O
Banco Central Europeu (BCE) continua a fazer muito dinheiro com a dívida
pública dos países, em operações que leva acabo para "ajudar" a
estabilizar financeiramente a zona euro, como pede o seu mandato.
Cerca
de 74% do lucro realizado em 2014 vem da dívida, dizem as contas financeiras de
2014, hoje divulgadas.
Segundo
o BCE, o rendimento líquido decorrente do programa dos mercados de títulos de
dívida foi de 728 milhões de euros no ano passado, ainda assim em queda
face aos 962 milhões de euros de 2013 por causa dos "reembolsos" que
foi fazendo.
O lucro
de 2014 foi 989 milhões de euros. Este lucro é depois distribuído pelos bancos
centrais nacionais de acordo com a chave de participação de cada um no capital
do BCE.
O
banco de Frankfurt reconhece que a redução do resultado líquido do BCE
deveu-se, em parte, "ao decréscimo do rendimento líquido decorrente do
programa dos mercados de títulos de dívida, em virtude de reembolsos".
No
final de dezembro de 2014, o Eurossistema (BCE mais bancos centrais nacionais)
ainda detinha 149,4 mil milhões de euros em obrigações de vários
países detidas ao abrigo do programa dos mercados de títulos de dívida (SMP, na
sigla em inglês).
A
saber: cerca de 14,9 mil milhões em títulos de Portugal; 19,8 mil
milhões em títulos da Grécia; a maior exposição era à Itália, com 76,2 mil
milhões de euros; logo seguida de Espanha, com 28,2 mil milhões. A menor
exposição era à Irlanda (9,7 mil milhões de euros em dívida).
Todos
estes valores são nominais. Em termos contabilísticos são ligeiramente
inferiores. A exposição total à dívida dos países ascende a 144,3 mil milhões
de euros em vez dos 149,4 milhões nominais.
Eurossistema
reduz exposição à Grécia em 29% e a Portugal em 25%
À
medida que vai descontinuando o programa SMP, o BCE tem vindo a conseguir
reduzir a sua exposição às dívidas nacionais. Em 2014, a maior redução anual em
valor nominal acontece na dívida grega, com menos 29%. Logo a seguir surge
Espanha (-26%), Portugal (-25%) e Itália (-15%).
O
Eurossistema manteve a posição na dívida irlandesa, continuando a deter 9,7 mil
milhões de euros em títulos do país.
Luís
Reis Ribeiro – Dinheiro Vivo
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