sábado, 29 de novembro de 2014

Angola: A IMPUNIDADE ABSOLUTA DA UGP



Unidade da Guarda Presidencial (UGP), pode cometer crimes à vontade, a sua impunidade é absoluta. É um exército paralelo ao serviço de um homem, vinte mil homens pagos não se sabe bem como, pois os seus emolumentos nem sequer figuram no Orçamento Geral do Estado

Arlindo Santana – Folha 8 Digital, 29 novembro 2014

IMPUNIDADE E MISTÉRIO DA FONTE DOS SALÁRIOS

Quanto ao terceiro dia a que aludimos na introdução deste artigo, foi em Setem­bro, dia 24. Aconteceu já noite feita, quando o nosso director, William Tonet, foi vítima de um atentado atri­buído a soldados da UPG no momento em que ele saía da Universidade onde dá aulas no bairro Morro Ben­to. “Uma viatura com ho­mens fortemente armados vinha em sentido contrário e provocaram de propósito um choque com a minha viatura, desceram da camio­neta em que se faziam trans­portar, apontaram armas e deram empurrões de forma ameaçadora”, explicou o nosso director, acrescentan­do que os supostos soldados da UGP puseram-se em re­tirada quando pessoas se aproximaram do local.

Bom, tirando os danos so­fridos pela viatura de WT, nada de grave se passou, mas o mais penoso é que fi­cou patente, uma vez mais, a impossibilidade de protestar contra a selvajaria dos sol­dados da UGP e isso numa altura em que temos vindo a verificar um endurecimento da já de si ríspida e tradicio­nal repressão policial (da Polícia Nacional em geral), efectuada sobretudo sobre quem não manifeste adesão ao regime político instaura­do desde há quase 40 anos no nosso país. Pelo mesmo andar do andor tem-se verificado um desaparecimento progressivo e constante do respeito pelas leis de Ango­la, a começar pela própria Constituição, que é positiva­mente massacrada, pisotea­da ou ignorada pelas mais importantes e ufanas insti­tuições encarregadas de a defender e de velar pela sua obediência.

No caso vertente, UGP/WT, o valor da versão da vítima é in­significante, uma vez que a UGP está acima da lei, a pontos de muitas das suas viaturas nem sequer terem placa de matriculação quando saem à rua e os seus soldados se­rem anónimos, sem nome, sem rosto e, em casos como este, sem rasto possível de seguir. O caso do atentado a WT nem sequer existe para esses senhores do Poder!

UM VERDADEIRO EXÉRCITO PRIVADO 

Por outro lado, a impuni­dade dessas pessoas que manejam os monstros mo­torizados que são as “carri­nhas” da UGP, estende-se à impotência da Polícia Na­cional, interdita de agir a propósito de seja que caso for atinente às suas exac­ções, abalroamentos, eventualmente crimes e assas­sinatos. Toda essa gente goza de uma impunidade tacitamente institucionali­zada!

Esta agressividade é “nor­mal”!, está no sangue dos nossos governantes ex­-guerrilheiros e já não es­panta ninguém. Mais cla­moroso, um verdadeiro escândalo, é que essa tropa ao serviço de JES, à parte fruir de impunidade total, é um autêntico exército paralelo independente das FAA.

São cerca de 20 mil homens pagos ao preço da miséria, numa saga em que o di­nheiro se evapora ao sair dos cofres do Estado por vias quase tão misteriosas como as do Padre Eterno – no Orçamento Geral do Estado nem sombra há do colossal preço (centenas de milhões…) que o Estado tem de pagar a essa guarda de um só homem -, pois a maioria daqueles que de­vem ser pagos cem mil, re­cebem uns trinta e se pro­testarem… “Ai é!?! .. Jacarés em cima deles, pois então!

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