Jornal
de Angola, editorial
A
actividade agrícola e pesqueira são incentivadas pelo Executivo, no
quadro da diversificação da produção, uma das nossas grandes apostas, com
vista a revitalizarmos actividades produtivas que podem relançar
definitivamente a economia não petrolífera.
É
inegável que a queda do preço do petróleo nos vai obrigar a ser criativos nas
nossas opções, quando tivermos de decidir sobre o que é melhor para as nossas
vidas em termos de produção. Já é um dado adquirido que não convém estarmos
muito dependentes do petróleo, até porque temos no nosso país outras
fontes geradoras de riqueza. É acertado que se comece a ver a agricultura e as
pescas como sectores de actividade que podem ser decisivos no processo de
fortalecimento da economia.
Se temos terras férteis e uma zona marítima alargada, se podemos aumentar a nossa capacidade para potenciarmos a produção agrícola e pesqueira, não faz sentido ficar agarrados a apenas um recurso natural , o petróleo, com os problemas que uma imprevisível queda de preços pode causar. Em face de um contexto de redução de receitas do Estado, necessárias para financiar investimentos públicos, importa reflectir sobre os rumos que podem assegurar sustentabilidade à economia , em particular sobre o que é necessário fazer para dar um verdadeiro impulso a actividades produtivas às quais não se dava até aqui a devida atenção. É certo que faltam em Angola instituiçõe especializadas s, técnicos e empresários experientes para ajudar a traçar planos exequíveis de diversificação da economia. Mas também é certo que temos capacidade para adquirir a massa crítica que falta, enquanto não existe a nacional.
Aberto o debate sobre a necessidade de diversificação da economia , é importante iniciar a construção dos caminhos que temos de percorrer para desenvolvermos as pescas e a agricultura , que são áreas que podem fazer crescer o Produto Interno Bruto e têm um papel insubstituível no combate à pobreza e às desigualdades. Há muitas ideias sobre a diversificação da economia que têm sido expressas por técnicos, empresários e políticos, mas é necessário que as universidades se juntem também a esse debate, pois elas, sendo centros do saber, podem dar um valioso contributo à busca de soluções para os nossos problemas económicos e sociais.
Temos de incentivar as instituições de ensino superior a estarem alinhadas com os grandes projectos de crescimento e desenvolvimento do país. As universidades podem ajudar os poderes públicos, por via da investigação e de altos estudos, a fazerem opções correctas. Se os poderes públicos tiverem apoio técnico e científico adequado, estão em melhores condições para tomarem decisões , ficando a ganhar o país. O que se pretende afinal é que as escolhas a fazer vão no sentido do bem-estar dos angolanos.
Ainda há questões complexas que requerem o concurso de quem tem saber e experiência. Também neste aspecto Angola tem uma situação privilegiada. Os parceiros estratégicos e a CPLP podem fornecer esse saber e essa experiência. De resto, já estão a fazê-lo em todas as áreas da vida social e económica.
Na sociedade há pessoas que querem trabalhar para o bem comum , mas é preciso criar o ambiente propício para que os que têm realmente conhecimentos estejam a resolver os problemas. É preciso deixar trabalhar os que podem dar solução aos problemas. O país tem poucos técnicos e especialistas. Mas existem condições para alargar esse número e “importar” os que fazem falta na efectivação das políticas de diversificação da economia.
Num processo de diversificação da economia, é necessário olhar com atenção para o capital humano, para que este contribua, com as suas ideias e os seus conhecimentos, para as grandes transformações que é preciso operar com urgência.
Viver apenas do petróleo não é boa opção. Temos de criar uma cultura de aproveitamento de todos os recursos naturais .É hora de dar valor a todas as potencialidades. Os técnicos, especialistas , empresários e todos os que, têm de tomar decisões, devem estar disponíveis para o início de uma nova era de muito trabalho em prol de uma economia que satisfaça as necessidades e crie boas condições de vida para todos os angolanos. O trabalho duro que hoje apenas alguns realizam tem de ser uma regra. Só assim os angolanos amanhã vão ver bons resultados. Com trabalho e conhecimento, havemos de viver cada vez melhor. Temos de ter consciência de que a solução para os nossos problemas económicos e sociais depende só de nós. O ponto de partida é trabalho. Muito trabalho. Era bom que os “acomodados” pensassem nisso.
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