para os Estados Unidos serão redistribuídos ao povo equato-guineense em função da legislação do país.

Os Estados Unidos acusavam Teodorin de ter comprado todos os seus bens com dinheiro proveniente de corrupção no seu país.

O segundo vice-presidente da Guiné Equatorial, que tem um salário anual de 100 mil dólares no governo do país, poderá manter o seu avião particular, um iate de luxo e a maioria da coleção de objetos de Michael Jackson, mas poderão ser apreendidas se foram levadas para os Estados Unidos.

Segundo a justiça norte-americana, o segundo vice-presidente teria usado a sua influência para obter 300 milhões de dólares, através da corrupção e branqueamento de capitais, o que viola as leis dos Estados Unidos e da Guiné Equatorial.

Teodorin também está ainda sob investigação em França por branqueamento de capitais públicos, abuso de confiança e de bens públicos, em conexão de outro caso de corrupção que envolve três líderes africanos, incluindo o seu pai, Teodoro Obiang, no poder desde 1979.

No Brasil, a justiça também estava a investigar as compras de imóveis feitas por Teodorin.

Liderada desde o final dos anos 1970 por Teodoro Obiang Nguema, a Guiné Equatorial aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no início deste verão, na cimeira de Díli, apesar dos protestos de várias organizações defensoras de direitos humanos.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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