O
acesso ao Largo da Independência, no centro de Luanda, foi hoje bloqueado por
algumas dezenas de agentes da Polícia Nacional, travando desta forma uma
manifestação de jovens angolanos que pretendiam contestar as anunciadas
alterações à Lei da Nacionalidade.
A
manifestação, convocada pelo Movimento Revolucionário, estava agendada para as
13:00 (mesma hora em Lisboa) de hoje, mas desde a manhã que se começou a
concentrar, no local do protesto, um forte dispositivo policial, constatou a
Lusa.
Como
acontece habitualmente nestas manifestações, foram feitas algumas detenções na
envolvente do Largo da Independência, cerca de trinta minutos depois da hora
prevista para o protesto, quando estes manifestantes se aproximavam do local.
Depois
destas detenções, a Lusa tentou contactar o porta-voz do Movimento
Revolucionário, Adolfo Campos, e outros elementos da organização do protesto,
mas sem sucesso.
Em
causa está uma proposta de alteração à Lei da Nacionalidade, contendo 26
modificações, enviada em julho à Assembleia Nacional pelo Presidente angolano,
José Eduardo dos Santos.
Em
declarações anteriores à Lusa, Adolfo Campos tinha explicado que este
"protesto pacífico" pretendia pedir a "revogação" da
proposta, alegando que a nacionalidade "não se dá a ninguém de forma
fácil".
Para
o local da manifestação de hoje foram mobilizados elementos da Polícia Nacional
de Angola, que impediam o acesso ao interior do mesmo largo, onde sobressai um
monumento de vários metros de altura em memória do primeiro Presidente
angolano, Agostinho Neto.
A
Lusa confirmou a presença no mesmo local de equipas da Polícia de Intervenção
Rápida (PIR) e cinotécnicas (binómio homem/cão). Um dispositivo aparentemente
inferior a manifestações anteriores, igualmente agendadas pelos mesmos jovens
ativistas angolanos, que contestam a atual governação do país.
Com
esta proposta apresentada ao parlamento, o Presidente passa a ter a faculdade
de conceder a nacionalidade angolana, por naturalização, a estrangeiros que
tenham prestado ou sejam chamados a prestar serviços relevantes ao Estado,
estando apenas, de forma geral, consagrada a necessidade de conhecimento
suficiente da língua portuguesa.
"Querem
fazer uma nova colonização de Angola e nós não aceitamos", criticou, por
seu turno, antes desta manifestação, Adolfo Campos.
As
manifestações agendadas pelo Movimento Revolucionário desde 2011 envolvem, por
norma, a mobilização de fortes dispositivos de segurança, detenções e
confrontos com a polícia.
Lusa,
em Notícias ao Minuto (ontem)
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