Jorge
Heitor* – O Máximo
O
sentimento optimista em Maio de 2011 divulgado pelo boletim Africa Monitor
decorria da ideia generalizada de que o principal objectivo da missão, promover
a reforma das FA guineenses, seria "meritório". Factores considerados
então numa análise feita sobre o assunto: - É do interesse geral uma
estabilização política duradoura da GB (ainda considerada exposta a riscos
devido ao protelamento da reforma das FA). - Considera-se que a missão angolana
dispõe de condições para vir a desempenhar um papel determinante na referida
estabilização. De acordo com a referida análise, o interesse com que Angola
encara uma estabilização da GB, de preferência através de uma participação
activa no processo, também é devido a razões de interesse próprio, entre as
quais a criação de um clima propício à implementação de projectos económicos,
como o porto de Buba e bauxites do Boé. Um balanço positivo da Missang é
igualmente visto pelos dirigentes angolanos como um factor capaz de conferir
prestígio externo ao país e gerar influências – estas sobretudo no plano
regional. Uma tal cenário atenderia a antigas lógicas da política angolana;
serviria para fazer esbater o revés da Costa do Marfim. O principal objectivo
da missão, conforme "regras de empenhamento" respectivas, é o de
garantir, nas suas diferentes fases, uma "boa execução" do plano de
reforma do sector de Defesa e Segurança da GB, cuja parte mais melindrosa é a
desmobilização e passagem à reforma de parte considerável do efectivo das FA. O
plano, delineado por uma missão militar e policial da União Europeia, e já
aprovado, nunca chegou a ser posto em marcha por razões entre as quais avultam
as seguintes: - Resistências e/ou falta de colaboração dos militares, em
especial chefes, comandantes e oficiais em geral, que a si próprios se
consideram "alvo" do plano; reticências políticas e outras, internas,
no tocante modelo de forças estipulado. -------- Portanto, no país onde foram
mortos Nino Vieira, Tagme Na Wae, Ansumane Mané, Veríssimo Correia Seabra,
Helder Proença, Baciro Dabó e tantos outros, durante esta última década e meia,
nenhum plano de normalização da vida pública foi ainda levado à prática. Tudo
continua no mesmo marasmo de 1996 ou 1997. (Reprodução de um escrito de 31 de
Dezembro de 2011, para que se veja como o tempo passa e a crise continua, nas
suas diferentes vertentes)
*Jornalista
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