sábado, 8 de agosto de 2015

Guiné-Bissau. Presidência considera "calunioso" discurso do primeiro-ministro




A Presidência da República da Guiné-Bissau classifica como "calunioso e ofensivo" o teor da declaração do primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, em que este acusou o Presidente, José Mário Vaz, de pretender derrubar o Governo.

“O teor da referida comunicação, descortês, calunioso e ofensivo para o Chefe de Estado, mais do que demonstrar a existência de uma grave crise política, vem agravar ainda mais o já por si frágil clima de relacionamento entre os dois órgãos de soberania", refere um comunicado da Presidência divulgado na última noite.

O comunicado lamenta que "tenham surgido vozes" a "criar ruído e perturbar ainda mais este processo de extrema delicadeza" e acusa o presidente da Assembleia Nacional Popular (o Parlamento da Guiné-Bissau) de ser "irresponsável pelas suas palavras".

O desentendimento saltou para a ribalta na quarta-feira, quando o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, anunciou que "o Governo está em perigo", depois de se ter reunido com o Presidente, José Mário Vaz.

Na quinta-feira, numa declaração ao país, já foi o próprio primeiro-ministro a acusar José Mário Vaz de querer "provocar uma crise para justificar a decisão de destituição do Governo" sem razão plausível e garantiu que ia lutar para manter a estabilidade no país.

Fontes diplomáticas que se reuniram com Vaz disseram à Lusa que há uma possibilidade de o Presidente destituir o Executivo por dificuldades de relacionamento com o primeiro-ministro e por divergências quanto à gestão de fundos e ao elenco governativo, entre outras.

De acordo com o comunicado da Presidência, a decisão será anunciada no final de uma reunião do Conselho de Estado, órgão constitucional de consulta do Presidente.

O encontro começou na tarde de sexta-feira, mas foi interrompido pelas 19:00 (20:00 em Lisboa), quando o Presidente Vaz foi convidado a encontrar-se em Dacar com os presidentes Macky Sall do Senegal e Alpha Condé da Guiné-Conacri, numa tentativa de encontrar soluções, referiu fonte oficial.
Ainda não foi anunciado quando é que o chefe de Estado da Guiné-Bissau regressará ao país.

Ao longo da semana, Vaz realizou auscultações a partidos políticos, organizações da sociedade civil, bem como a outras figuras e entidades do país e exterior e de acordo com as declarações prestadas, ninguém concorda com a ideia de que haja uma crise que justifique a queda do Governo.

Nas ruas, a população destaca as melhorias verificadas no último ano, desde que o Governo eleito tomou posse, no abastecimento de eletricidade, água e pagamento de salários para defender a continuação do clima de estabilidade política.

Na quinta-feira, o Parlamento aprovou por unanimidade uma moção de confiança no Governo e realizou-se uma vigília que juntou 50 a 100 pessoas à porta do Palácio da Presidência que acenderam velas e gritaram palavras de ordem de apoio ao executivo de Domingos Simões Pereira.

Fruto da estabilidade garantida após as eleições de 2014 e dos planos apresentados pelas novas autoridades, a comunidade internacional anunciou em março um pacote de mil milhões de euros de intenções de apoio a projetos de desenvolvimento da Guiné-Bissau, durante uma mesa redonda de doadores, realizada em Bruxelas.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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