Hong
Kong, China, 01 dez (Lusa) -- O chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung,
disse hoje que os protestos pró-democracia foram "em vão", depois de
a polícia ter usado gás pimenta e bastões contra estudantes que tentaram
invadir a sede do governo esta noite.
"Eu
já disse antes que o 'Occupy Central' não só é ilegal como também vai ser em
vão", afirmou CY Leung, ao descrever os protestos iniciados há mais de
dois meses como "intoleráveis".
"Agora
os pedidos (da população) para a polícia limpar as ruas estão a aumentar. Daqui
para a frente, a polícia vai aplicar a lei sem hesitação", disse aos
jornalistas.
CY
Leung acrescentou ainda que "algumas pessoas têm confundido a tolerância
da polícia com fraqueza".
"Peço
aos estudantes que estão a planear voltar aos locais ocupados para não o
fazerem", afirmou Leung, citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong
(RTHK).
Mas
o chefe do executivo não respondeu quando questionado se a polícia iria evacuar
a zona de Admiralty esta noite.
Antes
das declarações de CY Leung, o líder da Federação de Estudantes de Hong Kong,
Alex Chow, disse que os manifestantes não abandonaram o princípio da
não-violência, afirmando que as pessoas só responderam à carga policial, e
descreveu a ação da noite de domingo como um sucesso. "A sede do governo
estava paralisada esta manhã. Em certa medida, o objetivo da ação foi
atingido", disse hoje Alex Chow em Admiralty.
Os
departamentos do governo estavam fechados hoje de manhã e o Conselho
Legislativo foi suspenso depois de manifestantes terem forçado os cordões
policiais e ocupado uma estrada junto ao complexo governamental durante a
noite.
A
polícia disse que "não teve outra hipótese" senão usar gás pimenta e
bastões para fazer recuar os manifestantes.
Segundo
um porta-voz, 40 pessoas foram detidas e 11 agentes ficaram feridos.
As
autoridades informaram que 37 pessoas receberam tratamento hospitalar.
De
acordo com a agência France Presse, a situação em Admiralty estava mais calma
esta tarde depois de uma manhã caótica em que manifestantes se envolveram em
confrontos com a polícia junto a um centro comercial na zona da sede do
governo.
Iniciados
no final de setembro, os protestos ganharam o apoio de milhares de pessoas nas
primeiras semanas, mas após mais de dois meses de ocupação de algumas das
principais vias de Hong Kong, os sentimentos de frustração face à situação de
impasse, engarrafamentos e constrangimentos à vida quotidiana dos residentes
fez baixar a popularidade do movimento.
Na
semana passada, a polícia evacuou um acampamento no bairro de Mong Kok, numa
operação realizada em dois dias e que resultou em cerca de 150 detenções.
Apesar da retirada das tendas e regresso à normalidade do trânsito, confrontos
esporádicos continuaram a ser registados nos últimos dias naquela zona
densamente povoada e apinhada de lojas, restaurantes e vendedores ambulantes.
Atualmente,
além de Admiralty, os manifestantes mantêm um segundo acampamento, de menor
dimensão, na zona comercial de Causeway Bay.
Esta
é a maior crise política desde a transferência de soberania da antiga colónia
britânica para a China, em 1997.
Hong
Kong goza de liberdades civis não vistas no interior da China, incluindo a
liberdade de expressão e o direito de protestar.
Os
manifestantes reivindicam o pleno sufrágio universal na região semiautónoma
chinesa nas eleições para o chefe do executivo, em 2017.
O
governo central chinês insiste que os candidatos às eleições de 2017 devem ser
pré-selecionados por um comité, condição rejeitada pelos manifestantes sob o
argumento de que isso irá garantir a eleição de um 'fantoche' pró-Pequim.
FV
// SB
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