A
herança mais importante da Segunda Guerra Mundial para o Japão é o fato de o
país nunca se ter tornado verdadeiramente independente, escreve o jornalista
holandês Karel Van Wolferen na publicação The Japan Times.
Segundo
o jornalista, especialista em política, “Tóquio não é livre na tomada de
decisões benéficas para o país e para a região”.
“No
início do período pós-guerra, os primeiro-ministros Yoshida Shigeru e Kishi
Nobusuke decidiram que a subserviência japonesa, junto com o Tratado de
Segurança Japão-EUA, era algo provisório, para respeitar apenas até que o país
recuperasse a força.”
Segundo o especialista, os atuais políticos japoneses já não podem imaginar o que é uma política externa independente e mesmo as suas tentativas isoladas de conduzi-la estão destinadas ao fracasso.
Para
ilustrar a sua opinião, Wolferen recorda a tentativa do líder do Partido
Democrático japonês, Yukio Hatoyama, de estabelecer relações de vizinhança com
a China, que resultou na reação imediata e muito negativa de Washington.
“Hatoyama
queria reforçar a cooperação regional com o grupo ASEAN+3 que incluiu a China,
Coreia do Sul e Japão. Mesmo antes as eleições que conduziram o Partido
Democrático (dos EUA – ed.) ao poder, a secretária do Estado Hillary Clinton
deixou claro que fosse qual fosse o partido vencedor, os planos sobre a nova
base naval de Okinawa não seriam mudados.”
O
autor do artigo opina que, deste modo, os Estados Unidos mostraram que são
contra o novo curso político de reformas do novo governo japonês.
Enquanto
isso, segundo ele, os militares norte-americanos ficam em Okinawa não para
proteger o Japão, mas como a força de combate pronta a ser enviada para o
Oriente Médio ou Ásia Central.
O especialista holandês também nota que os EUA raramente prestam atenção mesmo aos políticos japoneses fiéis aos interesses de Washington. Ele argumenta este fato pela página interessante na história – quando Shinzo Abe recebeu a pasta de premiê, em vez de visitar a Rússia e resolver as questões de ilhas Curilas e Senkaku, decidiu seguir a tradição e visitar a Casa Branca primeiramente.
"No
entanto, Washington, agindo em seu estilo, mandou Abe ficar na fila e esperar
vários meses para ser recebido – devido ao calendário muito apertado do
presidente Obama", escreveu Wolferen.
Segundo
ele, por um lado, Washington considera o Japão como uma ferramenta na luta pelo
domínio da parte ocidental do Pacífico. E por outro — os Estados Unidos
querem agir como um inspetor de polícia e garantir que a política no Japão não
volta aos anos militaristas de 1930.
O
autor do artigo opina que, no futuro próximo, o Japão
pode perder um chance tendo em conta as mudanças sérias na
infraestrutura da Eurásia, tais como a construção de ferrovias de alta
velocidade através da Sibéria, ligando as cidades portuárias da China com
portos na Europa.
Sputnik – foto: © AFP 2015
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