Dilma
declara que país iniciará transição para chegar a uma economia baseada em
energias limpas até 2100. Merkel e líder brasileira defendem renovação e maior
representatividade global no Conselho de Segurança da ONU.
A
presidente Dilma Rousseff declarou nesta quinta-feira (20/08), em coletiva de
imprensa sobre as Consultas de Alto Nível Brasil-Alemanha, que o Brasil
realizará uma descarbonização da economia até 2100. A proposta, anunciada pelo
G7 em junho, significa reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito
estufa, realizando uma transição para uma economia baseada em energias limpas.
"A
declaração conjunta que adotamos reflete o nosso compromisso com o êxito da
reunião da COP 21[Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas] em Paris, em dezembro. Se queremos
evitar que a temperatura aumente dois graus [Celsius], o nosso compromisso com
a descarbonização no horizonte de 2100 é algo muito importante para todo o
planeta", disse Dilma.
A
presidente também se comprometeu a zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até
2030. No mesmo prazo, o Brasil também pretende restaurar e recuperar 12 milhões
de hectares de floresta e neutralizar as emissões de carbono associadas ao
desmatamento na Amazônia. Tais metas já haviam sido anunciadas durante a visita
do presidente dos EUA, Barack Obama, em 2011.
A
chanceler federal alemã, Angela Merkel, elogiou as medidas. "Estou muito
satisfeita que temos uma agenda tão ambiciosa para a questão do clima".
Ela acrescentou que todos os países devem fazer "aquilo que é possível”
para limitar o aquecimento global. "O Brasil deu um enorme passo, e temos
um objetivo comum de descarbonização da economia até o fim do século. Isso deve
encorajar outros países a serem mais audaciosos", disse a chanceler
federal.
Merkel
destacou ainda sua atuação como ministra do meio ambiente e a importância da
participação do Brasil nas negociações sobre o meio ambiente, como "o país
com a maior biodiversidade do mundo". A chanceler federal também anunciou
a criação de um fundo de 500 milhões de euros para programas de eficiência
energética e ações contra o desmatamento no Brasil.
Merkel
e Dilma defendem reforma na ONU
No
encontro, ambos os chefes de governo também defenderam a reforma do Conselho de
Segurança das Nações Unidas. "Concordamos que a reforma é tarefa inadiável
e, no marco dos 70 anos da ONU, defendemos o quanto antes o início das
negociações efetivas para tornar o conselho mais representativo do mundo
multipolar no qual vivemos", disse Dilma, após as reuniões.
Ela
afirmou que o G4, que apoia a reforma, vai se reunir antes da Assembleia Geral
da ONU, em setembro, para debater o assunto.
Depois
da coletiva, a chanceler federal alemã reiterou o discurso de Dilma no brinde
em almoço no Palácio Itamaraty. "Estamos preparados para assumir mais
responsabilidades na reconfiguração do Conselho de Segurança", afirmou.
O
encontro governamental também debateu outros temas relacionados à ONU, como a
governança na Internet e a cooperação em missões de paz. "Conversamos
ainda sobre a evolução da governança na internet e a importância de se
assegurar o direito à privacidade na era digital. Alemanha e Brasil foram
pioneiros e bem-sucedidos ao trazerem o tema para o centro da agenda
internacional e ser responsáveis pela aprovação da resolução sobre essa matéria",
disse Dilma.
Na
quinta-feira de manhã, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, se reuniu com o
vice-ministro da Defesa alemã, Ralf Brauksiepe, e assinaram uma declaração
conjunta. O documento diz que os governos vão se esforçar para promover ações
conjuntas em operações de paz e de ajuda humanitária da ONU, em especial na
África. A declaração também indica uma cooperação nas áreas de segurança e
defesa cibernética.
Alemanha
quer segurança jurídica e tributária no Brasil
Além
disso, após uma série de reuniões distribuídas pela Esplanada dos Ministérios,
o vice-ministro das Finanças da Alemanha, Jens Spahn, afirmou que o país deseja
que mais empresas alemãs invistam no Brasil, mas que, por enquanto, a indústria
alemã necessita de mais segurança jurídica e informações sobre a legislação
tributária.
Dilma
também aproveitou o encontro com um dos principais líderes europeus para
comentar a renúncia apresentada pelo premiê grego, Alexis Tsipras. "A
renúncia faz parte não de uma crise, mas de uma solução — foi isso que a
chanceler [federal alemã] me disse", afirmou Dilma. "Faz parte de uma
solução. Ele vai recompor o governo dele e , por isso, renunciou."
Ao
longo da visita de Merkel a Brasília, o histórico resultado de 7 a 1 entre as
seleções na Copa do Mundo de 2014 foi lembrado pela presidente brasileira.
Dilma aproveitou para presentear a chanceler federal alemã com mascotes dos
Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, convidando Merkel a retornar ao Brasil em
2016.
Marina
Estarque, de Brasília (pv) – Deutsche Welle, ontem
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