Caso
se confirmem as mortes no barco pesqueiro da Líbia, sobe para mais de 1.600 o
número de vítimas da travessia África-Europa em 2015. Políticos exigem ação
contra traficantes e combate às causas da emigração em massa.
O
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) calcula que mais
de 700 pessoas morreram afogadas entre a Líbia e a ilha italiana de Lampedusa
neste fim de semana. Este é o maior número de vítimas registrado num naufrágio
do gênero. no Mediterrâneo.
A
tragédia desencadeou na Europa tanto choque quanto um debate político sobre a
forma de lidar com o atual êxodo em massa por via marítima, a partir do Norte
da África. O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, cancelou todos os
compromissos para se reunir com seu gabinete ministerial.
Segundo
ele, a Europa está testemunhando "um massacre sistemático" no
Mediterrâneo. "Como podemos permanecer insensíveis quando testemunhamos
populações inteiras morrendo, numa época em que os meios de comunicação nos
permitem estar sabendo de tudo?", indagou. O político democrata reivindica
que se marque para ainda esta semana uma cúpula extraordinária com os chefes de
Estado e governo da União Europeia.
Choque
e indignação na Europa
Já
nesta segunda-feira (20/04) os ministros do Exterior da UE vão discutir as
consequências da catástrofe, conforme informou em Bruxelas a chefe da
diplomacia europeia, Federica Mogherini. Um dos tópicos centrais é como, em
conjunto com os países de chegada e de trânsito, dissuadir os refugiados
africanos de enfrentar a perigosa travessia do Mar Mediterrâneo.
"Precisamos
continuar abordando as raízes da migração, sobretudo a instabilidade de uma
região que fica cada vez maior, do Iraque até a Líbia", instou Mogherini.
Após
as primeiras notícias da tragédia, o presidente da França, François Hollande,
comparou as quadrilhas de traficantes de pessoas com terroristas. O ministro
alemão do Interior, Thomas de Maizière, exigiu medidas rigorosas contra esses
"criminosos", que "ganham muito dinheiro com a viagem até o
Mediterrâneo e através dele, lotando barcos inapropriados a navegar e
abandonando as pessoas à própria sorte".
1.500
mortos em quatro meses
Segundo
a guarda costeira italiana, o barco pesqueiro de 20 metros de comprimento
superlotado adernou a 126 quilômetros da costa líbia e 177 quilômetros da Ilha
de Lampedusa. Por volta de 00h00 (hora local) deste domingo, a Marinha de Malta
recebera um SOS de uma embarcação com problemas, e instruiu um navio mercante
português para ir até o local.
A
embarcação dos refugiados estava afundando quando o navio se aproximou.
Desesperados para serem resgatados, os ocupantes se deslocaram para um lado só
da embarcação, desestabilizando-a e fazendo-a virar. A temperatura da água no
Mediterrâneo é de 17 graus centígrados nesta época do ano, e aparentemente
muitos do passageiros não sabiam nadar.
Até
a noite deste domingo (19/04), apenas 28 pessoas tinham sido salvas e 24
corpos, resgatados. Se confirmadas as mortes, o acidente eleva para mais de
1.600 o número das vítimas da travessia marítima entre a África e a Europa,
somente este ano.
Na
sexta-feira, o Acnur havia divulgado que o número de imigrantes mortos ou
desaparecidos dessa forma em 2015 já
chegava a 950.
AV/rtr/afp/ap/dpa
– Deutsche Welle
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