A
ex-Secretária Especial de Promoção da Igualdade racial do DF (SEPIR-DF),
advogada, ex-empregada doméstica e militante do Movimento Negro Nacional, Josefina
Serra dos Santos, foi agredida e ameaçada no último de 08 de Outubro, na
Rodoviária do Plano Piloto e fez denuncia no Facebook. Estamos entrando em
contato com a ex-Secretária para maiores esclarecimentos.
Pessoas,
hoje estou me sentindo mais humilhada, dolorida que ontem, data do fato.
Fui fazer uma audiência ontem na Cidade Ocidental, desci na Rodoviária do Plano Piloto e como estava cedo, resolvi ir andando até a sede do PDT, estou perto da Biblioteca Nacional e vejo cinco PMs negros gritando com um jovem negro e duas meninas brancas, as meninas foram liberadas, mas o policial gritava com o jovem, jogando as coisas dele no chão.
Fui fazer uma audiência ontem na Cidade Ocidental, desci na Rodoviária do Plano Piloto e como estava cedo, resolvi ir andando até a sede do PDT, estou perto da Biblioteca Nacional e vejo cinco PMs negros gritando com um jovem negro e duas meninas brancas, as meninas foram liberadas, mas o policial gritava com o jovem, jogando as coisas dele no chão.
Quando
passava perto, me dirigi ao jovem e perguntei onde ele morava e disse para ele
ir embora. Tinha um outro jovem sentado ao telefone e passei direto. Vi a
viatura indo para perto dele, e continuei o meu caminho.
Estava
caminhando e ouvi alguém dizer: “- Senhora pare!” Continuei andando, porque
várias pessoas haviam passado por mim, mas não eram negras iguais a mim. A
pessoa falou novamente e disse que se eu não parasse ela iria atirar, foi aí
que me virei e vi que era uma policial negra, que estava ameaçando atirar em mim. Então vi mais um
policial negro com arma em punho para atirar e gritando: “-Você é surda!”. A
primeira coisa que eu fiz, foi tirar a minha Carteira da OAB/DF da bolsa, e
perguntei o que estava acontecendo. Esse policial negro falou que era para eu
ficar calada, e começou a me arrastar para dentro do Camburão; eu disse que
precisava falar com alguém e peguei meu celular, ele me tomou o telefone e
disse que quem mandava era ele, e jogou-o no chão.
Ainda
com a minha carteira na mão, veio a tenente (ao qual os outros obedeciam) me
fez o tal “baculejo” a ponto de quase tirar a minha roupa e falou: “- Então,
essa “neguinha” é advogada. Advogado e mer… pra mim é a mesma coisa,
principalmente “preta” igual a você. Cala boca, que os seus direitos a sua
família vai ver amanhã, se a gente te jogar dentro da viatura!” Me ameaçando
constantemente. Eu disse que ia denunciar lá para o partido, falei que era
Candidata e eles falaram que a eleição já tinha passado. Eu falei que agora a
gente ia trabalhar para eleger o Governador Rollemberg, derramaram as minhas
coisas todas no chão, e com arma em punho a tenente me mandou juntar as minhas
coisas e disse que não adiantava eu denunciar, pois quem ia acreditar na
palavra de uma preta, seria a minha palavra contra a dela e dos outros, e
principalmente que eu não tinha testemunhas e lá não tinha câmera. Eu sempre
defendi direitos, já sofri muita discriminação, mais essa pra mim foi a pior já
sofrida, foi humilhante, degradante, violenta. Não tenho medo de morrer, mais
ontem fiquei com medo de ser jogada no Camburão e aparecer morta no outro dia,
ainda com drogas, armas dentro da minha bolsa.
Fiquei
imaginando se eu morresse nas mãos deles, eu não teria como me defender. Então
eu pergunto, quem iria acreditar que não era traficante? Foi isso, que a
tenente insinuou enquanto me abordava.
E ainda sai sob ameaça de ser morta, se falasse alguma coisa, revoltante e inenarrável, só quem viveu isso sabe o quanto é humilhante e apavorante.
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