domingo, 30 de novembro de 2014

Portugal: O PRIMEIRO DEGRAU DE ANTÓNIO COSTA



Domingos de Andrade – Jornal de Notícias, opinião

O XX Congresso do Partido Socialista, que decorre em Lisboa, não será o início de uma marcha triunfal que levará António Costa facilmente a S. Bento, como se prognosticava há umas semanas. Mas foi um primeiro degrau, lento, mais pelo que representa na contenção emotiva de uma família em estado de choque do que pelas ideias concretas para o país.
Sobre estas, António Costa acentuou três pilares fundamentais:

1. Não se vencerá a crise sem investimento, numa alusão à necessidade de um afastamento das diretrizes austeritárias alemãs.

2. O problema de Portugal reside na falta de competitividade da economia, cuja matriz, para o líder socialista, é "nem empobrecimento, nem endividamento".

3. A defesa de um modelo de resolução para o peso da dívida que equilibre o respeito pelos compromissos europeus, mas também os nacionais em termos de Estado social.

Mas o desafio de António Costa, agora, não está tanto nas sínteses que se fizerem do Congresso, mas mais naquilo que, no próximo ano, ele for capaz de projetar para o país. Nos próximos meses, tem não só que colocar as ideias no plano prático das pessoas, como terá que o fazer sabendo que as ondas de choque que varrem o partido com a detenção de Sócrates terão réplicas cuja intensidade está para se conhecer.

Não pode, sobretudo, acreditar que chega fazer tudo bem, ou que o vislumbre do poder bastará para manter separados os sentimentos da política, a justiça da política.

A história deste congresso é, portanto e para já, essa: a de uma família que se uniu numa data e num momento em que ninguém quer estar. E em que, como num teatro de sombras chinês, a arte da ilusão da palavra não livra o palco das silhuetas dos atores.

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