Macau,
China, 02 mar (Lusa) -- O volume das transações ilegais com recurso a terminais
portáteis da Union Pay International em Macau ascendeu a 784 milhões de patacas
(87,7 milhões de euros) em 2014, segundo dados facultados pela Polícia
Judiciária (PJ) à agência Lusa.
Apesar
de a verba dizer respeito a 47 casos e desde o início de 2015 terem sido
detetados apenas cinco, o volume das transações ilegais apurado este ano já
atinge cerca de 260 milhões de patacas (29 milhões de euros), ou seja,
corresponde a um terço do total de 2014.
As
operações em causa são ilegais porque efetuadas em Macau através das máquinas
POS da Union Pay China ou outras fornecidas por terceiros, o que faz com que a
Union Pay International não receba a percentagem a que tem direito por a
transação ter sido realizada, de facto, fora da China continental.
Os
casos envolvem 124 suspeitos -- incluindo 23 mulheres --, dos quais 100 são residentes
da China, 20 de Macau, três de Hong Kong e um de Taiwan.
"Após
a inquirição do Ministério Público, os arguidos da China continental foram
entregues ao Serviço de Migração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, com
o fim de serem expulsos e, de entre estes, 12 homens e duas mulheres foram
ainda sujeitos à aplicação da medida de prestação de caução, no valor entre 10
mil e 50 mil patacas" (entre 1.116 e 5.581 euros), referiu a PJ.
Os
52 casos -- dos quais apenas um suspeito não foi acusado por falta de provas --
resultaram na apreensão de 79 máquinas POS, indicou a PJ.
As
transações ilegais detetadas traduziram-se em prejuízos para a Union Pay
International superiores de 1,56 milhões de patacas (cerca de 175 mil euros) em
2014. Já contas feitas desde o início deste ano, o prejuízo foi na ordem das
520 mil patacas (58,2 mil euros), segundo os dados facultados à Lusa.
A
maior parte dos casos sinalizados envolve os casinos, ocorreu em ruas próximas
a estes ou em quartos de hotel dos espaços de jogo.
"Nos
últimos meses, a polícia descobriu que alguns criminosos que praticavam crimes,
de forma oculta e fluxível, arranjavam intermediários para contactarem com
clientes de casinos, alegando que poderiam facultar o serviço de transação
ilegal com uma taxa muito baixa. Posteriormente, os clientes eram levados para
um veículo privado, estacionado nas proximidades de casinos, onde era então
efetuada a transação ilegal", especificou a PJ.
Após
a descoberta do esquema com os cartões, uma carta da Autoridade Monetária de
Macau, a que a agência Lusa teve acesso, confirmou rumores de que o regulador
ordenou, a partir de 01 de julho de 2014, a retirada das máquinas de pagamento
da 'China Union Pay' e o cancelamento das facilidades de levantamento de
dinheiro nas joalharias no interior dos casinos devido a transações ilegais.
Já
em dezembro último, o regulador pediu aos bancos no território que
disponibilizem a lista dos negócios considerados de "alto risco" de
lavagem de dinheiro e que usem a cartões da Union Pay China, segundo o jornal
South China Morning Post.
Contactadas
pela agência Lusa, duas fontes do setor financeiro explicaram que a carta exige
um relatório mensal sobre as empresas ou cadeias de lojas detentores de
máquinas de pagamento da Union Pay fornecidas pelos bancos ao mesmo tempo que
solicitam informações de transações acima de um determinado valor, cujo
montante não especificaram.
Estes
esquemas foram apontados por analistas consultados pela Lusa como um dos
fatores para a primeira queda em cinco anos das receitas de jogo em termos
anuais homólogos em junho de 2014, por contribuírem para fazer descer a
liquidez dos jogadores.
DM
(FV/JCS/ISG) // VM
Sem comentários:
Enviar um comentário