Pequim,
03 mar (Lusa) - Uma organização não-governamental britânica denunciou hoje a
venda de marfim em plataformas chinesas de comércio eletrónico, que apresentam
milhares de anúncios sobre objetos de marfim e outros produtos de espécies
ameaçadas.
Mais
de metade destes produtos são feitos com marfim de contrabando, precisou a
"Traffic", uma rede de vigilância do comérico da fauna selvagem, que
analisou uma quinzena de 'sites' durante dois anos.
O
grupo contabilizou "cerca de 1.500 novos anúncios" por mês sobre este
tipo de artigos ilícitos, indicou num relatório.
O
marfim e fragmentos de ossos de tigre e de leopardo, carcaças de tartarugas,
ou cornos de saigas, um antílope ameaçado de extinção.
Este
tráfico apoia-se numa atividade de crescimento muito rápido. Em 2013, a China
ultrapassou os Estados Unidos em termos de comércio eletrónico.
O
gigante Alibaba, que domina 90% do mercado chinês de transações entre
particulares, garantiu recentemente fazer tudo o que estava ao seu alcance para
banir artigos ilegais das suas plataformas, e retirar os anúncios suspeitos
assim que são assinalados.
Para
a "Traffic", os vendedores fogem aos filtros e controlos através da
utilização de vários nomes de código, como "materiais africanos",
"materiais amarelos" ou "plástico branco", entre as cerca
de 60 designações contadas pela ONG.
"Há
transações que não descobrimos, o que significa que o volume de trocas, nestes
'sites', pode ser ainda mais elevado", advertiu.
A
ONG congratulou-se que o total acumulado dos artigos propostos nestes
diferentes 'sites' seja atualmente "inferior a dez mil", ou seja,
cinco vezes menos que em 2012.
Em
dezembro, um relatório da ONG de defesa ambiental "Save the
Elephants" e da fundação Aspinall avaliou em mais de cem mil o número de
elefantes abatidos entre 2010 e 2012, devido ao "crescente e
descontrolado" comércio chinês.
O
preço do marfim bruto na China, usado na medicina tradicional, aumentou de 550
euros por quilograma em 2010 para 1.540 euros no ano passado.
Alvo
das críticas internacionais, Pequim anunciou na passada semana uma proibição,
de um ano, sobre a importação de marfim trabalhado.
As
ONG consideraram a medida encorajadora mas "apenas simbólica",
lembrando que o essencial do contrabando internacional diz respeito ao marfim
bruto, obtido com o abate ilegal de elefantes, incluindo em países lusófonos
como Angola e Moçambique.
EJ
// APN
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