sexta-feira, 3 de abril de 2015

Angola. O MAIS BELO DIA DE TODOS



Jornal de Angola, editorial

Amanhã os angolanos celebram o Dia da Paz e Reconciliação Nacional. Tal como a liberdade tem o suporte de condições concretas, também a paz é suportada por valores que garantem a sua efectivação e consolidação.

Ambas em Angola têm um histórico que ninguém pode perder de vista e um percurso que foi aberto à custa de muito sacrifício, mas também com tolerância e generosidade.

Em Angola a paz e a reconciliação nacional tiveram construtores empenhados, mártires, heróis e um arquitecto: José Eduardo dos Santos. Quando os generais Armando da Cruz Neto  e Kamorteiro assinaram o cessar-fogo, nesse gesto honroso estavam a representar um povo heróico que desde 1961 até 4 de Abril de 2002 enfrentou uma guerra de agressão mortífera e destruidora. Por isso a paz não pode ser um emblema que se coloca à lapela ou mesmo uma arma de arremesso contra os que deram a vida e a juventude por uma Angola pacífica e reconciliada.

A paz é de todos e para todos, não pode ser o biombo que esconde manobras dos que na verdade só reconhecem a paz do fingimento e só se conformam com a paz dos cemitérios. Quando o Presidente José Eduardo dos Santos abraçou na casa da democracia o general Kamorteiro, deu um sinal inequívoco de tolerância, generosidade e fraternidade que poucos no mundo eram capazes de dar. Até hoje tem demonstrado que aquele momento estava carregado de sinceridade. Mas parte daqueles que andavam nas matas com Savimbi continuam hostis e disparam calúnias e injúrias contra quem os recebeu de braços abertos.

Este 4 de Abril coincide com o Sábado de Aleluia. O simbolismo não podia ser mais oportuno. Jesus Cristo foi sacrificado pelos que salvou, mas ressuscitou. O Presidente José Eduardo dos Santos é atacado pelos que salvou mas tem ao seu lado todos os angolanos, porque mesmo os que não votaram nele sabem que têm no Chefe de Estado um líder determinado sempre pronto a resolver os problemas que nos afectam. Os judas de hoje não vão ter sucesso. Apenas mostram que não sabem viver entre as fronteiras da honra e da dignidade, quando injuriam e caluniam aquele que lhes permitiu algo extraordinário: nascer duas vezes.

Hoje vale a pena olhar para o caminho que nos trouxe até aqui. No ano de 1992, foram realizadas as primeiras eleições gerais democráticas sob supervisão da ONU e da Troika de Observadores constituída pelos EUA, Rússia e Portugal. As Nações Unidas acusaram a UNITA de ocupar militarmente várias regiões do país. Jonas Savimbi, que perdeu as eleições, recusou a derrota e ordenou que o seu exército escondido voltasse à guerra.

Em 1994, a UNITA assinou o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia, que previa a formação do Governo de Reconciliação Nacional (GURN). Savimbi continuou a guerra e o GURN só tomou posse em 1997. Em 1998, alguns dirigentes criaram a UNITA Renovada, encabeçada por Eugénio Manuvakola. Savimbi intensificou os ataques em várias regiões de Angola. A  ONU a declarou Jonas Savimbi criminoso de guerra e estabeleceu novas sanções contra países, empresas e dirigentes savimbistas. Amanhã comemoramos mais um Dia da Paz. Mas a actual direcção da UNITA ainda louva e venera Savimbi, o criminoso de guerra.

Em 1999, as FAA iniciam a “Operação Restauro”. Milhões de angolanos foram libertados das forças comandadas pelos criminoso de guerra Jonas Savimbi. O general Armando Cruz Neto e os seus homens encurralaram-no algures no Lucusse. Os operacionais da Unidade Anti-Terror atacaram o seu acampamento  no dia 22 de Fevereiro de 2002 e puseram fim ao pesadelo que se abateu sobre os angolanos, desde as eleições em 1992.

Com a morte do criminoso de guerra, militares da UNITA e as FAA entraram em conversações no Luena. Os derrotados foram tratados com humanidade e respeito. Todos sobrevieram, não há vencidos nem vencedores. Essa é a  mais bela bandeira da paz que o Presidente José Eduardo dos Santos içou naquele 4 de Abril de 2002. O Arquitecto da Paz abraçou na Assembleia Nacional o general da UNITA Abreu Muengo Ucuatchitembo Kamorteiro. Desde esse momento, o 4 de Abril passou a ser feriado nacional.

Amanhã os angolanos vivem um dia histórico. Animados no espírito da reconciliação, de braços estendidos aos que acreditam na democracia, pode ser que, por estarmos a comemorar a Semana Santa, os que glorificam e declaram ser seguidores do criminoso de guerra tenham um rebate de consciência e nos dêem a alegria do Sábado de Aleluia e do Domingo de Páscoa.

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