Relatório
alerta para "fome invisível" que afeta dois mil milhões de pessoas
Berlim,
13 out (Lusa) -- Cerca de dois mil milhões de pessoas sofrem de "fome
invisível" no mundo, uma forma de subnutrição caracterizada pela falta de
nutrientes essenciais, alertou hoje uma organização internacional de
investigação na publicação do Índice Global da Fome 2014.
Zinco,
ferro, iodo, vitaminas A e B estão entre os nutrientes que se não forem
consumidos em quantidade suficiente não permitem um bom desenvolvimento nem uma
boa saúde, adverte o Instituto Internacional de Investigação de Políticas de
Alimentação (IFPRI) sublinhando a natureza "crucial mas frequentemente
negligenciada" desta forma de subnutrição.
Os
efeitos da "fome invisível" não são observáveis a curto prazo mas
revelam-se "devastadores" a longo prazo: subida da mortalidade
materna e infantil, deficiências físicas, debilitação do sistema imunitário e
das faculdades mentais, sustenta o organismo.
Por
outro lado, esta forma de subnutrição verifica-se também em pessoas com excesso
de peso ou mesmo a obesidade, muitas vezes associados a um consumo excessivo de
"macronutrientes" (lípidos, glúcidos) e deficiente de micronutrientes
essenciais.
Mais
de dois mil milhões de pessoas sofrem desta "fome invisível",
"mais do dobro dos 805 milhões de pessoas" com fome no mundo,
sublinha o relatório, realizado em colaboração com as organizações
não-governamentais francesa ACTED, alemã Welthungerhilfe e irlandesa Concern
Worldwide.
Dos
3,1 milhões de crianças que morrem anualmente de subnutrição, 1,1 milhões
morrem de "fome invisível", segundo o estudo.
Além
da saúde, a "fome invisível" afeta as economias dos países ao limitar
a produtividade das populações, sendo responsável por quebras de 0,7 a 2% no PIB da maioria
dos países em desenvolvimento.
Entre
as recomendações, o IFPRI desafia os governos a "aumentarem a diversidade
alimentar", nomeadamente tornando obrigatória a adição de zinco, ferro e
vitaminas essenciais nos processos de transformação dos alimentos.
Sobre
o estado da fome no mundo, o instituto aponta uma melhoria em relação a 1990,
com países como Angola e o Brasil a melhorarem a sua pontuação mais de 50%, mas
sublinha que a situação mundial continua a ser "grave".
O
Índice Global da Fome (GHI) ordena 76 países em desenvolvimento do melhor para
o pior segundo uma pontuação que combina as percentagens nacionais de população
subnutrida, de crianças até aos cinco anos com baixo peso e de crianças que
morrem antes dos cinco anos.
Os
países com uma pontuação inferior a 5, considerada baixa, são apresentados numa
tabela à parte, sendo o Brasil o único país lusófono nela representado.
No
GHI, os dois últimos lugares pertencem ao Burundi (35,6) e à Eritreia (33,8),
países cuja situação é classificada como "extremamente alarmante".
Timor-Leste
é o terceiro pior classificado da tabela, surgindo na 74.ª posição, com uma
pontuação de 29,8. Do grupo de 16 países em pior situação, qualificada de
"alarmante", consta outro país lusófono, Moçambique, na 62.ª posição,
com 20,5 pontos.
Além
dos lusófonos, integram este grupo Chade, Comores, Etiópia, Haiti, Iémen,
Iraque, Laos, Madagáscar, Níger, a República Centro-Africana, Serra Leoa,
Suazilândia, Sudão/Sudão do Sul e Zâmbia.
A
Guiné-Bissau é, em contrapartida, o país lusófono mais bem classificado no
índice, surgindo em 34.º lugar, com 13,7 pontos. Angola, na 54.ª posição com
17,4 pontos, é também apontada no relatório como um dos países onde a fome mais
diminuiu entre 1990 e 2014.
O
índice é liderado pelas Maurícias, com 5 pontos, seguidas da Tailândia (5),
Albânia (5,3), Colômbia (5,3) e China (5,4).
MDR
// JMR – Lusa
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