quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

WOODSIDE ADIA PROJETO DE DESENVOLVIMENTO DO SUNRISE PARA DEPOIS DE 2020




Perth, Austrália, 19 fev (Lusa) - A Woodside Petroleum anunciou que vai adiar, pelo menos até final da década, o desenvolvimento do campo de gás Greater Sunrise, no Mar de Timor, pelo impasse na definição das fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália.

O responsável da petrolífera australiana, Peter Coleman, afirmou que é difícil continuar a justificar gastar dinheiro e tempo no projeto Sunrise, pelo menos a curto prazo, até que haja certezas regulatórias sobre o projeto.

"Antes de dar o passo seguinte, precisamos de saber a quem vamos pagar renda. Neste momento não sabemos qual é o quadro regulatório, não sabemos qual é o quadro fiscal e por isso não podemos avaliar o projeto e apresentá-lo a compradores como sendo um projeto viável em que possam estar interessados", declarou.

Coleman disse que Camberra e Dili continuam sem definir um calendário para a resolução da disputa fronteiriça, considerando que a mudança de Governo em Timor-Leste não vai acelerar a resolução do diferendo.

O anúncio, feito pelo responsável da petrolífera australiana, Peter Coleman - nos últimos anos a empresa tem feito anúncios idênticos -, está a ser interpretado como uma forma de pressão sobre os dois países para que resolvam a questão das fronteiras e sobre Timor-Leste, para que abandone a ideia da construção de uma unidade de processamento de Gás Natural Liquefeito (GLN) na costa sul da ilha.

Nos bastidores de toda a questão está o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), que Timor-Leste declarou ser inválido devido a atividades de espionagem por parte da Austrália, mas mediante o qual os 'royalties' do campo de 5.1 triliões de pés cúbicos de gás do Sunrise seriam divididos ao meio entre os dois países.

Caso uma fronteira marítima seja definida, o campo poderia ficar totalmente em águas timorenses.

No seu discurso de tomada de posse, o primeiro-ministro timorense, Rui Maria Araújo, afirmou que uma das prioridades do Governo é, "à luz do Direito Internacional, assegurar a definição clara das fronteiras marítimas e também terrestres".

Na sua comunicação anual de resultados, Coleman anunciou planos para cortar este ano mais 300 empregos - já tinha 320 em 2013 - apesar dos lucros da empresa terem aumentado 38%, para 2,4 mil milhões de dólares.

O salário anual do próprio CEO aumentou dois milhões de dólares, para 8,5 milhões de dólares, com mais de três milhões correspondentes a bónus.

O Greater Sunrise é controlado pela Woodside (o operador com 33%) a que se somam a ConocoPhillips, a Royal Dutch Shell e a Osaka Gas.

ASP // ARA

PM timorense não acredita que Woodside coloque Greater Sunrise na gaveta

Díli, 19 fev (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Rui Maria Araújo, disse hoje à Lusa estar convicto de que a petrolífera australiana Woodside não vai "meter na gaveta" de forma definitiva o projeto de exploração do campo de gás Greater Sunrise.

"Depende do tipo de gaveta. Se é mesmo na do fundo, talvez acreditasse. Mas eu não creio que seja isso que vai acontecer", disse à Lusa à saída de uma reunião de duas horas, o seu primeiro encontro semanal, com o chefe de Estado, Taur Matan Ruak.

Rui Araújo, que tomou posse esta semana, reagia ao anúncio pela Woodside Petroleum de que vai adiar, pelo menos até final da década, o desenvolvimento do campo de gás Greater Sunrise, no Mar de Timor, pelo impasse na definição das fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália.

O responsável da petrolífera australiana, Peter Coleman, afirmou que é difícil continuar a justificar gastar dinheiro e tempo no projeto Sunrise, pelo menos a curto prazo, até que haja certezas sobre a regulação do projeto.

"Antes de dar o passo seguinte, precisamos de saber a quem vamos pagar renda. Neste momento não sabemos qual é o quadro regulatório, não sabemos qual é o quadro fiscal e por isso não podemos avaliar o projeto e apresentá-lo a compradores como sendo um projeto viável em que possam estar interessados", declarou.

O anúncio, feito pelo responsável da petrolífera australiana, Peter Coleman - nos últimos anos a empresa tem feito anúncios idênticos -, está a ser interpretado como uma forma de pressão sobre os dois países para que resolvam a questão das fronteiras e sobre Timor-Leste, para que abandone a ideia da construção de uma unidade de processamento de Gás Natural Liquefeito (GLN) na costa sul da ilha.

Rui Araújo rejeita que haja pressão e considera, que mesmo que isso ocorra, Timor-Leste não aceitará pressões.

"A memória do mundo está fresca. Timor não se verga a pressões. A luta da resistência e tudo o que tem acontecido depois da independência, relembra ao mundo que Timor não se verga a essas coisas", disse.

Questionado sobre se é a mesma postura que leva para as negociações com a Austrália, Rui Araújo disse que a postura "não será em termos de não vergar, mas sim uma postura de abertura para dialogar".

Nos bastidores de toda a questão está o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), que Timor-Leste declarou ser inválido devido a atividades de espionagem por parte da Austrália, mas mediante o qual as royalties do campo de 5.1 triliões de pés cúbicos de gás do Sunrise seriam divididas ao meio entre os dois países.

Caso uma fronteira marítima seja definida o campo poderia ficar totalmente em águas timorenses.

Já no seu discurso de tomada de posse, o primeiro-ministro timorense Rui Araújo afirmou que uma das prioridades do Governo é "à luz do Direito Internacional, assegurar a definição clara das fronteiras marítimas e também terrestres".

ASP // VM

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