sábado, 8 de agosto de 2015

JUSTIÇA CHINESA SUSPEITA DE NEGÓCIOS COM PETROLÍFERA SINOPEC EM ANGOLA




A China tornou-se no principal investidor estatal em Angola nos últimos anos. Entre os negócios criticados pela sua opacidade, destacaram-se os protagonizados pelo China International Fund (CIF), do empresário Sam Pa. Agora, segundo a imprensa chinesa, estão sob investigação os negócios deste milionário com a petrolífera estatal Sinopec em Angola.

Na “mira” das autoridades chinesas, que têm em curso uma ofensiva anti-corrupção que já levou à detenção de políticos e empresários influentes, estão 10 mil milhões de dólares de negócios da petrolífera estatal Sinopec em Angola, segundo o site Caixin.

Fonte próxima da Sinopec afirmou ao site que a investigação do Gabinete Nacional de Auditoria chinês foi alargada ao elo entre os investimentos e o empresário Sam Pa. Em causa estão cinco blocos petrolíferos.

A SIEPC, braço da Sinopec para investimentos estrangeiros aplicou 10 mil milhões de dólares na compra de participações nos cinco blocos, entre 2008 e 2015. Segundo o site Caixin, nenhum dos blocos gerou ainda receitas para a petrolífera chinesa. Pelo contrário, as atividades de pesquisa custaram 1,6 mil milhões de dólares.

Três blocos comprados em 2008 tinham reservas estimadas em 2,6 mil milhões de barris. As últimas estimativas indicam que não deverão ter mais de 1,1 mil milhões. A SIEPC terá pago o dobro do que valiam três blocos detidos por Sam Pa.

Pa é parceiro da Sonangol desde 2004, através das joint-ventures China Sonangol International Holdings Limited (CSH) e China Sonangol International Ltd. (CSI). A CSI e uma filial da SIEPC formaram no mesmo ano a Sonangol Sinopec International (SSI).

 A Sinopec viria depois a conseguir a sua primeira participação num bloco em Angola, o produtivo 18, sujo sucesso levou a petrolífera chinesa a reforçar os seus investimentos. Pa terá movido influências junto do então CEO da Sonangol, Manuel Vicente, atual vice-presidente, para que a Royal Dutch Shell, vendesse a participação no bloco aos chineses.

Através da CSI, Pa acabou por entrar no negócio, com financiamento da própria Sinopec. Recebeu ainda comissões da petrolífera e terá beneficiado de despesas de cartão de crédito estimadas em 58 milhões de dólares de Hong Kong, segundo a mesma fonte.

Em 2009, a Sinopec contratou a CSI como consultora para a compra de mais 5 blocos petrolíferos. Desses, até hoje apenas 2 produziram resultados modestos. Os auditores estão agora a avaliar a sobrestimação de reservas e eventuais violação dos procedimentos de tomada de decisão até ao investimento.

O site Caixin, citando fonte ligada à família Pa, refere que o empresário é agora cidadão de Angola e do Reino Unido, usando diversas identidades. Também está ligado a investimentos chineses na Venezuela, Madagáscar e Zimbabué.

África Monitor

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