Depois
de autorizar a marcha organizada por familiares dos 15 ativistas, o Governo de
Luanda recuou. Apesar da proibição, as mães prometem sair este sábado (08.08)
às ruas da capital angolana.
O
Governo Provincial de Luanda alega que o trajeto escolhido pelas mães e
familiares dos ativistas detidos põe em causa a segurança dos órgãos de
soberania. Isto porque o local previsto para o final da marcha é o Palácio da
Justiça, edifício que alberga a Procuradoria-Geral da República, o Tribunal
Constitucional e o Tribunal Supremo. Os manifestantes marchariam também próximo
da Assembleia Nacional e do Ministério da Defesa.
As
autoridades dizem estar a cumprir o estabelecido na Lei sobre o Direito de
Reunião e das Manifestações, que proíbe protestos em lugares públicos "a
menos de 100 metros das sedes dos órgãos de soberania, dos acampamentos e
instalações de forças militares e militarizadas, estabelecimentos prisionais e
sedes dos partidos políticos".
Processo
termina dentro de "poucos dias"
Apesar
da proibição, a mãe do ativista Mbanza Hamza garante que vai sair à rua,
acompanhada de outros familiares dos 15 detidos.
Esta
sexta-feira (07.08), Leonor João e outros familiares dos jovens reuniram-se no
Palácio da Justiça com o vice-procurador-geral da República, Helder Pitra Gros,
a convite da própria Procuradoria.
João
diz que, durante o encontro, houve a tentativa de persuadir os familiares a
cancelar a marcha com a promessa que o "processo vai terminar dentro de
uma semana".
Pitra
Gros confirmou, entretanto, aos jornalistas que o processo dos 15 detidos está
em fase final de investigação e deverá ficar concluído dentro de "poucos
dias".
Interrogatórios
Na
quinta-feira (06.08), Filomeno Vieira Lopes, do partido extraparlamentar Bloco
Democrático, foi interrogado no Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Os
inspetores tentaram saber se o político da oposição tinha conhecimento de um
suposto "Governo de Salvação Nacional", que estava alegadamente a ser
orquestrado pelo Movimento Revolucionário e que incluiria o seu nome para
assumir a pasta de Ministro dos Petróleos.
Vieira
Lopes diz ter respondido que nunca houve contactos nesse sentido.
Para
o político, a inclusão do seu nome neste processo, assim como de outras figuras
da oposição, estará relacionada com uma vontade superior de "encontrar
políticos que pudessem estar por detrás dos revolucionários."
A
ativista Laurinda Gouveia, do Movimento Revolucionário, também foi interrogada
pelo Serviço de Investigação Criminal.
Gouveia
contou à DW África que as autoridades tentaram obter nomes das pessoas ou
instituições que têm apoiado financeiramente as ações dos ativistas,
perguntando-lhe inclusive "quem pagava o aluguer do sítio" onde os
jovens se encontravam.
Nelson
Sul D´Angola (Benguela) – Deutsche Wele
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