Mário
Motta, Lisboa
Não
há dúvidas sobre a legitimidade dos anseios e protestos das populações nas
chamadas RAE na ChIna (Regiões Administrativas Especiais), como é exemplo Hong Kong
e Macau. Não só estas regiões especiais mas toda a China precisam de muito mais
democracia, contudo nota-se que vem em crescendo a manipulação de forças
opostas a uma democracia real. Forças opostas, encabeçadas pelos EUA e seus
satélites anglófonos e mais uns quantos países servis e de dúbio patriotismo
que vêem no crescimento e globalização da China como enorme potência um entrave
já presente mas principalmente futuro ao poder hegemonico dos EUA e seus aliados
ocidentais – caso da União Europeia de Merkel.
O
regime chinês, de partido político único, tem muitos defeitos. Pequim domina
com mão-de-ferro um país imenso, o maior do mundo e o mais populoso do mundo.
Ainda há poucos anos abriu-se consideravelmente ao exterior e a uma economia
mista que, como ensaio, aparenta estar a resultar e a dar os frutos esperados a
um ritmo deslumbrante. A China cresce como grande potência. É a China que
empresta e doa aos EUA dólares, não o contrário. A grandeza dos EUA e seus
pares incondicionais anglófonos mirra a olhos vistos. Os crimes que os EUA têm
praticado no interior do país e por todo o mundo assolam cada vez mais as
consciências dos cidadãos deste planeta. Como qualquer império ao longo da
história, os EUA estão na fase do canto do cisne, fazendo um grande esforço
para que tal não aconteça. Esse esforço tem resultado em várias frustrações. Uma
delas é ter vindo a criar cada vez mais adversários e até fanáticos inimigos.
Algo que por tabela também contempla outros países, como Inglaterra, a Austrália, Canadá e
boa parte da Europa Ocidental. Os aliados.
Importa
salientar que não devemos esquecer a importância dos EUA no derrube da loucura
samurai do Japão na segunda guerra mundial, assim como a febre fascista de
Hitler na Europa Ocidental e em África, principalmente. Japão e Alemanha eram
os aliados do Eixo e conseguiram contar para a história dos anos 30 a 40 com a maior mortandade
pelo mundo durante imensos anos. Nada que agora os EUA com as suas frequentes
guerras, Vietnam, Iraque e muitas outras, não tenha já superado em número de
vítimas civis. Os EUA e os seus três principais aliados: Canadá, Austrália e Inglaterra, levando por arrasto países da União Europeia cujos dirigentes
estão sempre dispostos a curvarem a coluna vertebral e a usarem a histórica
servidão congénita e lambe-botas. O chamado Ocidente.
É
esse Ocidente hipócrita - ao querer dar ares de muito boas intenções - que tem
vindo a procurar hipnotizar a gigantesca China e dali tirar o máximo de
vantagens quase sem deixar contrapartidas. Debalde o tem conseguido. Pequim não
se tem deixado hipnotizar. Então, o melhor modo é o tradicional: enfraquecer a
China, causar ali problemas internos, manipular a população chinesa e
proporcionar-lhe a podridão ocidental da atualidade e de costumes insanos que
negam a justiça. E sem justiça não existe democracia. Justiça social, política, económica e
comportamental. Essa postura de ausência do mais básico da democracia é doença
do Ocidente. Tão bem orquestrada que ilude a maioria dos cidadãos através de
perspicazes lavagens ao cérebro inseridas em discursos políticos eivados de mentiras
e através da comunicação social apossada por grandes corporações ao serviço
do capitalismo dos mercados. No ocidente vimos famílias reais, presidentes da
república, primeiros-ministros, ministros, deputados, senadores, partidos
políticos vendidos ao grande capital. Vendidos por parcas côdeas que para eles,
corruptos e gananciosos, significam bastante. Democracia? Justiça? Onde? No
Ocidente? Não. O que vimos é autêntico banditismo. Parceiro de muitos ditadores
e regimes pseudo-democráticos de África, Ásia ou América Latina, mas com uma
sofisticação deslumbrante, inteligente, suja e monstruosamente desumana e
antidemocrática. Contudo, os cidadãos ocidentais do globo terrestre julgam
viver em democracia, quando afinal vivem numa pseudodemocracia.
A
experiência chinesa de abertura ao exterior e à democracia tem sido e vai ser
muito complicada. Ainda mais por o Ocidente tudo fazer para se intrometer. É
evidente que não pode abrir todas as portas que por imensos séculos contiveram
a liberdade e a democracia, a real. Tem de fazê-lo com as devidas precauções
para interesse geral dos chineses e do país. Mas não pode fazê-lo tão
lentamente quanto está a fazê-lo, principalmente nas chamadas regiões administrativas especiais como o caso de Macau e Hong Kong. A China tem de saber que conter por
tempo demasiado as aspirações justas das populações pode resultar em perdas
terríveis para o seu projeto de grande potência e grande nação. Pequim,
ao radicalizar-se contra as aspirações da população de Macau e de Hong Kong
abre as portas a interferências dos seus adversários económicos e políticos –
principalmente os EUA e satélites anglófonos como a Inglaterra e Austrália. Daí
à infiltração e consequente manipulação da população por parte de agências
norte-americanas é um ápice que dificilmente pode ser contido. É aquilo que
já está a acontecer em Hong Kong. Os
protestos em Hong Kong
já têm a mão da CIA com o propósito de desestabilizar a China. E disso a maioria da população nem se apercebe, infelizmente, como aconteceu e acontece noutros países em
situações mais ou menos idênticas.
É
evidente que Pequim sabe disto e como num jogo de xadrez está a pensar e a
fazer as suas jogadas, mas jamais acabará com a mão da CIA em Hong Kong e, a seguir,
em Macau, se teimar em conter as aspirações justas da população. Na realidade
não faz sentido ser Pequim a nomear quem governa os macaenses ou os
hongkonguenses, sendo que ambas as regiões têm por definição a autonomia. São
as populações que devem tomar em mãos a decisão de eleger quem os governa. Cabe
a Pequim, ao governo da China, aproveitar ambas as regiões para ensaiar e
realizar uma democracia real totalmente dissemelhante da pseudodemocracia do
Ocidente. Esta é uma grande oportunidade da China dar uma lição ao mundo de
podridão do ocidente. Beneficiando sobretudo o regime e os seus cidadãos.
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