sábado, 10 de janeiro de 2015

Angola: TRABALHO E CONHECIMENTO



Jornal de Angola, editorial

A actividade  agrícola e pesqueira são incentivadas pelo Executivo, no quadro da diversificação da  produção, uma das nossas grandes apostas, com vista a revitalizarmos actividades produtivas  que podem relançar definitivamente a economia não petrolífera.

É inegável que a queda do preço do petróleo nos vai obrigar a ser criativos nas nossas opções, quando tivermos de decidir sobre o que é melhor para as nossas vidas em termos de produção. Já é um dado adquirido que não convém estarmos muito dependentes  do petróleo, até porque temos no nosso país outras fontes geradoras de riqueza. É acertado que se comece a ver a agricultura e as pescas  como sectores de actividade que podem ser decisivos no processo de fortalecimento da economia.

Se temos terras férteis e uma zona marítima alargada, se podemos aumentar a nossa capacidade  para potenciarmos a produção agrícola e pesqueira, não faz sentido ficar agarrados a apenas um recurso natural , o petróleo, com  os problemas  que uma imprevisível queda de preços pode causar. Em face de um contexto de redução de receitas do Estado, necessárias para financiar  investimentos públicos, importa reflectir sobre os rumos que podem assegurar   sustentabilidade  à economia , em particular sobre o que é necessário fazer para dar um verdadeiro impulso  a actividades produtivas às quais não se dava até aqui a devida atenção. É certo que faltam em Angola instituiçõe especializadas s, técnicos e empresários experientes  para  ajudar a traçar planos exequíveis de diversificação  da economia. Mas também é certo que temos capacidade para adquirir a massa crítica que falta, enquanto não existe a nacional.

Aberto o debate sobre  a necessidade de diversificação da economia , é importante iniciar a construção dos caminhos que temos de percorrer para desenvolvermos  as pescas e a agricultura , que são áreas que podem fazer crescer o Produto Interno Bruto e têm um papel insubstituível no combate à pobreza e às desigualdades. Há muitas ideias sobre a diversificação da economia que têm sido expressas por técnicos, empresários e políticos, mas é necessário que as universidades se juntem também a  esse debate, pois  elas, sendo centros do saber, podem dar um valioso contributo à busca de  soluções para os nossos problemas económicos e sociais. 

Temos de  incentivar as instituições  de ensino superior a estarem alinhadas com os grandes projectos de crescimento e desenvolvimento do país. As universidades podem ajudar os poderes públicos, por via da investigação e de altos estudos, a fazerem opções correctas. Se os poderes públicos tiverem apoio técnico e científico  adequado, estão em melhores condições para tomarem decisões , ficando a ganhar o país. O que se pretende afinal é que as escolhas a fazer vão no sentido do bem-estar dos angolanos.  

Ainda  há questões complexas que requerem o concurso de quem  tem saber  e experiência. Também neste aspecto Angola tem uma situação privilegiada. Os parceiros estratégicos e a CPLP podem fornecer esse saber e essa experiência. De resto, já estão a fazê-lo em todas as áreas da vida social e económica. 

Na sociedade há pessoas que querem trabalhar para o bem comum , mas é preciso criar o ambiente propício para que  os que têm realmente conhecimentos estejam  a resolver os problemas. É preciso deixar trabalhar os que podem dar solução aos problemas. O país tem poucos técnicos  e especialistas. Mas existem condições para alargar esse número e “importar” os que fazem falta na efectivação das políticas de diversificação da economia.
Num processo de diversificação da economia,  é necessário olhar com atenção para o capital humano, para que este contribua, com as suas ideias e os seus  conhecimentos, para as grandes transformações que é preciso operar com urgência. 

Viver apenas  do petróleo não é boa opção. Temos de criar uma  cultura de aproveitamento de todos os recursos naturais .É hora de  dar valor a todas as potencialidades. Os técnicos, especialistas , empresários  e todos os que, têm de tomar decisões, devem estar disponíveis  para o início de uma nova era de muito trabalho em prol  de uma  economia que  satisfaça as necessidades  e crie boas condições de vida para todos os angolanos. O trabalho duro que hoje apenas alguns realizam tem de ser uma regra. Só assim os angolanos  amanhã  vão ver  bons resultados. Com trabalho e conhecimento, havemos de viver cada vez melhor. Temos de ter consciência de que a solução para os nossos problemas económicos e sociais depende só de nós. O ponto de partida é trabalho. Muito trabalho. Era bom que os “acomodados” pensassem nisso.     

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