sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

"Tempo de Avançar" escreve carta aos gregos a exprimir "vergonha" pelo Governo português




Texto é subscrito por Ana Drago, Daniel Oliveira e Rui Tavares. "Envergonham-nos e revoltam-nos as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo a um novo contrato entre a Grécia e União Europeia."

Uma carta do movimento "Tempo de Avançar", constituído por independentes, membros do partido Livre e outros movimentos de esquerda, foi divulgada esta quinta-feira no jornal grego "Agvi", expressando "vergonha" e "revolta" pela posição do Governo português face à Grécia. É manifestada ainda solidariedade com o povo grego. 

"Envergonham-nos e revoltam-nos as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo a um novo contrato entre a Grécia e União Europeia. A verdade é esta: ele teme que a Grécia torne possível uma alternativa à austeridade", pode ler-se na carta.

Segundo o documento, subscrito por Ana Drago, Daniel Oliveira ou Rui Tavares, "se  a Grécia for bem-sucedida, todos ficarão a saber que era possível fazer as coisas de forma diferente, ao contrário do que nos diziam". Relativamente ao ultimato feito pelo Eurogrupo à Grécia, o movimento "Tempo de Avançar" refere que fará "pressão, dentro e fora de Portugal, para que o governo de Portugal mude de posição - ou para que Portugal mude de governo".

O movimento expressa ainda a esperança de que o destino de Portugal caminhe na mesma direção da Grécia, optando por um novo rumo político. "Trabalharemos duramente nos próximos meses para eleger também em Portugal um governo contra a austeridade, apostado numa nova política de alianças dentro da União Europeia. No que depender de nós, a Grécia nunca mais estará sozinha numa reunião do Eurogrupo. E vamos consegui-lo já no futuro próximo."

A carta será também citada esta sexta-feira pelo jornal grego "Efsyn", dia em que uma delegação do movimento entregará o documento em mãos na embaixada da Grécia em Lisboa.

Em baixo, pode ler a carta na íntegra:

"Caros concidadãos gregos,

Como portugueses e europeus, alegrámo-nos com a eleição do primeiro governo antiausteridade da União Europeia e seguimos atentamente as negociações que devem levar a um novo contrato entre a Grécia e União Europeia que permita um futuro melhor para toda a zona euro.

Envergonham-nos e revoltam-nos as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo a esse objetivo. A verdade é esta: ele teme que a Grécia torne possível uma alternativa à austeridade. Se a Grécia for bem sucedida, todos ficarão a saber que era possível fazer as coisas de forma diferente, ao contrário do que nos diziam. Os políticos deste governo português forçam a intransigência dentro do eurogrupo por razões que se prendem com o futuro político deles, mas que são contra o interesse nacional ou europeu.

O governo de Portugal não apoiou o ultimato que vos foi feito em nosso nome, mas em nome dos seus interesses eleitorais. Não nos representa. Faremos pressão, dentro e fora de Portugal, para que o governo de Portugal mude de posição - ou para que Portugal mude de governo.

Trabalharemos duramente nos próximos meses para eleger também em Portugal um governo contra a austeridade, apostado numa nova política de alianças dentro da União Europeia. No que depender de nós, a Grécia nunca mais estará sozinha numa reunião do Eurogrupo. E vamos consegui-lo já no futuro próximo.

Caros concidadãos gregos: Aguentem firmes! Os reforços vêm a caminho!"

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