quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Hong Kong: LIBERDADE PARA LÍDERES DO OCCUPY CENTRAL QUE SE ENTREGARAM




Líderes do 'Occupy Central' em liberdade uma hora depois de se entregarem

Hong Kong, China, 03 dez (Lusa) -- Os três líderes do movimento 'Occupy Central' que se entregaram hoje às autoridades saíram em liberdade uma hora depois de terem entrado voluntariamente na esquadra da polícia para assumirem as consequências pelos protestos pró-democracia.

"Não fomos presos, deixaram-nos sair sem restrições à liberdade", disse à imprensa, Benny Tai, um dos três líderes do movimento iniciado há mais de dois meses, cofundado pelo reverendo Chu Yiu-ming e pelo académico Chan Kin-man.

Benny Tai explicou que lhes pediram para preencher um formulário específico sobre as atividades do "Occupy Central", no qual deviam responder sobre a participação em iniciativas como assembleias não autorizadas, incitação ao delito ou danos criminais.

"Penso que o assunto não fica arrumado hoje, mais tarde podem prender-nos e acusar-nos de crimes graves. Temos de esperar para ver", acrescentou.

O professor universitário disse que o movimento 'Occupy Central' ia assumir uma nova abordagem para promover a causa do sufrágio universal, incluindo através da educação e de uma nova carta social.

"O nosso plano é voltar à comunidade, não é regressar a Admiralty (zona de protestos) nesta altura. Só se os grupos decidirem pôr fim à ocupação é que vamos para lá para lhes prestar toda a ajuda de que necessitem", disse, em declarações à agência espanhola Efe.

Conhecido pelas suas posições críticas contra a China, o cardeal Joseph Zen Ze-kiun, juntou-se ao trio do 'Occupy Central' e também se entregou às autoridades. Aos 82 anos, o antigo líder da Igreja Católica em Hong Kong é um apoiante declarado do movimento pró-democracia.

Outros cidadãos concentrados no exterior da esquadra da polícia de Central, perto de Sheung Wan, também fizeram fila para preencher os formulários e entregar-se às autoridades.

Entre a meia centena de apoiantes do movimento havia membros do Partido Democrático e elementos de outros grupos cívicos. Algumas músicas de gospel foram cantadas no local, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Outras dezenas de opositores das manifestações pró-democracia, incluindo do movimento Justiça e Aliança de Hong Kong, liderado por Leticia Lee, promoveram um protesto no local, afirmando que os três cofundadores do 'Occupy Central' prejudicaram Hong Kong.

Ambos os grupos foram separados por uma forte presença policial no local.

O Governo central de Pequim autorizou o sufrágio universal para as próximas eleições para o chefe do executivo em Hong Kong, em 2017, mas sob o pressuposto de que os candidatos sejam selecionados por um comité eleitoral, uma condição rejeitada pelos manifestantes pró-democracia, que desde o final de setembro ocupam várias artérias na antiga colónia britânica.

Apesar de não haver uma acusação formal contra os promotores do movimento 'Occupy', as autoridades de Hong Kong e do interior da China têm referido os protestos como ilegais.

FV // VM

Alunos pedem diálogo e líderes do 'Occupy Central' entregam-se à polícia

Hong Kong, 03 dez (Lusa) -- Três estudantes em greve de fome em Hong Kong enviaram uma carta aberta ao líder do Governo para pedir a retoma do diálogo sobre a reforma política, no dia em que os líderes do 'Occupy Central' se entregaram à polícia.

A carta aberta foi endereçada ao chefe do executivo, CY Leung, pelo líder do movimento Scholarism, Joshua Wong, e por outras duas estudantes que estão há mais de 40 horas em jejum, noticiou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.

Já esta tarde (manhã em Lisboa), imagens transmitidas pela televisão mostram os três líderes do movimento 'Occupy Central' a entregarem-se às autoridades, tal como tinham anunciado na terça-feira.

Os académicos Benny Tai e Chan Kin-man, e o reverendo batista Chu Yiu-ming entraram pouco depois das 15:00 (07:00 em Lisboa) numa esquadra de polícia, patrulhada nas imediações por cerca de uma centena de agentes.

"Espero que nos vejam rapidamente, senão, devemos ver-nos dentro de 48 horas", disse Benny Tai em declarações à imprensa.

Enquanto falavam, cerca de 50 pessoas gritavam "lixo, lixo" ou "vão para a cadeia", enquanto outro grupo em número idêntico entoava 'slogans' de apoio como "queremos o sufrágio universal".

Por sua vez, Joshua Wong disse hoje em conferência de imprensa que mais jovens estão a pensar fazer greve de fome para pressionar o governo de Hong Kong a retomar o diálogo com os manifestantes sobre o sufrágio universal para as próximas eleições para o chefe do Executivo, a realizar em 2017.

"Não estamos a dizer que vamos fazer greve de fome até conseguirmos o sufrágio universal. Só (queremos) reiniciar o diálogo", sublinhou o jovem líder estudantil, de 18 anos.

Tanto Wong como as duas jovens em greve de fome disseram que vão manter essa forma de protesto, apesar de já terem começado a ter sintomas de cansaço e vómitos.

Uma das estudantes, Prince Wong Ji-yuet, de 17 anos, vomitou hoje duas vezes no espaço de uma hora. "A equipa médica disse-me que talvez ainda não me tenha habituado", afirmou.

Joshua Wong adiantou que só vão beber água ou alguma solução de glicose em caso de recomendação dos médicos.

"Queremos que as pessoas saibam que a greve de fome que estamos a fazer é séria. Queremos atrair a atenção da população novamente para o "movimento dos guarda-chuvas", disse.

Os três cofundadores do "Occupy Central" -- uma das organizações na origem dos protestos -- entregaram-se às autoridades, depois de na terça-feira terem pedido aos estudantes para abandonarem as ruas por motivos de segurança e para uma mudança de estratégia do movimento.

Apesar de o anúncio ter evidenciado a divisão entre o grupo de manifestantes, centenas de estudantes continuam acampados em Admiralty, o principal local de protestos.

Por sua vez, a Federação dos Estudantes de Hong Kong, que congrega os estudantes universitários e que estive na origem da convocatória para a ocupação dos edifícios governamentais na noite de domingo, não se tomou partido por nenhum dos grupos, respeitando as decisões de ambos.

Os protestos pró-democracia decorrem há mais de dois meses em Hong Kong, mantendo-se atualmente dois acampamentos em Admiralty (sede do governo), e Causeway (zona comercial).

FV // JPS – Foto Dickson Lee

Sem comentários:

Mais lidas da semana