A
China tornou-se no principal investidor estatal em Angola nos últimos anos.
Entre os negócios criticados pela sua opacidade, destacaram-se os
protagonizados pelo China International Fund (CIF), do empresário Sam Pa.
Agora, segundo a imprensa chinesa, estão sob investigação os negócios deste
milionário com a petrolífera estatal Sinopec em Angola.
Na
“mira” das autoridades chinesas, que têm em curso uma ofensiva anti-corrupção
que já levou à detenção de políticos e empresários influentes, estão 10 mil milhões
de dólares de negócios da petrolífera estatal Sinopec em Angola, segundo o site
Caixin.
Fonte
próxima da Sinopec afirmou ao site que a investigação do Gabinete Nacional de
Auditoria chinês foi alargada ao elo entre os investimentos e o empresário Sam
Pa. Em causa estão cinco blocos petrolíferos.
A
SIEPC, braço da Sinopec para investimentos estrangeiros aplicou 10 mil milhões
de dólares na compra de participações nos cinco blocos, entre 2008 e 2015.
Segundo o site Caixin, nenhum dos blocos gerou ainda receitas para a
petrolífera chinesa. Pelo contrário, as atividades de pesquisa custaram 1,6 mil
milhões de dólares.
Três
blocos comprados em 2008 tinham reservas estimadas em 2,6 mil milhões de
barris. As últimas estimativas indicam que não deverão ter mais de 1,1 mil
milhões. A SIEPC terá pago o dobro do que valiam três blocos detidos por Sam Pa.
Pa
é parceiro da Sonangol desde 2004, através das joint-ventures China Sonangol
International Holdings Limited (CSH) e China Sonangol International Ltd. (CSI).
A CSI e uma filial da SIEPC formaram no mesmo ano a Sonangol Sinopec
International (SSI).
A Sinopec viria depois a conseguir a sua
primeira participação num bloco em Angola, o produtivo 18, sujo sucesso levou a
petrolífera chinesa a reforçar os seus investimentos. Pa terá movido
influências junto do então CEO da Sonangol, Manuel Vicente, atual vice-presidente,
para que a Royal Dutch Shell, vendesse a participação no bloco aos chineses.
Através
da CSI, Pa acabou por entrar no negócio, com financiamento da própria Sinopec.
Recebeu ainda comissões da petrolífera e terá beneficiado de despesas de cartão
de crédito estimadas em 58 milhões de dólares de Hong Kong, segundo a mesma
fonte.
Em
2009, a Sinopec contratou a CSI como consultora para a compra de mais 5 blocos
petrolíferos. Desses, até hoje apenas 2 produziram resultados modestos. Os
auditores estão agora a avaliar a sobrestimação de reservas e eventuais
violação dos procedimentos de tomada de decisão até ao investimento.
O
site Caixin, citando fonte ligada à família Pa, refere que o empresário é agora
cidadão de Angola e do Reino Unido, usando diversas identidades. Também está
ligado a investimentos chineses na Venezuela, Madagáscar e Zimbabué.
África
Monitor
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