sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

74% DO LUCRO DO BCE É À CUSTA DAS DÍVIDAS PÚBLICAS NACIONAIS




O Banco Central Europeu (BCE) continua a fazer muito dinheiro com a dívida pública dos países, em operações que leva acabo para "ajudar" a estabilizar financeiramente a zona euro, como pede o seu mandato.

Cerca de 74% do lucro realizado em 2014 vem da dívida, dizem as contas financeiras de 2014, hoje divulgadas.

Segundo o BCE, o rendimento líquido decorrente do programa dos mercados de títulos de dívida foi de 728 milhões de euros no ano passado, ainda assim em queda face aos 962 milhões de euros de 2013 por causa dos "reembolsos" que foi fazendo.

O lucro de 2014 foi 989 milhões de euros. Este lucro é depois distribuído pelos bancos centrais nacionais de acordo com a chave de participação de cada um no capital do BCE.

O banco de Frankfurt reconhece que a redução do resultado líquido do BCE deveu-se, em parte, "ao decréscimo do rendimento líquido decorrente do programa dos mercados de títulos de dívida, em virtude de reembolsos".

No final de dezembro de 2014, o Eurossistema (BCE mais bancos centrais nacionais) ainda detinha 149,4 mil milhões de euros em obrigações de vários países detidas ao abrigo do programa dos mercados de títulos de dívida (SMP, na sigla em inglês).

A saber: cerca de 14,9 mil milhões em títulos de Portugal; 19,8 mil milhões em títulos da Grécia; a maior exposição era à Itália, com 76,2 mil milhões de euros; logo seguida de Espanha, com 28,2 mil milhões. A menor exposição era à Irlanda (9,7 mil milhões de euros em dívida).

Todos estes valores são nominais. Em termos contabilísticos são ligeiramente inferiores. A exposição total à dívida dos países ascende a 144,3 mil milhões de euros em vez dos 149,4 milhões nominais.

Eurossistema reduz exposição à Grécia em 29% e a Portugal em 25%

À medida que vai descontinuando o programa SMP, o BCE tem vindo a conseguir reduzir a sua exposição às dívidas nacionais. Em 2014, a maior redução anual em valor nominal acontece na dívida grega, com menos 29%. Logo a seguir surge Espanha (-26%), Portugal (-25%) e Itália (-15%).

O Eurossistema manteve a posição na dívida irlandesa, continuando a deter 9,7 mil milhões de euros em títulos do país.

Luís Reis Ribeiro – Dinheiro Vivo

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