São
Tomé, 14 out (Lusa) - A missão de observação da CPLP às eleições em São Tomé e Príncipe
considerou hoje que o processo foi "livre e transparente" e que a
compra de votos, conhecida como "banho", não terá influenciado os
resultados.
Em
conferência de imprensa na capital são-tomense, o chefe da missão de
observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Luís
Fonseca, referiu que o processo, que era "relativamente complexo" por
se realizarem em simultâneo legislativas, autárquicas e regional, decorreu com
"grande tranquilidade".
"As
eleições foram livres, transparentes e contribuíram para o reforço do processo
democrático", disse o embaixador cabo-verdiano.
Sobre
a compra de votos, Luís Fonseca referiu que "não é um fenómeno
recente" e "tem a ver com o desenvolvimento económico e social do
país, existem pessoas muito pobres" e os "agentes políticos tentam
influenciar a sua consciência com a compra de voto".
No
entanto, o também ex-secretário-executivo da CPLP considerou que "existe
uma utilização quase generalizada deste expediente" e o facto de ser usado
por várias forças políticas "acabará por neutralizar o seu efeito".
"Temos
a registar com satisfação que as autoridades puseram em marcha medidas,
iniciativas para reduzir o impacto deste fenómeno, de o combater, com campanhas
de informação que terão tido os seus efeitos positivos", disse Luís
Fonseca.
O
embaixador referiu ainda que a missão registou alguns incidentes como a
abertura tardia de assembleias de voto, alguma desorganização na forma como as
pessoas eram atendidas ou urnas que não estavam devidamente seladas.
"Estes
pequenos incidentes resultam de deficiente preparação, não foram levados a cabo
deliberadamente para influenciar o resultado das eleições", disse.
Luís
Fonseca referiu ainda o boicote em três localidades, onde as pessoas
reivindicaram melhores condições de vida, mas que "não têm um peso grande
no cômputo geral dos resultados".
A
missão da CPLP foi composta por 21 observadores. Integram a organização Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
De
acordo com os resultados provisórios divulgados na segunda-feira pela Comissão
Eleitoral Nacional (CEN) são-tomenses, a Ação Democrática Independente (ADI), liderada
por Patrice Trovoada, venceu as eleições legislativas de domingo, conseguindo
33 dos 55 assentos no parlamento, sendo a primeira vez que um partido consegue
a maioria absoluta.
O
Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social-Democrata
(MLSTP-PSD) conseguiu 16 lugares, o Partido da Convergência Democrática (PCD)
cinco e a União para Democracia e Desenvolvimento (UDD), do atual
primeiro-ministro, Gabriel Costa, conquistou pela primeira vez um lugar na
Assembleia Nacional são-tomense.
A
ADI venceu as legislativas de 2010, mas foi afastada do poder dois anos depois
através de uma moção de censura aprovada por toda a oposição.
VM/MYB
// APN - Lusa
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