Timor-Leste
é o pior país da CPLP no Índice Global de Desigualdade de Género
Londres,
27 nov (Lusa) - Timor-Leste é o país lusófono com maior taxa de desigualdade no
Índice de Género e Instituições Sociais da OCDE divulgado hoje, enquanto
Angola, Guiné-Bissau e Moçambique estão classificados como tendo um nível médio
de discriminação.
O
documento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) apresneta a
prevalência de discriminação em instituições sociais e destaca a importância de
normas sociais convencionais na defesa da igualdade de género.
Dos
nove países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Timor-Leste
está na 77.ª posição da tabela de 108 países do Índice
[http://www.genderindex.org], Guiné-Bissau na 67.ª, Angola na 57.ª e Moçambique
na 47.ª.
O
Brasil é o país da CPLP com melhor classificação, no 20.º lugar, num índice
cujo topo é ocupado em primeiro lugar pela Bélgica, seguida França, Eslovénia,
Espanha, Sérvia, Argentina, Itália, Cuba, Trinidade e Tobago e República Checa.
A
edição deste ano identifica e avalia discriminação baseada no género em leis,
atitudes e práticas em 160 países, mas só produz uma tabela de 108 países
devido à falta de informação comparativa sobre o tema em alguns países, como
Portugal, Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe.
A
CPLP integra atualmente nove países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
No
geral, o relatório indica que os países fizeram progressos na redução da
discriminação de género, mas que se mantêm diferenças e desafios em algumas
áreas que afetam os direitos das mulheres em termos sócio-económicos, políticos
e liberdade de violência.
Por
exemplo, no Malaui, o número de casamentos prematuros de mulheres entre os 15 e
19 anos desceu de 36 para 26%, mas mantém uma taxa média de 16% nos países que
não pertencem à OCDE, com destaque para o Níger, onde é de 60%.
Outro
indicador do estudo mostra que as mulheres são também, em geral, quem mais
tempo despende em trabalho não pago, como tarefas domésticas, do que os homens.
Esta
diferença pode variar entre 1,3 mais vezes na Dinamarca (quatro horas de
trabalho das mulheres contra três horas dos homens) e 10 vezes mais no
Paquistão, onde os homens perdem menos de meia hora em tarefas domésticas
comparando com uma média de cinco horas das mulheres.
BM
// EL
Estaleiro
português constrói 'ferry' de 377 passageiros para Timor-Leste
Luanda,
28 nov (Lusa) - A AtlanticEagle, concessionária dos antigos Estaleiros Navais
do Mondego, na Figueira da Foz, vai arrancar em dezembro com a construção dum
'ferry' para 377 passageiros, encomendado pelo Governo de Timor-Leste, anunciou
hoje à Lusa o administrador da empresa.
De
acordo com Carlos Costa, a AtlanticEagle Shipbuilding emprega atualmente cerca
de 60 trabalhadores e, além da reparação naval, arrancou há seis meses com a
componente comercial da construção naval, sendo este o primeiro navio a
construir nos novos estaleiros.
"A
previsão é começar a construir ainda este ano. O projeto já temos, a entrega
será no final do ano que vem. É um esforço [tempo de entrega] que para nós tem
muito interesse, porque estamos vocacionados para a CPLP [Comunidades dos
Países da Língua Portuguesa]", explicou o administrador da empresa, à
margem de uma feira do setor da Pesca, que se realiza em Luanda, Angola, até
domingo.
Embora
sem adiantar valores do negócio, por envolver o Governo de Timor-Leste, Carlos
Costa apontou que o navio, de 72
metros de comprimento, terá capacidade para transportar
377 passageiros e 22 viaturas, além de carga.
Servirá
para ligar Díli, a ilha de Ataúro e o enclave de Oecussi, precisou o
responsável da AtlanticEagle, garantindo que o contrato de fornecimento já foi
assinado com o governo timorense.
O
administrador garante ainda que a empresa está em conversações
"adiantadas" para fornecer navios, entre outros países, à
Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e Guiné Conacri.
Além
de embarcações de pesca, a prioridade passa por construir navios militares, de
passageiros e de apoio a plataformas petrolíferas.
PVJ//
APN
Livro
"Timor - Paraíso Violentado" quer preservar memórias para as gerações
futuras
Lisboa,
27 nov (Lusa) -- O livro "Timor--Paraíso Violentado", que será
lançado na sexta-feira em Lisboa, é um relato autobiográfico que pretende
preservar memórias dos acontecimentos vividos em Timor-Leste, antes e depois da
invasão indonésia em 1975, disse hoje a autora.
"Não
queria compactuar com os nossos ancestrais, que apesar de serem sábios,
consideravam tudo sagrado e nada podia ser revelado. Este livro tem como
objetivo preservar as minhas memórias, para as gerações futuras, sobre os
acontecimentos vividos em Timor-Leste", declarou à Lusa Fátima Guterres.
A
autora, no primeiro e segundo capítulos da obra, relata a sua infância e a vida
social timorense durante o período da colonização portuguesa, antes da
Revolução dos Cravos, que ocorreu em 1974.
A
autora descreveu a sua infância e juventude felizes em Ermera, que fica no
centro do país, localidade da qual a autora tem "boas lembranças". O
pai de Fátima Guterres, que era enfermeiro, foi várias vezes deslocado para
trabalhar em cidades no interior timorense.
"Tenho
muito orgulho de ter vivido no interior de Timor, nas montanhas, mais próximo
das tradições e das pessoas mais simples, humildes, mas que são mais
sábias", sublinhou.
A
revolução em Portugal levou a uma sucessão de eventos em Timor-Leste, que
culminaram na declaração de independência do país, a 28 de novembro de 1975, e
a posterior invasão da Indonésia neste mesmo ano.
A
autora descreveu nas terceira e quarta partes do livro toda a sua vivência
durante este período de transição e a invasão dos indonésios, que acabou por
provocar a fuga das populações, incluindo a família de Fátima Guterres, para as
montanhas, longe das cidades e das suas casas.
"Foi
muito difícil porque tudo o que aprendemos na época dos portugueses ficou para
trás, as nossas tradições também, tivemos que adotar a cultura indonésia e não
podíamos falar o português. Embora, clandestinamente, falássemos e também
praticássemos os nossos usos e costumes, mas sempre com medo", referiu a
escritora.
Fátima
envolveu-se com a organização de mulheres da Fretilin (Frente Revolucionária de
Timor-Leste), organização que na altura liderava o combate aos indonésios, factos
descritos na quinta parte do livro.
"Posteriormente,
o comando superior da luta decidiu que seria secretária do comando de
operações, pois estava disposta a dar a minha vida pela causa e não revelar os
segredos das operações (da Fretilin)", sublinhou.
Em
1979, Fátima Guterres viu o marido Artur, também seu companheiro na Fretilin,
ser morto pelos indonésios, tendo sido presa nesta ocasião.
A
autora relata, na sexta parte da obra, os episódios que viveu durante a sua
prisão, que durou quatro meses, retratando a tortura e as humilhações sofridas
nas mãos dos militares da Indonésia.
Do
período da luta armada, da qual Fátima Guterres tem grande dificuldade em
falar, disse guardar um "grande sofrimento pessoal e o sofrimento que era
também visível no povo timorense".
Nos
dois últimos capítulos, Fátima Guterres relatou como foi viver sob o domínio
indonésio e o processo de exílio que a trouxe a Portugal, onde vive desde 1987,
através da Cruz Vermelha.
Fátima
Guterres voltou a Timor-Leste - que se tornou independente em 20 de maio de
2002 - somente em meados deste ano, quando foi lançar a sua obra no país.
O
livro, com 430 páginas e editado pela Lidel, será lançado na sexta-feira, na
Fundação Mário Soares, em Lisboa.
CSR
// EL
*Título PG
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