sábado, 15 de agosto de 2015

MEDO. TIMOR-LESTE É A COUTADA DO “TODO-PODEROSO” XANANA GUSMÃO




Timor-Leste. Deixam para mim este país que escolhi como Pátria II Saudosa e Amada. Um português que nunca mais consegue na vida largar a pele adquirida com agrado em Timor-Leste de certeza que bebeu muita água de coco, mas não só. Não vai ser fácil abordar Timor-Leste nos mais recentes acontecimentos. É que aconteceu muita coisa enquanto andámos em período de veraneio e o PG esmoreceu. Preparem-se para prosa longa.

Pelo que se percebe em notícias em tétum (a língua oficial do país) a sociedade civil timorense quer ver Xanana Gusmão investigado e encostado à barra do tribunal. Julgado. É evidente para a maioria dos timorenses que ele está envolvido em alguns (ou muitos) crimes. Não foi por acaso que ele expulsou os juízes estrangeiros, principalmente os portugueses. Mas isso são águas passadas que só vieram provar que Xanana é um bom toureiro na arena da vida que ele próprio construiu para si próprio. Nem o touro com os cornos da justiça tem conseguido colhê-lo, nem de raspão. Ele finta até os cornos do Diabo. Contorcionista, além de toureiro, prestidigitador, equilibrista, voador de trapézio e mestre das piruetas, eis o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana. O ex-guerrilheiro, o chamado “pai da Nação”. Um pai mau-padrasto que em mais de uma dezena de anos não afastou a miséria do povo timorense daquelas paragens, nem a fome, mas conseguiu selecionar uma elite que lhe vai ao beija-mão. Quem se lhe opuser corre o sério risco de ser assassinado. Foi o que já aconteceu a alguns, mesmo em tempos da guerrilha (depoimentos) pela libertação, e, como é apontado, continua a acontecer. Há dias atrás foi a vez do líder do Conselho da Revolução Maubere, Mauk Moruk, ex-guerrilheiro, como Xanana, aliás, Alexandre Gusmão.

Numa publicação timorense, Tempo Timor, onde predomina o tétum, um recente artigo de opinião de José Câncio da Costa Gomes, um timorense e estudante de pós graduação no estrangeiro, o perfil do primeiro-ministro-sombra de Timor-Leste, Xanana, pode ser interpretado como um qualquer mafioso dos tempos de Al Capone, mas da modernidade e com um staff de apoio que se apoderou dos poderes a seu bel-prazer numa espécie de “ditadura-democrática”, agora em voga – como se tal fosse possível de conciliar.

Diz José Câncio no título “A operação conjunta entre PNTL-FDTL e a morte de Mauk Moruk”, logo na abertura:

“Neste artigo simples eu queria manifestar a minha preocupação como um timorense. É uma expressão de tristeza e de dor dirigida aos dirigentes do meu País que ainda não deixaram a mentalidade guerrilheira. Admito que o conteúdo deste artigo não agrada muito a alguns, mas considerando que TL é um país democrático, cada cidadão tem a obrigação moral de denunciar o mal que acontece em Timor-Leste. Matar um adversário político em nome do interesse nacional nunca se pode justificar moralmente. Pior ainda: usam o poder que têm para mobilizar as instituições do Estado Timorense contrariando a Constituição da República. Com armas pesadas perseguiram um grupo sem armas e mataram-nos - é muito lamentável. Esta barbaridade não devia acontecer. Os governantes não podem apontar os dedos ao Mauk Maruk porque não os ouvia mas ao contrário eles que não queriam ouvi-lo nem às suas queixas sobre injustiça, má-governação, corrupção, nepotismo, dinheiro do Povo mal gasto em obras sem qualidade, abuso de poder, etc. Por isso, a sua exigência para dissolver o Parlamento Nacional é normal num país democrático. É consequência de um Parlamento onde não há oposição para travar o Governo. O que Mauk pretendia dizer é que este tipo de Parlamento já não tem credibilidade de representar o Povo para controlar o Governo. Foi nesta linha que ele exigia para dissolver o Parlamento. Acho que Mauk era o verdadeiro opositor ao Governo, mas acabou por ser preso sem julgamento. A perseguição política contra ele continuou depois de ter sido liberto da prisão, culminando com a sua morte muito sádica. É muito injusto tratar um cidadão desta maneira, tão violenta e cruel.”

Então, em Timor-Leste não existe oposição no Parlamento? Pois não. Aquilo é uma imensa e única maioria. Uma espécie de Parlamento de Salvação Nacional, que apoia um Governo de Salvação Nacional. Algo ao estilo do colonialismo Português em tempos, onde predominava o Partido Único que fingia de vez em quando questionar o governo de Salazar só para fazer de conta que estava ativamente atente e em defesa dos interesses do país e do povo. Ou então, por Salvação Nacional, um esgar do regime de Pinochet mas com eleições quando consideram mais conveniente e não quando a democracia exige. Recorde-se a dança de cadeiras de há menos de um ano em que Xanana se demite de primeiro-ministro e entrega a missão e o cargo a um militante da suposta oposição, a Fretilin. Rui Araújo, o atual e oficial dito primeiro-ministro decide e parece que governa mas… É que Xanana ficou a integrar o governo e apesar de dizerem que não é ele o primeiro-ministro.

Rui Araújo é um indivíduo sem mácula que se está a submeter a uma provação medonha. Não podemos acreditar que ele acredite que governa em pleno este governo saído das piruetas de Xanana com o apoio de Taur Matan Ruak, o presidente da República, e de Mari Alkatiri, dirigente máximo da Fretilin. Este foi o resultado de um casamento que levou o Parlamento à paralisia e ao compadrio, quando não á cumplicidade que prejudica a democracia e os reais interesses de Timor-Leste. Consequentemente dos timorenses.

Falando português: o presidente Taur Matan Ruak e Alkatiri são nefastos cúmplices da estratégia de Xanana Gusmão porque não mudaram a merda nem as moscas ao regime apodrecido do “pai da Nação”. Por isso não recorreram a eleições - como democraticamente deviam ter feito após a demissão de Xanana com a ladainha de que não tinha habilitações para ser primeiro-ministro. E só ao fim de uma década ou mais é que ele se apercebeu das suas limitações… Coitadinho.

Regressando ao artigo de opinião no Tempo Timor: “Os governantes, os deputados e o Presidente da República de Timor-Leste deviam ouvir a prudente opinião do deputado Manuel Tilman que questionava a constitucionalidade da resolução do Parlamento Nacional para formar a operação conjunta entre F-FDTL e PNTL. Esta resolução foi imposta pelo Governo liderado pelo Xanana Gusmão, o homem todo-poderoso em Timor-Leste. É consequência por não ter oposição no Parlamento Nacional, o papel da oposição já não funciona. Esta operação revela duas coisas muito sérias: Inconstitucionalidade e Injustiça. Senhor Manuel Tilmam teve razão que em Timor-Leste não há guerra para chamar as Forças Armadas envolver na operação contra o grupo ilegal liderado pelo Paulino Gama, aliás Mauk Moruk. Isto é o trabalho de Policias, não é de Forças Armadas. Ninguém pode tomar uma decisão desta natureza contrariando à Lei Fundamental da Nação. Tudo parece uma propaganda do Governo com cumplicidade do Parlamento Nacional e do Presidente da República para abater um adversário político. Este cenário político é um crime contra os direitos fundamentais de cada cidadão, contra a democracia.”

E prossegue  José Câncio da Costa Gomes: “Na minha ótica, a morte de Mauk Moruk é uma ajuste de contas entre ele e o senhor Xanana, problemas pessoais vindos do passado. Há sempre muitos espaços para diálogo. Ninguém pode usar o seu poder mágico, carismático, para justificar os seus atos criminosos mesmo que os fizesse em nome do interesse nacional. Cada cidadão não deve ter medo de denunciar os crimes desta natureza. A sociedade civil tem responsabilidade moral para denunciar o crime dos seus governantes quando os deputados já não falam em nome do Povo. É absolutamente inadmissível que o Governo tenha imposto a sua vontade sobre o Parlamento Nacional, Tribunal e ainda por cima a Presidência da República. A resolução do Parlamento Nacional para formar a operação conjunta entre F-FDTL e PNTL foi claramente imposta pelo Primeiro-Ministro então “Xanana Gusmão”. As suas intervenções tanto no Parlamento como nos tribunais manifestam claramente um ato anti-democrático. Estas dão-nos impressão de um regime ditatorial que faz tudo em nome do interesse nacional com outro motivo para calar os seus adversários políticos. Mauk Moruk era muito vocal contra a má governação do Governo de Xanana, corrupção, nepotismo, abuso de poder, e ainda por cima denunciava os segredos do passado. Há evidências, mesmo que sem provas, o Alfredo Reinado foi assassinado por ter revelado o segredo da figura mágica ao público, através de um canal televisivo da Indonésia. Agora Mauk foi liquidado por ter denunciado o segredo deste senhor. Ambos foram vítimas do interesse nacional, um cenário criado pela mesma pessoa. Eu conhecia também o cenário político de alto nível deste senhor todo-poderoso, mas não quero revelar por razão de segurança daqueles que me revelaram. Portanto, a guerra ainda não acabou na cabeça deste senhor. Neste contexto, eu entendo perfeitamente a posição do Senhor Presidente da República e Senhor Comandante das Forças Armadas perante este senhor todo-poderoso.”

Esta prosa já vai muito longa. Reverto a intenção de reproduzir aqui ainda mais a opinião de um timorense esclarecido e sentido. Convido para que leiam no original, no Tempo Timor, o autor deste grito lancinante da reprovação e indignação causada pelo processo Mauk Moruk e respetivo assassinato de Estado. Aquele Estado, de Xanana e seus apaniguados e cúmplices.  

Que Mauk Moruk descanse em Paz. Que aqueles que contribuíram para o seu assassinato sejam presentes a uma justiça sem medo daquele que no artigo de opinião é considerado o “todo-poderoso” e a quem é apontado o dedo pelos timorenses e por alguns estrangeiros que se interessam pela luta de liberdade e democracia de facto dos timorenses.

Sabemos que o medo pode ser contagiante. Quem não tem medo de Xanana Gusmão?

De seguida outros temas em notícias recentes da Lusa em Sapo Timor-Leste. Que mereciam ser comentadas, principalmente pelo positivismo e objetividade que contêm. Sim, porque nem tudo é medo, caos e desgraça em Timor-Leste. Felizmente. Repare-se no primeiro título da notícia que se segue. Taur Matan Ruak demonstra ter a consciência pesada acerca do assassinato de Mauk Moruk. Ele sabe bem que já o tentaram assassinar quando ocorreu o golpe de Estado. Por acaso (?) não estava em casa. Foi morto um seu colaborador.

António Veríssimo

Presidente timorense "pede perdão" pelas circunstâncias da morte de Mauk Moruk

Díli, 14 ago (Lusa) - O Presidente da República timorense, Taur Matan Ruak, pediu "perdão" em nome do Estado, pelas circunstâncias que resultaram na morte do ex-guerrilheiro, Mauk Moruk, numa troca de tiros com as forças de segurança timorenses no sábado.

"Como pai da nação, o Presidente quer pedir perdão aos cidadãos e, em particular, às famílias que perderam ou que viram os seus entes queridos feridos. Como pai da nação, também o Presidente carrega o peso deste desfecho", disse o chefe de Estado, segundo um comunicado divulgado hoje pelo seu gabinete.

O comunicado explica que as declarações de Taur Matan Ruak foram proferidas no início desta semana durante uma visita à região de Matata e Ermera, a sul de Díli, tendo o chefe de Estado adiantado "que tentou impedir um derramamento de sangue e que também ele carrega o peso do sucedido".

A Presidência explica que além de Mauk Moruk morreram em confrontos com as forças de segurança timorenses três outros elementos do Conselho da Revolução Maubere (CRM) - liderado por Mauk Moruk - e dois civis, tendo ficado feridos nove efetivos das forças de defesa (F-FDLT) e da polícia nacional (PNTL).

No diálogo com a população do suco de Matata, posto administrativo de Railaco, Taur Matan Ruak apelou "ao reforço da paz e das relações de amizade entre os cidadãos, à humildade, ao respeito mútuo e à confiança, realçando que episódios de conflito como o de Mauk Moruk não se podem repetir".

"Pedimos a Deus que este tenha sido o último conflito. Não pode haver mais discórdia, não podemos continuar a lutar uns contra os outros", disse.

"O Chefe de Estado acrescentou ainda que o sangue derramado por Mauk Moruk e os seus apoiantes os absolveu de todos os pecados e pediu a Deus que os acolhesse de braços abertos para que possam velar pelos timorenses na Terra", disse.

ASP // FV

Desaceleração da economia de Timor-Leste era inevitável - Mari Alkatiri

Díli, 14 ago (Lusa) - A desaceleração que se sente na economia timorense desde o início do ano era "inevitável", depois do descontrolo de anos anteriores, e pode marcar nova fase de desenvolvimento sustentado, disse à Lusa o ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri.

"A desaceleração era inevitável porque houve uma aceleração descontrolada. No período a partir de 2007 até 2011 e 2012 houve uma aceleração fora do vulgar e desadequada à economia timorense. Esta desaceleração era esperada", disse.

O atual presidente da Autoridade da Região Administrativa de Oecusse e responsável da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse e Ataúro falava numa altura em que alguns indicadores apontam para uma desaceleração económica.

Quedas nas importações, face ao ano passado, e nas receitas do Estado são alguns dos sinais dessa desaceleração que se vê, diariamente, com a menor presença de navios no Porto de Díli, principal porta de entrada de produtos em Timor-Leste.

Mari Alkatiri admite que a desaceleração pode estar a ser impulsionada por outros fatores, que não apenas uma correção da economia, nomeadamente o facto do "próprio Estado não estar a responder aos compromissos que tem com agentes económicos e particularmente timorenses".

Estes empresários, que recentemente se queixaram à Lusa de atrasos significativos nos pagamentos do Estado, "não têm capacidade financeira para resistir a tantas demoras", sublinha Mari Alkatiri.

Porém, explica, ainda que isso baixe a produtividade e o crescimento económico, também acaba por ter um efeito positivo na inflação.

"A economia timorense já estava muito inflacionada, com um crescimento económico a dois dígitos mas na base do consumo, da importação. Era insustentável", afirmou.

"Esta passagem por esta desaceleração, se for bem gerida, é o que vai uma nova política mais coerente mais consistente de desenvolvimento sustentado. Desde que não se atrofie os empresários", considerou.

ASP // EL

Timor-Leste pode ser entreposto para empresas portuguesas na Ásia - Alkatiri

Díli, 14 ago (Lusa) - Timor-Leste pode ser um entreposto, um "transatlântico imóvel", para as empresas portuguesas e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) usarem como plataforma para a Ásia, capitalizando assim nas amplas oportunidades desta região, disse hoje Mari Alkatiri.

O atual responsável da Autoridade da Região Administrativa e da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse falava à Lusa na véspera dos 500 anos da chegada a Lifau, no enclave de Oecusse, dos primeiros navegadores portugueses.

"Há 500 anos o que aconteceu foi o início de uma interação cultural. A chegada dos portugueses. Com os navegadores portugueses vieram os missionários portugueses e isso, com a interação cultural, gerou uma nova identidade aqui em Timor-Leste, para o povo de Timor-Leste que se tornou diferente do resto aqui à volta", disse na entrevista.

"Mesmo se dissermos e assumirmos como verdadeira a afirmação de que mesmo a parte indonésia oriental de Timor é maioritariamente católica, a evangelização portuguesa marcou a diferença se compararmos com a outra evangelização", disse.

Um momento marcado sábado mas que será mais amplamente recordado nas comemorações previstas para novembro no enclave de Oecusse, onde primeiro chegaram os navegadores portugueses.

Questionado pela Lusa sobre se Timor-Leste começa ou não a ser destino para as empresas portuguesas, Mari Alkatiri disse que "as coisas começam a melhorar", depois de muitos anos verem o país como um território demasiado distante.

"Portugal virou-se demais para o norte, esqueceu um pouco o sul, quando a sua vocação era virar-se para o sul. Quis-se virar para o norte, ser mais europeu que qualquer outro europeu e passa pela crise que está a passar, também por isso", explica.

"Quanto tentou virar para o sul, fê-lo já tardiamente e neste momento, num período de crise, os países africanos são realmente os países que ainda podem albergar muitas empresas portuguesas", disse.

Timor-Leste também o poderá fazer, mas noutro contexto, "não como país em si só, mas como uma plataforma para a região", uma mudança de estratégia que considera já se conseguiu fazer.

"Portugal e outros países da CPLP sabem que a zona do mundo que está a experimentar grande crescimento económico e vai ser o centro da economia mundial é aqui esta zona", disse.

"Naturalmente que tendo um entreposto imóvel, o transatlântico imóvel como Timor-Leste, para esta economia regional da Ásia e o Pacifico, acho que Portugal e os países da CPLP, deveriam saber aproveitar melhor isto", disse.

Mari Alkatiri adiantou que do lado timorense tem que haver "capacidade para fazer propostas claras".

"Porque dizer só que Timor pode fazer isso e não aparecer com propostas claras e convincentes, também é muito difícil", disse.

No caso concreto de Timor-Leste, Mari Alkatiri explicou que, por exemplo, são já empresas portuguesas que estão a fazer toda a verificação dos grandes projetos que estão a ser executados em Oecusse, incluindo estradas, aeroporto e uma nova ponte.

Acaba igualmente de ser fechado um acordo com uma empresa portuguesa para a construção no enclave de uma clínica que será a base do futuro hospital de Oecusse.

ASP // EL
  
Rejeição da declaração de independência de 1975 beneficiou causa timorense - Alkatiri

Díli, 14 ago (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin admitiu hoje que a recusa de Portugal em reconhecer a declaração unilateral de independência de Timor-Leste feita pelo seu partido em 1975 acabou por ser positiva para o processo de independência.

"Se Portugal tivesse reconhecido a independência proclamada naquele período, se calhar teria tido menos possibilidade de aparecer como negociador junto das Nações Unidas, como potência administrante", disse Mari Alkatiri, em entrevista à Lusa.

"Não havendo esse elemento de potência administrante a nossa luta teria sido vitoriosa também, estou convencido disso, mas teria tido outro caminho", afirmou o líder da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), segundo partido timorense.

Após a guerra civil de alguns meses, entre a Fretilin e a União Democrática Timorense (UDT), a 28 de novembro de 1975 - dois dias depois de completar 26 anos -, Mari Alkatiri integrou o grupo de dirigentes do seu partido que declaram unilateralmente a independência de Timor-Leste.

Portugal, as Nações Unidas e a generalidade da comunidade internacional não reconheceram a declaração de independência feita pela Fretilin e o processo de descolonização foi interrompido dias depois, na sequência da invasão do território pela Indonésia, a 07 de dezembro.

"Apesar de Portugal naquele período todo pós 25 de abril não ter conseguido assumir as suas responsabilidades, soube manter a sua coerência em considerar-se como potência administrante legal em Timor até ao referendo (de 1999)", explica Mari Alkatiri.

"Isso criou condições para podermos ter tido a saída que tivemos, que significou claramente a reposição da legalidade internacional em Timor-Leste", sublinha na entrevista que coincide com o 500.º aniversário, assinalado sábado, da chegada a Timor-Leste dos primeiros missionários e navegadores portugueses.

Junto das Nações Unidas Portugal continuou a ser reconhecido como potência administrante de um "território não autogovernado".

Isso permitiu a Portugal ser o principal farol diplomático em defesa da autodeterminação timorense, levando em 1999 à negociação com a Indonésia, sob os auspícios do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, do acordo, assinado a 05 de maio, que permitiu o referendo de 30 de agosto desse ano.

Os timorenses votaram amplamente a favor da independência que acabou por ser reconhecida formalmente pela comunidade internacional a 20 de maio de 2002, data que para Timor-Leste continua a ser a da "restauração da independência". Mari Alkatiri tornou-se o primeiro primeiro-ministro do país.

Desde aí, sublinha Mari Alkatiri, apesar de "alguns percalços aqui e acolá" as relações entre Timor-Leste e Portugal "têm sido boas" não havendo razões para serem o contrário.

"Assim como não se devia confundir o regime colonial português com o povo português, com Portugal, também não se deve confundir essa relação entre os dois povos, com poderes políticos que foram passando", disse.

"Há um consenso nacional, de cada partido politico e instituição séria em Portugal olhar para Timor como um país irmão. Mas quem governa um país tem que saber naquele momento certo da sua governação, qual o interesse desse país", afirmou.

ASP // EL

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