A
Presidência da República da Guiné-Bissau classifica como "calunioso e
ofensivo" o teor da declaração do primeiro-ministro, Domingos Simões
Pereira, em que este acusou o Presidente, José Mário Vaz, de pretender derrubar
o Governo.
“O
teor da referida comunicação, descortês, calunioso e ofensivo para o Chefe de
Estado, mais do que demonstrar a existência de uma grave crise política, vem
agravar ainda mais o já por si frágil clima de relacionamento entre os dois
órgãos de soberania", refere um comunicado da Presidência divulgado na
última noite.
O
comunicado lamenta que "tenham surgido vozes" a "criar ruído e
perturbar ainda mais este processo de extrema delicadeza" e acusa o
presidente da Assembleia Nacional Popular (o Parlamento da Guiné-Bissau) de ser
"irresponsável pelas suas palavras".
O
desentendimento saltou para a ribalta na quarta-feira, quando o presidente do
Parlamento, Cipriano Cassamá, anunciou que "o Governo está em
perigo", depois de se ter reunido com o Presidente, José Mário Vaz.
Na
quinta-feira, numa declaração ao país, já foi o próprio primeiro-ministro a
acusar José Mário Vaz de querer "provocar uma crise para justificar a
decisão de destituição do Governo" sem razão plausível e garantiu que ia
lutar para manter a estabilidade no país.
Fontes
diplomáticas que se reuniram com Vaz disseram à Lusa que há uma possibilidade
de o Presidente destituir o Executivo por dificuldades de relacionamento com o
primeiro-ministro e por divergências quanto à gestão de fundos e ao elenco
governativo, entre outras.
De
acordo com o comunicado da Presidência, a decisão será anunciada no final de
uma reunião do Conselho de Estado, órgão constitucional de consulta do
Presidente.
O
encontro começou na tarde de sexta-feira, mas foi interrompido pelas 19:00
(20:00 em Lisboa), quando o Presidente Vaz foi convidado a encontrar-se em
Dacar com os presidentes Macky Sall do Senegal e Alpha Condé da Guiné-Conacri,
numa tentativa de encontrar soluções, referiu fonte oficial.
Ainda
não foi anunciado quando é que o chefe de Estado da Guiné-Bissau regressará ao país.
Ao
longo da semana, Vaz realizou auscultações a partidos políticos, organizações
da sociedade civil, bem como a outras figuras e entidades do país e exterior e
de acordo com as declarações prestadas, ninguém concorda com a ideia de que
haja uma crise que justifique a queda do Governo.
Nas
ruas, a população destaca as melhorias verificadas no último ano, desde que o
Governo eleito tomou posse, no abastecimento de eletricidade, água e pagamento
de salários para defender a continuação do clima de estabilidade política.
Na
quinta-feira, o Parlamento aprovou por unanimidade uma moção de confiança no
Governo e realizou-se uma vigília que juntou 50 a 100 pessoas à porta do
Palácio da Presidência que acenderam velas e gritaram palavras de ordem de
apoio ao executivo de Domingos Simões Pereira.
Fruto
da estabilidade garantida após as eleições de 2014 e dos planos apresentados
pelas novas autoridades, a comunidade internacional anunciou em março um pacote
de mil milhões de euros de intenções de apoio a projetos de desenvolvimento da
Guiné-Bissau, durante uma mesa redonda de doadores, realizada em Bruxelas.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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