domingo, 5 de julho de 2015

BRASIL: BRANCO E PRETO? NÃO, SÓ O RETRATO DA SUPREMACIA BRANCA



Afropress, com informações da Folha de S. Paulo

S. Paulo – Vinte e sete anos após a entrada em vigor da Constituição de 1.988 – a Constituição Cidadã – e depois de 13 anos de Governos de um Partido que se proclama de esquerda – o PT – o Brasil de 2015 combina desigualdade social, que deverá se agravar com o ajuste fiscal, segundo os analistas, e supremacia branca: embora correspondam a apenas 47,7% da população, os brancos constituem 82% das elites profissionais, de acordo com Levantamento feito pelo Jornal Folha de S. Paulo e publicado na edição desta segunda-feira (08/06).

Nas categorias adotadas pelo jornal como elites, estão acadêmicos, atores, deputados, governadores, médicos, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), músicos eruditos, presidentes de empresas e senadores. O jornal ouviu 1.138 profissionais em postos de destaque na política, saúde, artes, Judiciário, universidade e política.

Segundo o Censo do IBGE 2010, que classifica a população como preta, parda, branca, amarela e indígena, os negros - a soma de pretos e pardos - correspondem a 50,7% (43,1% pardos e 7,6% pretos) - cerca de 102 milhões de brasileiros. Representam, porém, apenas 18% das elites profissionais.

De acordo com o Levantamento do Jornal, a mais recente radiografia da desigualdade sóciorracial do país, os indígenas que, à época do descobrimento, em 1.500, representavam cerca de 6 milhões de habitantes, divididoss em, pelo menos, mil nações distintas, não compõem hoje nenhum segmento das elites brasleiras.

Sub-representação política

A sub-representação negra acontece em todos os segmentos pesquisados e se mantém inalterada até mesmo nos cargos que são escolhidos em eleições: entre os 81 senadores, por exemplo, os brancos correspondem a 75,3% da composição do Senado. Os pardos e pretos são apenas 19,8% e 4,9%, respectivamente. (Na foto abaixo, o senador Paulo Paim).

A supremacia branca é acentuada também na Câmara Federal: entre os 513 deputados eleitos em 2014, 79,9% são brancos; os negros são 15,8% (pardos) e 4,3% (pretos).

Percentuais parecidos foram registrados entre os governadores: 74,1% são brancos; 22,2% se autodeclaram pardos; e 3,7% são amarelos. Não há pretos.

O dado curioso nessa categoria é que o governador do Piauí, Wellington Dias, do PT, de traço visivelmente negro/ameríndio se autodeclara de cor amarela.

Mundo das empresas

Entre os representantes das 20 maiores empresas do Brasil (entre as quais a Petrobrás, Carrefour, Fiat, Walmart, Wolkswagen, Oi, Ambev e os grupos Gerdau e Braskem) de acordo com o ranking Valor 1000 2014, 95% se autodeclaram brancos, contra apenas 5% de pardos. Não há negros.

Nos Tribunais

Nos Tribunais a presença branca é acachapante: no STJ chega a 86,2% contra apenas 10,3% de pardos e 3,4% de pretos. Na mais alta corte de Justiça, o Supremo Tribunal Federal, 100% dos 11 ministros são brancos e assim se declaram. (Na foto ao lado, a professora Eunice Prudente, que chegou a ocupar por um breve período, a Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania de S. Paulo).

Também entre os médicos que presidem Conselhos Regionais de Medicina dos Estados (CRM), nos Estados da Federação e no Distrito Federal não há pretos: 75% são brancos; 21,4% são pardos, e 3,6% são amarelos.

Novelas e Academia

Nas artes, 84,6% dos atores das cinco novelas inéditas em exibição na rede aberta, são brancos: apenas 6,9% são pretos, 8,1% são pardos; e 0,4% amarelos. (Na foto da capa, o ator Ailton Graça).

Na categoria músicos eruditos da Orquestra Sinfônica de S. Paulo, 79,2% são brancos; 12,5% pardos, 5% pretos, 0,8% indígenas, e 2,5% amarelos. S. Paulo tem uma população negra (preta e parda) de 34,6%, de acordo com a Fundação Seade.(Na foto ao lado, a cantora lírica, Érika Muniz).

No mundo acadêmico, entre os reitores e vice-reitores das 25 universidades melhor avaliadas no Ranking Universitário Folha, 89,8% são brancos; 8,2% são pardos e 2% são pretos.

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