Domingos
de Andrade – Jornal de Notícias, opinião
O
XX Congresso do Partido Socialista, que decorre em Lisboa, não será o início de
uma marcha triunfal que levará António Costa facilmente a S. Bento, como se
prognosticava há umas semanas. Mas foi um primeiro degrau, lento, mais pelo que
representa na contenção emotiva de uma família em estado de choque do que pelas
ideias concretas para o país.
Sobre
estas, António Costa acentuou três pilares fundamentais:
1.
Não se vencerá a crise sem investimento, numa alusão à necessidade de um
afastamento das diretrizes austeritárias alemãs.
2.
O problema de Portugal reside na falta de competitividade da economia, cuja
matriz, para o líder socialista, é "nem empobrecimento, nem
endividamento".
Mas
o desafio de António Costa, agora, não está tanto nas sínteses que se fizerem
do Congresso, mas mais naquilo que, no próximo ano, ele for capaz de projetar
para o país. Nos próximos meses, tem não só que colocar as ideias no plano
prático das pessoas, como terá que o fazer sabendo que as ondas de choque que
varrem o partido com a detenção de Sócrates terão réplicas cuja intensidade
está para se conhecer.
Não
pode, sobretudo, acreditar que chega fazer tudo bem, ou que o vislumbre do
poder bastará para manter separados os sentimentos da política, a justiça da
política.
A
história deste congresso é, portanto e para já, essa: a de uma família que se
uniu numa data e num momento em que ninguém quer estar. E em que, como num
teatro de sombras chinês, a arte da ilusão da palavra não livra o palco das
silhuetas dos atores.
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