Dick
Cheney defende recurso a tortura e critica relatório do Senado
O
antigo vice-presidente norte-americano Dick Cheney disse na quarta-feira que o
recurso a tortura pela CIA nos interrogatórios a suspeitos de terrorismo foi
justificado e que o relatório divulgado pelo Senado está "repleto de
porcarias".
Cheney,
que foi vice-presidente no tempo de George W. Bush quando as "técnicas
avançadas de interrogatório" brutais foram usadas, defendeu que o programa
era totalmente justificado.
"Fizemos
exatamente o que era necessário para apanhar os culpados do 11 de setembro e
prevenir outros ataques, e conseguimos ser bem-sucedidos nos dois
objetivos", disse à Fox News.
O
relatório de 500 páginas, divulgado na terça-feira, indicava que os
interrogatórios da CIA a suspeitos da Al-Qaida - que incluíram agressões e
privação de sono - foram bem mais brutais do que foi admitido no passado e não
produziram resultados úteis.
O
relatório concluiu que a CIA enganou deliberadamente o Congresso e a Casa
Branca sobre o valor da informação obtida através dos interrogatórios.
Cheney
reagiu com frontalidade: "Desculpem-me, mas o relatório está repleto de
porcarias. Ontem disse `disparates`, mas deixem-me usar a palavra certa".
Para
o ex-vice-presidente, a investigação está "cheia de falhas" e os seus
autores "não se deram ao trabalho de entrevistar as pessoas chave
envolvidas no programa".
O
relatório também indica que Bush só soube pormenores sobre estas técnicas em
2006, quatro anos depois de a CIA começar a aplicá-las aos suspeitos de
terrorismo, e que, nessa altura, o Presidente expressou "desconforto".
Cheney
negou que Bush não tivesse conhecimento sobre o que se passava, dizendo que o
então Presidente "foi na verdade uma parte integral do programa, que teve
de aprovar".
No
entanto, quando questionado se Bush sabia detalhes sobre como os interrogatórios
eram conduzidos, Cheney foi mais vago, dizendo que não eram discutidas técnicas
apesar de não haver "um esforço" para o manter longe desses factos.
Cheney
defendeu que, perante um suspeito central, como o autoproclamado arquiteto do
atentado de 11 de setembro Khalid Sheikh Mohammed, os interrogadores tinham de
ser duros.
"O
que é que era suposto fazermos? Beijá-lo nas bochechas e dizer `Por favor,
diga-nos tudo o que sabe`? Claro que não", rematou.
Lusa,
em RTP
*Título
PG
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