segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Hong Kong: Líder do governo diz que protestos são "em vão" após noite de confrontos




Hong Kong, China, 01 dez (Lusa) -- O chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, disse hoje que os protestos pró-democracia foram "em vão", depois de a polícia ter usado gás pimenta e bastões contra estudantes que tentaram invadir a sede do governo esta noite.

"Eu já disse antes que o 'Occupy Central' não só é ilegal como também vai ser em vão", afirmou CY Leung, ao descrever os protestos iniciados há mais de dois meses como "intoleráveis".

"Agora os pedidos (da população) para a polícia limpar as ruas estão a aumentar. Daqui para a frente, a polícia vai aplicar a lei sem hesitação", disse aos jornalistas.

CY Leung acrescentou ainda que "algumas pessoas têm confundido a tolerância da polícia com fraqueza".

"Peço aos estudantes que estão a planear voltar aos locais ocupados para não o fazerem", afirmou Leung, citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong (RTHK).

Mas o chefe do executivo não respondeu quando questionado se a polícia iria evacuar a zona de Admiralty esta noite.

Antes das declarações de CY Leung, o líder da Federação de Estudantes de Hong Kong, Alex Chow, disse que os manifestantes não abandonaram o princípio da não-violência, afirmando que as pessoas só responderam à carga policial, e descreveu a ação da noite de domingo como um sucesso. "A sede do governo estava paralisada esta manhã. Em certa medida, o objetivo da ação foi atingido", disse hoje Alex Chow em Admiralty.

Os departamentos do governo estavam fechados hoje de manhã e o Conselho Legislativo foi suspenso depois de manifestantes terem forçado os cordões policiais e ocupado uma estrada junto ao complexo governamental durante a noite.

A polícia disse que "não teve outra hipótese" senão usar gás pimenta e bastões para fazer recuar os manifestantes.

Segundo um porta-voz, 40 pessoas foram detidas e 11 agentes ficaram feridos.

As autoridades informaram que 37 pessoas receberam tratamento hospitalar.

De acordo com a agência France Presse, a situação em Admiralty estava mais calma esta tarde depois de uma manhã caótica em que manifestantes se envolveram em confrontos com a polícia junto a um centro comercial na zona da sede do governo.

Iniciados no final de setembro, os protestos ganharam o apoio de milhares de pessoas nas primeiras semanas, mas após mais de dois meses de ocupação de algumas das principais vias de Hong Kong, os sentimentos de frustração face à situação de impasse, engarrafamentos e constrangimentos à vida quotidiana dos residentes fez baixar a popularidade do movimento.

Na semana passada, a polícia evacuou um acampamento no bairro de Mong Kok, numa operação realizada em dois dias e que resultou em cerca de 150 detenções. Apesar da retirada das tendas e regresso à normalidade do trânsito, confrontos esporádicos continuaram a ser registados nos últimos dias naquela zona densamente povoada e apinhada de lojas, restaurantes e vendedores ambulantes.

Atualmente, além de Admiralty, os manifestantes mantêm um segundo acampamento, de menor dimensão, na zona comercial de Causeway Bay.

Esta é a maior crise política desde a transferência de soberania da antiga colónia britânica para a China, em 1997.

Hong Kong goza de liberdades civis não vistas no interior da China, incluindo a liberdade de expressão e o direito de protestar.

Os manifestantes reivindicam o pleno sufrágio universal na região semiautónoma chinesa nas eleições para o chefe do executivo, em 2017.

O governo central chinês insiste que os candidatos às eleições de 2017 devem ser pré-selecionados por um comité, condição rejeitada pelos manifestantes sob o argumento de que isso irá garantir a eleição de um 'fantoche' pró-Pequim.

FV // SB

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